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Indústria

- Publicada em 13 de Setembro de 2016 às 17:53

Comil entra com pedido de recuperação judicial

Em reunião ontem, demitidos da empresa discutiram reintegração

Em reunião ontem, demitidos da empresa discutiram reintegração


SINDICATO DOS METALÚRGICOS DE ERECHIM/DIVULGAÇÃO/JC
Em nota divulgada ontem, a Comil Ônibus informou que entrou com pedido de recuperação judicial, na segunda-feira, dia 12, na comarca de Erechim. A empresa justifica que se ressentiu da crise econômico-financeira que atinge o setor industrial, com ênfase no setor automobilístico.
Em nota divulgada ontem, a Comil Ônibus informou que entrou com pedido de recuperação judicial, na segunda-feira, dia 12, na comarca de Erechim. A empresa justifica que se ressentiu da crise econômico-financeira que atinge o setor industrial, com ênfase no setor automobilístico.
"Nos últimos três anos, o mercado de ônibus caiu mais de 60%, atingindo níveis de mais de uma década atrás, que, associados aos baixos preços e volumes praticados, se tornaram insuficientes para cobrir os custos de produção, agravado com os encargos financeiros que restringiram drasticamente o capital de giro necessário para suportar a operação", descreve a companhia, lembrando que a situação levou, recentemente, ao encerramento das atividades industriais da unidade localizada em Lorena (SP) e demissões de número expressivo de trabalhadores na planta de Erechim.
No dia 1 de setembro, em uma tentativa de ajustar suas atividades à nova realidade do mercado, a Comil demitiu aproximadamente 900 funcionários da sua planta em Erechim. Na mesma data, retomou a produção de ônibus em meio turno, com o retorno de parte da equipe que estava em licença remunerada desde o dia 29 de agosto. Os trabalhos foram reiniciados em jornada reduzida, das 7h20min às 12h35min.
Ontem, uma ação movida pelo procurador do Trabalho, Roger Villarinho, do Ministério Público do Trabalho de Passo Fundo, pede na Justiça a anulação das demissões. O procurador entende que a montadora não respeitou a lei ao não negociar os critérios de demissão com o Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim e pediu a reintegração imediata dos demitidos ao trabalho. A informação foi repassada para os demitidos em reunião no Ginásio do Sindicato dos Metalúrgicos. O procurador Villarinho veio a Erechim conversar com os trabalhadores e esclarecer dúvidas a respeito de todo o processo.
Em razão do ajuizamento do pedido de recuperação, passivos trabalhistas, sejam eles rescisões realizadas ou atrasos salariais anteriores a data do ingresso da ação, inclusive de funcionários ativos, farão parte do processo, explicou a companha. A Comil informou ainda que "está realizando todos os esforços para que a liberação do fundo de garantia e o acesso ao seguro desemprego aos funcionários desligados ocorram o mais rápido possível".
A montadora reforça que pretende continuar com suas atividades industriais, procurando manter os postos de trabalho e pagando os salários na forma do seu fluxo financeiro. "O sacrifício com o corte de pessoal é justamente para poder salvar a empresa e garantir a continuidade das suas atividades e dos trabalhadores remanescentes", encerra a nota.

Volkswagen vai acelerar produção para repor estoque

O presidente da Volkswagen no País, David Powels, informou, nesta terça-feira, que a montadora vai acelerar a produção para um ritmo mensal superior a 50 mil carros entre outubro e novembro para repor os estoques consumidos durante a paralisação nas fábricas do grupo.
Antes de desligar as máquinas por falta de peças, a terceira montadora em vendas no Brasil vinha produzindo uma média de 35 mil automóveis por mês em suas três fábricas. Em virtude da paralisação, anunciada após a Volks rescindir o contrato com um grupo de fornecedores com quem trava uma disputa comercial, Powels disse que a marca perdeu mercado porque ficou sem alguns modelos a oferecer aos consumidores. Segundo o executivo, a montadora está sem estoque suficiente para abastecer a rede de concessionárias, uma situação que pretende solucionar com o aumento na velocidade da produção nos próximos dois meses.
Depois de cerca de um mês em férias coletivas, as fábricas da Volkswagen voltarão gradualmente a produzir em uma ou duas semanas, adiantou o executivo sul-africano. Em Taubaté (SP) e em São José dos Pinhais (PR), assim como na unidade que produz motores em São Carlos (SP), os funcionários voltam ao trabalho na quinta-feira. Já na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, o retorno do pessoal está marcado para a próxima terça-feira.

Competitividade deve estar no centro da política industrial

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale, disse, nesta terça-feira, que, diante da perspectiva de maior abertura comercial do País, a busca por melhor competitividade na indústria automobilística deve estar no centro da política industrial que substituirá o regime automotivo a partir de 2018. Segundo ele, o regime automotivo conhecido como Inovar-Auto, cujas regras vencem no fim do ano que vem, não mostrou os resultados esperados na evolução da competitividade e desenvolvimento do setor, sobretudo na cadeia de autopeças.
Com incentivos ao desenvolvimento de carros mais eficientes, esperava-se, na época do lançamento do Inovar-Auto, em outubro de 2012, que a indústria automobilística brasileira daria um salto tecnológico que permitiria às montadoras do País concorrer no mercado global. O incentivo para as fábricas de autopeças viria do maior consumo de componentes locais nas linhas de montagem, já que o regime também vinculou a concessão de créditos tributários a compras de insumos nacionais.
O regime automotivo, de política centrada na nacionalização, levou novas montadoras a investir no Brasil, mas com a crise doméstica, o resultado foi uma ociosidade nessa indústria que hoje passa de 50%.
Durante fórum promovido nesta terça-feira, em São Paulo, pela revista Quatro Rodas, Megale considerou que produzir apenas para o mercado interno talvez não seja a melhor alternativa. A pergunta, segundo o executivo, é se o País quer ter uma indústria para competir em um mercado de 3 milhões de veículos (tamanho do mercado brasileiro no passado recente) ou no mercado global de 90 milhões de automóveis.
Para dar previsibilidade às empresas, o presidente da Anfavea reafirmou que a próxima política industrial deve ter prazo de 10 anos, cinco a mais do que o regime atual. A política que vai substituir o Inovar-Auto é a prioridade da Anfavea nas negociações com o governo, junto com o programa nacional de renovação de frota, prometido pelo Planalto para o ano que vem. Megale avaliou que a indústria de veículos talvez esteja enfrentando a pior crise de sua história.

Para o Insper, montadoras formam setor mais protegido da economia

Em um discurso duro a uma plateia formada por executivos de montadoras e fornecedores de autopeças, o diretor-presidente do Insper, Marcos Lisboa, classificou a indústria automobilística como o setor mais protegido da economia brasileira. Também criticou o apoio de segmentos da sociedade, inclusive do setor, a uma agenda que envolveu protecionismo comercial e controle cambial, levando o País à crise.
"Essa crise não é apenas culpa de um governo incompetente. Toda essa agenda de proteger e fechar a economia, controlar câmbio, nos trouxe até aqui. Essa agenda foi apoiada por diversos setores da sociedade, inclusive vocês", disse Lisboa, durante discurso no mesmo fórum em que estava presente Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
O presidente do Insper também criticou políticas destinadas a induzir o consumo de conteúdo nacional, como o regime automotivo conhecido como Inovar-Auto. "Regras de conteúdo local geralmente não funcionam. Ganhos de competitividade vêm de bens de capital e insumos mais eficientes", assinalou. "Por que nosso empresário não pode ter acesso ao melhor bem de capital do mundo?", questionou o economista. Para Lisboa, a política protecionista gerou uma indústria disfuncional.