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Petroquímica

- Publicada em 11 de Setembro de 2016 às 21:35

Braskem aguarda por cliente local para butadieno

Produto fabricado pela empresa no Rio Grande do Sul é usado na indústria de borrachas

Produto fabricado pela empresa no Rio Grande do Sul é usado na indústria de borrachas


MARCELO G. RIBEIRO/JC
Apesar de ter sido considerada o passo inicial para a consolidação de um polo da cadeia de borracha no Rio Grande do Sul, a planta da Braskem de butadieno, inaugurada em 2012, continua destinando sua produção para o mercado externo. A perspectiva era de que empresas como a alemã Lanxess (que já tem uma unidade instalada em Triunfo) e a polonesa Synthos (que deseja erguer uma fábrica no polo petroquímico) consumissem a produção da Braskem, algo que não se confirmou.
Apesar de ter sido considerada o passo inicial para a consolidação de um polo da cadeia de borracha no Rio Grande do Sul, a planta da Braskem de butadieno, inaugurada em 2012, continua destinando sua produção para o mercado externo. A perspectiva era de que empresas como a alemã Lanxess (que já tem uma unidade instalada em Triunfo) e a polonesa Synthos (que deseja erguer uma fábrica no polo petroquímico) consumissem a produção da Braskem, algo que não se confirmou.
O butadieno é utilizado pela indústria de borrachas sintéticas, que são usadas na fabricação de pneus e artefatos em geral. O investimento da Braskem no empreendimento, com capacidade para 103 mil toneladas anuais de butadieno, foi de R$ 300 milhões. A empresa possui ainda outra unidade mais antiga, também em Triunfo, com capacidade para 106 mil toneladas anuais. Inicialmente, a Braskem informou que a produção adicional seria direcionada para o exterior. No entanto, a expectativa do grupo era de que as vendas, posteriormente, fossem deslocadas para o mercado interno. Na ponta final da cadeia da borracha, depois do butadieno ser transformado em outros insumos, empresas como a Goodyear, Michelin, Vipal, Topper, Brastemp, Consul, entre outras, seriam as potenciais consumidoras.
O diretor da MaxiQuim Assessoria de Mercado João Luiz Zuñeda argumenta que todas as companhias que decidem por investimentos no setor petroquímico o fazem pensando no mercado mais próximo. O consultor ressalta que, para atingir clientes mais distantes, o custo logístico aumenta, até porque são necessários navios especiais para transportar os produtos petroquímicos. A operação começa a ter uma maior viabilidade econômica quando é possível atender a um mercado de maior porte e a vários clientes. Porém, Zuñeda reforça que as companhias consumidoras também preferem buscar alternativas mais próximas de suas plantas.
O diretor da MaxiQuim diz que é lógico ter um parceiro doméstico, perto do complexo petroquímico, podendo aproveitar o modal ferroviário para fazer a distribuição de cargas. "Tenho certeza que, quando a Braskem fez o investimento aqui, estava pensando nisso, mas aí entra a questão da conjuntura brasileira, da crise", reforça. Além disso, o analista cita o problema quanto à falta de confiança no cenário nacional para que investimentos estrangeiros sejam feitos no País. Entretanto, o consultor destaca que não é por que a expansão da cadeia da borracha não está acontecendo neste momento que não irá ocorrer futuramente. Isso viabilizaria que o butadieno da Braskem fosse encaminhado para o mercado interno.
O presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico no Estado do Rio Grande do Sul (Sinplast-RS), Edilson Deitos, concorda que é mais positivo para o segmento do plástico o fornecimento de insumos para empresas instaladas no Brasil. "Isso agrega valor para o Estado e o País, além de fortalecer os transformadores dos produtos de plástico", enfatiza o empresário. Procurada pela reportagem do Jornal do Comércio, a assessoria de imprensa da Braskem informou que a empresa prefere não se manifestar neste momento sobre o assunto.

Cenário econômico atrapalha confirmação de investimentos

As incertezas políticas e econômicas impactaram diretamente empreendimentos que estavam previstos para serem realizados no Polo Petroquímico de Triunfo. A Lanxess postergou um investimento de ¤ 80 milhões no Estado; e a Synthos, um aporte de
R$ 640 milhões.
A empresa alemã pretendia concluir, ainda em 2014, a mudança tecnológica da produção de borracha de estireno butadieno em emulsão (E-SBR) para borracha de estireno butadieno em solução (S-SBR). Já a Synthos planejava construir uma unidade de borracha sintética (polibutadieno), com capacidade para 80 mil a 90 mil toneladas ao ano.
O presidente do Sinplast-RS, Edilson Deitos, frisa que o que inibe novos projetos atualmente é o conturbado panorama econômico. O dirigente acredita que a mudança no governo federal e a perspectiva de melhora da economia deve contribuir para o retorno de investimentos na petroquímica brasileira. Deitos acrescenta que o governo do Estado, Fiergs e Braskem também estão atentos às possibilidades para atrair empreendedores para o Rio Grande do Sul.
A Lanxess já havia admitido que a decisão de adiar o investimento no Rio Grande do Sul devia-se a uma adaptação ao cenário do mercado. A Synthos, por sua vez, ainda teve pela frente a dificuldade da negociação de preço da nafta (matéria-prima do butadieno) entre Braskem e Petrobras que durou vários meses. Desde 2014, a estatal e a empresa privada ficaram fazendo aditivos de contrato que não excediam mais de seis meses de duração, gerando insegurança quanto ao abastecimento de matérias-primas no segmento petroquímico. As duas companhias somente chegaram a um acordo mais duradouro no final de 2015.
Recentemente, o presidente da Braskem, Fernando Musa, afirmou que, com a questão da nafta solucionada, o diálogo com a Synthos e outros eventuais clientes seria retomado. No entanto, o executivo ressaltou que a maior dificuldade atualmente para a confirmação de investimentos estrangeiros no País é o ambiente ruim da economia brasileira.