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- Publicada em 25 de Setembro de 2016 às 17:27

Sob pressão de alunos, Ufrgs adia votação sobre cotas

Alunos consideram proposta um retrocesso na política de ações afirmativas

Alunos consideram proposta um retrocesso na política de ações afirmativas


FREDY VIEIRA/JC
Isabella Sander
A pressão feita por centenas de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que ocupam o prédio da reitoria desde a tarde de quinta-feira, surtiu efeito. Os alunos protestam contra uma proposta de alteração na política de cotas da instituição, que seria votada na manhã da última sexta-feira pelo Conselho Universitário (Consun). Com a ocupação e os protestos, no entanto, os planos mudaram, e a universidade decidiu adiar a votação. O parecer será apreciado amanhã, às 8h30min.
A pressão feita por centenas de estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que ocupam o prédio da reitoria desde a tarde de quinta-feira, surtiu efeito. Os alunos protestam contra uma proposta de alteração na política de cotas da instituição, que seria votada na manhã da última sexta-feira pelo Conselho Universitário (Consun). Com a ocupação e os protestos, no entanto, os planos mudaram, e a universidade decidiu adiar a votação. O parecer será apreciado amanhã, às 8h30min.
O Parecer nº 239/2016 sugere a alteração da Decisão nº 268/2012, que implementa o Programa de Ações Afirmativas da Ufrgs. A proposta é que o cotista, quando se inscrever no vestibular, concorra exclusivamente às vagas reservadas. Atualmente, se o candidato egresso de escola pública atingir o coeficiente necessário, ele entra na graduação por acesso universal, e a vaga reservada vai para outro cotista com coeficiente menor. Esse foi o caso de 419 pessoas no vestibular de 2016.
Segundo a coordenadora-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da Ufrgs, Kassiele Nascimento, de 21 anos, a reitoria recebeu representantes do movimento "Balanta - Nenhum cotista a menos" e prometeu uma proposta para as reivindicações do grupo. "Queremos a retirada do parecer e a criação de uma comissão especial, da qual participemos, para discutir qualquer questão envolvendo cotas. Por enquanto, não tivemos acordo em relação a isso", relata.
Para a estudante de Psicologia da Ufrgs Andressa Amaral de Moraes, de 23 anos, a proposta envolve uma retirada de direitos. "A universidade propõe que o estudante concorra ou aos 50% da reserva de vagas ou aos 50% de acesso universal. Esse é um retrocesso, pois, por exemplo, neste ano, mais de 60% de alunos que entraram na instituição eram oriundos de escolas públicas", observa. Na opinião da universitária, a medida cria uma cota para estudantes de escolas particulares.
O aumento de pessoas de baixa renda na Ufrgs tem causado uma mudança no perfil do estudante. Entretanto, com a nova proposta, Andressa considera que se tornará ainda mais difícil que estudantes de escolas públicas de periferia entrem na universidade. "Os candidatos à reserva de vagas, atualmente, são os alunos de colégios militares e de escolas mais centrais de Porto Alegre, que têm um ensino voltado diretamente para o acesso ao vestibular. Ainda temos poucos moradores da periferia que entram na instituição", pontua.
A jovem considera que a Ufrgs tem priorizado o chamamento dos candidatos por acesso universal, e não os por cotas, que seria o previsto em lei. Isso configura, para a estudante de Psicologia, um movimento racista dentro da universidade. "A Ufrgs não se preparou para receber o aluno que vem da escola pública, o da periferia, o indígena e o negro. Quando há 60% de universitários egressos de escola pública, isso implica auxílio-estudantil. Aí, em um contexto no qual há um corte nacional de 40% do orçamento para as universidades federais, tu precisas optar pelo que consideras uma prioridade: se é dar auxílio ao estudante pobre ou reformar o banheiro do reitor, por exemplo", cita.
Em nota assinada pelo reitor Carlos Alexandre Netto, a Ufrgs defendeu que não há intenção da instituição em retroagir em sua política de ações afirmativas. "A reitoria desta universidade luta e é inflexível em relação a qualquer ato que possa representar recuo nos avanços já obtidos. A opção da Ufrgs é transparente e imutável: o sistema de cotas não é passível de retrocessos", garante.
Netto explica, ainda, que, desde a apresentação inicial do Parecer nº 239/2016, verificou-se, através do pedido de vistas de dois conselheiros, a necessidade de aprimoramento do texto. A emenda será apresentada na reunião de amanhã.
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