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Petroquímica

- Publicada em 06 de Outubro de 2016 às 23:57

Cadeia do plástico quer desonerar exportações

Roriz sugere realização de parcerias entre empresas para reduzir gastos

Roriz sugere realização de parcerias entre empresas para reduzir gastos


MARCO QUINTANA/JC
Uma das maiores preocupações das empresas brasileiras ligadas ao setor do plástico é o desequilíbrio verificado hoje entre importações e exportações. No ano passado, as compras de plásticos transformados oriundos de outras nações foram na ordem de US$ 3,2 bilhões. No sentido inverso, as comercializações foram de US$ 1,2 bilhão no período. Uma ação que pode atenuar esse impacto é a desoneração das vendas externas de produtos acabados desse material, algo que está sendo discutido pelos representantes do segmento com o governo federal.
Uma das maiores preocupações das empresas brasileiras ligadas ao setor do plástico é o desequilíbrio verificado hoje entre importações e exportações. No ano passado, as compras de plásticos transformados oriundos de outras nações foram na ordem de US$ 3,2 bilhões. No sentido inverso, as comercializações foram de US$ 1,2 bilhão no período. Uma ação que pode atenuar esse impacto é a desoneração das vendas externas de produtos acabados desse material, algo que está sendo discutido pelos representantes do segmento com o governo federal.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), José Ricardo Roriz, defende que oportunidades no mercado internacional reduziriam o impacto da crise econômica na indústria do plástico nacional. O dirigente comenta que, no espaço de um ano, houve o fechamento de mais de 100 companhias do setor no País, o que ocasionou a demissão de cerca de 31 mil trabalhadores. Roriz acredita que dificilmente o equilíbrio da balança será alcançado em curto prazo, mas projeta que seja possível reverter esse quadro em cinco anos.
O Brasil exporta artigos plásticos, fundamentalmente, para destinos na América do Sul e importa de países europeus, Estados Unidos e China. O presidente da Abiplast acrescenta que ainda há muita desinformação quanto ao mercado internacional e o programa de regime especial de reintegração de valores tributários para empresas exportadoras (Reintegra) não atende às necessidades das companhias.
Sobre investimentos necessários para alcançar outros países, Roriz sugere a realização de parcerias entre as empresas para reduzir os gastos. Entre os produtos plásticos mais exportados a partir do Brasil estão laminados plásticos, tubos e conexões; e as importações são de itens de maior valor agregado, utilizados nas áreas de saúde e farmacêutica, por exemplo.
Roriz ressalta que o Brasil exporta, essencialmente, artigos primários e poucos manufaturados. "O plástico tem alternativas para aumentar a comercialização no mercado externo, não somente como produto final, mas também envolvido com outras cargas como é o caso das embalagens de alimentos", destaca. O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Edilson Deitos, é outro empreendedor que vê potencial nessa prática. O dirigente salienta que os gaúchos são os maiores produtores de arroz no Brasil, porém menos de 5% do grão exportado é enviado já embalado, sendo encaminhado a granel.
Um dos fatores que fazem com que os produtos estrangeiros tenham mais competitividade do que os similares brasileiros, detalha o presidente do Sinplast-RS, é o acesso a insumos mais baratos, como os Estados Unidos com a energia elétrica. Pelo menos nesse aspecto a indústria gaúcha teve boas notícias neste ano. As reduções nas tarifas das distribuidoras no Estado, determinadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), fizeram com que a RGE ficasse com uma conta de energia, para os clientes industriais, 3% abaixo da média nacional e a AES Sul apenas 1,5% acima. Já a CEEE-D, com a perspectiva de diminuição das tarifas já sinalizada pelo órgão regulador, em novembro deve ficar 7% aquém da média brasileira.
Deitos recorda que, há alguns anos, o custo da energia das concessionárias gaúchas era muito desigual e havia tarifas 20% mais caras do que a média nacional. Os presidentes do Sinplast-RS e da Abiplast participaram nessa quinta-feira do 2º Congresso Brasileiro do Plástico, promovido na Pucrs, em Porto Alegre.
 

Diversificação de uso do material e interação com outros setores podem melhorar cenário

Roriz sugere realização de parcerias entre empresas para reduzir gastos

Roriz sugere realização de parcerias entre empresas para reduzir gastos


MARCO QUINTANA/JC
Além de competir com os produtos estrangeiros, as empresas do segmento do plástico pretendem buscar novos usos para o material. As possibilidades são inúmeras, em áreas como construção civil, medicina, embalagens, entre outras.
Uma prova disso, aponta o CEO e fundador da companhia Impacto Protensão, Joaquim Caracas, é o Hotel Vale das Nuvens, localizado no Ceará e feito praticamente todo de plástico. Além disso, o empresário enfatiza que já conseguiu reduzir em 85% a utilização de madeira em obras, substituindo o material por plásticos. Outro fator que deve contribuir para o maior consumo de plástico é o seu emprego pelas impressoras 3D. O engenheiro de Tecnologia da Braskem Éverton Simões Van-Dal frisa que esses equipamentos estão diversificando cada vez mais as suas aplicações, possibilitando personalizar objetos, com custos reduzidos.
O crescimento da indústria da impressão 3D tem sido exponencial nos últimos anos e movimenta atualmente cerca de US$ 5,2 bilhões ao ano, sendo aproveitada por companhias como Nike, Adidas, Nokia e Mercedez-Benz. Segundo Van-Dal, a solução vem sendo muito utilizada em aplicações médicas, como na fabricação de próteses, ou de bens de consumo em geral, como joias e artigos de decoração. Além disso, é empregada na materialização de protótipos, para áreas como a automotiva ou a aeronáutica.
No momento, essa prática está focada em artigos de baixa tiragem e com alto valor agregado, contudo a tendência é que a tecnologia fique mais competitiva e ganhe escala. O custo do equipamento varia muito, podendo ir de R$ 2 mil a mais de R$ 2 milhões, dependendo da aplicação.
De acordo com o diretor executivo do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás), Zeca Martins, o segmento do plástico e a indústria, de um modo geral, precisam entender que a tecnologia está apresentando uma enorme evolução. "O setor tem que conversar mais com as companhias de eletroeletrônica, metalmecânica, de construção e outras", sustenta. Outra preocupação da cadeia do plástico é a vinculação da sua imagem como agente poluidor. O professor e livre docente no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) Alexander Turra informa que cerca de 80% do lixo que chega aos oceanos é procedente da terra firme e 20% do próprio mar. Os resíduos plásticos como garrafas, tampas de vasos sanitários, redes e até mesmo cotonetes constituem aproximadamente 90% de todos os rejeitos.
Uma particularidade dos plásticos é a capacidade de boiarem e, por isso, chamarem mais a atenção do que outros materiais que afundam, o que acaba fazendo também os plásticos concentrarem nos oceanos em zonas de acúmulos (chamadas erroneamente, conforme o professor, de ilhas de plástico). Para Turra, entre as medidas que podem ser tomadas para amenizar esse cenário está a intensificação da educação ambiental e o aprimoramento das práticas de logística reversa.