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Segurança

- Publicada em 08 de Setembro de 2016 às 22:41

Botão do pânico é 'uma piada', diz presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre

Cerca de 95% dos permissionários optaram por instalar o equipamento

Cerca de 95% dos permissionários optaram por instalar o equipamento


ANTONIO PAZ/JC
Anunciado no ano passado como um recurso valioso para aumentar a segurança dos taxistas nas ruas e avenidas de Porto Alegre, o botão do pânico está longe de ser uma unanimidade positiva. "Hoje em dia, o motorista que aciona o botão do pânico vira integrante de uma piada", dispara o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari. Segundo ele, o reflexo positivo do equipamento, que se propõe a avisar rapidamente a Brigada Militar (BM) em caso de sequestro ou roubo, é próximo de zero.
Anunciado no ano passado como um recurso valioso para aumentar a segurança dos taxistas nas ruas e avenidas de Porto Alegre, o botão do pânico está longe de ser uma unanimidade positiva. "Hoje em dia, o motorista que aciona o botão do pânico vira integrante de uma piada", dispara o presidente do Sindicato dos Taxistas de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari. Segundo ele, o reflexo positivo do equipamento, que se propõe a avisar rapidamente a Brigada Militar (BM) em caso de sequestro ou roubo, é próximo de zero.
O uso do dispositivo está regulamentado desde dezembro do ano passado, quando foi firmado convênio entre a Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC) e a Brigada. Pela parceria, a prefeitura ganha acesso ao Consultas Integradas, onde pode conferir os registros criminais referentes a permissionários e condutores de táxi. Em troca, a BM recebe os dados gerados pelo GPS dos veículos, o que inclui as chamadas de motoristas em perigo.
Atualmente, pedir ajuda com o botão do pânico não é um processo muito simples. Uma vez acionado, o equipamento manda um aviso para a EPTC. Antes de contatar a BM, contudo, o órgão da prefeitura faz uma ligação para o permissionário do veículo, como modo de confirmar que a ocorrência é real e não um engano ou acionamento acidental. Se o permissionário não está no veículo, ele terá que ligar para o condutor auxiliar e receber uma garantia de que o crime está em andamento antes de retornar para a EPTC. Só então será feita uma comunicação, acompanhada da localização do veículo, à BM.
Esse processo, descrito por Nozari como "uma brincadeira", é o que leva o Sintáxi a orientar os taxistas para que não usem o botão do pânico. "É absurdamente demorado, só causa transtorno. Hoje, o botão só é útil para recuperar veículos roubados. Fora isso, não serve para nada. A recomendação que fazemos é de entregar o dinheiro (ao assaltante)", diz o presidente do sindicato.
"Estamos na linha de frente, somos um dos poucos modais que ainda trabalham com dinheiro vivo. Somos um caixa eletrônico ambulante para os criminosos", reforça Nozari. "Não queremos acabar com o monitoramento, mas o botão não está disponível na prática. Que fique lá, à espera de um governo que o faça funcionar de verdade."
O botão do pânico é instalado em dois lugares: no porta-malas, para o caso de o motorista ser preso dentro dele por criminosos, e em outro local do veículo a critério do condutor. No momento, o recurso não é de uso obrigatório. De acordo com a EPTC, cerca de 5% dos permissionários optaram por não instalar o mecanismo em seus veículos.

Problema está no mau uso da ferramenta, acredita o diretor-presidente da EPTC

O diretor-presidente da EPTC, Vanderlei Cappellari, assegura que o botão do pânico funciona perfeitamente e que não há demora significativa no atendimento de ocorrências. O problema, garante, está no mau uso do recurso. De acordo com Cappellari, 90% das solicitações registradas a partir do botão não têm relação com ocorrências reais.
"Estamos fazendo um trabalho de conscientização para que o botão seja acionado apenas em casos de real necessidade. Muita gente aciona por acidente, ou em situações que não são de urgência. Isso atrapalha a consolidação de uma estrutura", argumenta. A verificação com os permissionários, diz o diretor, acaba sendo necessária para não sobrecarregar a linha direta entre a EPTC e o Centro Integrado de Operações de Segurança Pública da BM.
"Se nosso monitoramento revela a possibilidade de ser um caso grave, acionamos a Brigada para ação imediata, mesmo sem retorno do permissionário. Mas não podemos desperdiçar recursos públicos com solicitações sem gravidade", frisa Cappellari.
Mesmo com os problemas, a EPTC considera "bastante positivo" o resultado do botão do pânico. De acordo com a assessoria do órgão, mais de 30 ocorrências graves, relacionadas a sequestro ou furto de táxis, foram solucionadas a partir de chamadas feitas com o equipamento.