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Indústria

- Publicada em 04 de Setembro de 2016 às 22:10

Déficit na balança comercial preocupa segmento químico

Desafio será recuperar confiança da população, destaca o presidente do Sindiquim, Newton Battastini

Desafio será recuperar confiança da população, destaca o presidente do Sindiquim, Newton Battastini


ANTONIO PAZ/arquivo/JC
Apesar de estar diminuindo, a diferença entre importações e exportações de produtos petroquímicos no Brasil é algo que ainda perturba o segmento químico nacional. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o déficit na balança comercial desses itens chegou, de janeiro a julho, à marca de US$ 12,1 bilhões, uma retração de 20% em relação ao mesmo período de 2015. As importações somaram US$ 19 bilhões e as exportações US$ 6,9 bilhões.
Apesar de estar diminuindo, a diferença entre importações e exportações de produtos petroquímicos no Brasil é algo que ainda perturba o segmento químico nacional. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o déficit na balança comercial desses itens chegou, de janeiro a julho, à marca de US$ 12,1 bilhões, uma retração de 20% em relação ao mesmo período de 2015. As importações somaram US$ 19 bilhões e as exportações US$ 6,9 bilhões.
Nos últimos 12 meses, de agosto de 2015 a julho deste ano, o déficit comercial atingiu a marca de US$ 22,4 bilhões, sendo observadas consecutivamente reduções desse indicador desde o final de 2013, quando o déficit em produtos químicos foi recorde chegando a US$ 32 bilhões. O presidente do Sindicato das Indústrias Químicas no Estado do Rio Grande do Sul (Sindiquim/RS), Newton Battastini, acredita que levará, pelo menos, três a cinco anos para mudar esse cenário. "São bilhões de dólares que compramos externamente de produtos que poderiam ser fabricados aqui", lamenta o dirigente. O empresário comenta que o desequilíbrio também se verifica no Rio Grande do Sul. Para Battastini, a reversão da balança comercial depende do setor químico passar por reformas trabalhista e tributária, assim como aumentar a segurança jurídica para a atividade.
Com um faturamento líquido de US$ 112,4 bilhões em 2015, a indústria química brasileira é a sexta maior do País. No Estado, o segmento é representado por cerca de 700 empresas e gera em torno de 17 mil postos de trabalho. Battastini afirma que há espaço para se ter mais companhias instalando-se no Rio Grande do Sul. "Minas Gerais e Goiás, por exemplo, têm três vezes mais empresas de cosméticos e de saneantes (produtos usados na limpeza) que o Estado", aponta. A indústria química gaúcha representou, no ano passado, uma arrecadação de R$ 873 milhões. Entre os itens comercializados, além dos cosméticos e saneantes, estão petroquímicos, tintas e cloro.
O Sindiquim/RS, que representa as indústrias dessa área no Estado, comemorará 75 anos de existência no dia 30 de outubro. Uma das bandeiras defendidas pela entidade atualmente é o combate aos produtos piratas de limpeza. De acordo com informações do sindicato, aproximadamente metade da água sanitária produzida no Brasil é clandestina. Além disso, há uma grande quantidade de desinfetantes, amaciantes e detergentes irregulares vendidos de porta em porta.

Produção industrial tem quinta alta seguida, mas recuperação é tímida

A produção industrial brasileira teve sua quinta alta mensal consecutiva em julho, algo que não acontecia desde 2012, mas ainda assim a recuperação é tímida, segundo apontam analistas. De qualquer forma, como a confiança continua melhorando, as expectativas em geral são de que o setor seguirá em trajetória positiva.
A produção industrial subiu 0,1% em julho ante junho, na série com ajuste sazonal, e além disso o IBGE revisou a produção de junho de 1,1% para 1,3%. A mediana das previsões dos analistas ouvidos pelo Broadcast Projeções para julho era de estabilidade, na margem. Em relação a julho de 2015, a produção caiu 6,6%, na 28ª queda consecutiva. No ano, mesmo com os cinco ganhos mensais consecutivos, a queda acumulada ainda é de 8,7%. Em 12 meses, o recuo é de 9,6%. Segundo o Banco Fator, a produção do setor está 18,2% abaixo do nível recorde atingindo em junho de 2013.
A economista da CM Capital Markets Jéssica Strasburg aponta que os setores farmacêutico e de veículos puxaram para baixo a produção industrial de julho, o que explica a diferença do resultado em relação à sua projeção, que era de alta de 0,5%. Mesmo assim, ela afirma que a confiança da indústria continua subindo e que a produção deve seguir melhorando nos próximos meses.
"Para quem vinha de uma sequência tão ruim de baixa, uma alta de 0,1% pode ser comemorada. A indústria acumula cinco meses consecutivos de ganhos", argumenta. A analista indica que, entre as categorias, apenas bens intermediários subiu na margem ( 1,6%), enquanto bens de consumo recuou 1,0%, com baixa de 1,9% em não duráveis e alta de 3,3% em duráveis. Já a produção de bens de capital teve retração de 2,7% na margem. "Investimento de fato não está acontecendo", admite.
O economista-sênior do Haitong, Flávio Serrano, indica que o avanço em bens intermediários foi puxado por segmentos como metalurgia, derivados de petróleo, óptico e produtos de borracha e plástico, o que retrata uma demanda de insumos mais forte da própria indústria. "Em linhas gerais, a dinâmica industrial do segundo trimestre mostrou recuperação com recomposição de estoques e julho, mesmo de lado, aponta para possível uma recuperação (da economia) no terceiro trimestre", diz.
Com uma visão menos otimista, o economista-chefe da consultoria Lopes Filho & Associados, Julio Hegedus Netto, afirma que a recente melhora na indústria vem mais de um ajuste de estoque do que de um aumento na capacidade produtiva. "O que chama atenção é que a produção de bens de capital está recuando muito, com contração de 11,9% na comparação interanual. Não temos uma verdadeira retomada na indústria, porque por enquanto está se usando a capacidade instalada já existente", aponta.
Hegedus cita o exemplo do setor automotivo, que mostrou uma recuperação interessante nos dois meses anteriores, mas voltou a cair em julho. Segundo ele, o que houve neste caso também foi mais um ajuste de estoque. "Esse foi um setor que teve uma política muito forte de estímulos do governo em 2013, 2014, e quando houve uma reversão disso o tombo foi feio. Agora eles estão se ajustando a uma demanda muito menor, estão tirando o artificialismo", explica.
Para a MCM Consultores, aumentam as sinalizações de que a indústria está no fundo do poço. "Ainda não acreditamos em uma retomada da atividade industrial no curto prazo em função dos estoques que ainda se encontram elevados e também por conta da demanda que segue fraca. De toda forma, esperamos que o segundo semestre seja melhor para a atividade fabril", dizem os analistas em relatório.
A consultoria Parallaxis também não crê em uma forte recuperação. "Acreditamos que estamos diante de dois cenários possíveis, um no qual a recuperação se dará de maneira mais lenta e gradual e outro no qual estamos diante de uma estabilidade em um patamar muito baixo de atividade, que perdurará por um longo tempo." A Parallaxis estima que a produção industrial encolherá 6% este ano, em linha com a pesquisa Focus do Banco Central, que prevê contração de 5,98%.