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Porto Alegre, quinta-feira, 29 de setembro de 2016. Atualizado �s 15h18.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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CINEMA

Not�cia da edi��o impressa de 29/09/2016. Alterada em 29/09 �s 15h22min

O lar das crian�as peculiares, de Tim Burton estreia no cinema

O lar das crian�as peculiares tem dire��o do cineasta Tim Burton

O lar das crian�as peculiares tem dire��o do cineasta Tim Burton


FOX FILMES/DIVULGA��O/JC
Ricardo Gruner
Mesmo que Tim Burton já tenha passado por fases de maior prestígio, o cineasta segue lembrado pelo estilo e universo em que se passam suas histórias - estranhamente encantadores. Antes de qualquer coisa, seu novo filme, O lar das crianças peculiares, se encaixa nesse contexto: uma aventura que celebra as diferenças através de personagens e ambientes que poderiam integrar um filme de terror.
Com estreia hoje e teor bastante infantojuvenil, a narrativa é baseada em obra de Ransom Riggs - que escreveu a trilogia O lar da srta. Peregrine para crianças peculiares. A abordagem do cineasta para o enredo tem feito muita gente vislumbrar o que seria dos X-Men nas mãos do diretor de Edward mãos de tesoura, Os fantasmas se divertem e A noiva cadáver.
O protagonista do longa-metragem é Jake, um rapaz de 16 anos interpretado por Asa Butterfield (o garotinho de A invenção de Hugo Cabret). Quando seu avô falece sob circunstâncias estranhas, o garoto decide seguir as últimas orientações recebidas do parente.
Ao perseguir as pistas, o rapaz encontra um orfanato conduzido por Alma LeFay Peregrine (Eva Green) e integrado por crianças com genes raros, os quais dão a elas capacidades particulares. O local reserva surpresas pessoais para o personagem e tem um quê de Escola Xavier gótica - curiosamente, o roteiro foi escrito por Jane Goldman, que também trabalhou em X-Men: primeira classe.
Com o capricho estilístico de sempre, a produção tem seus melhores momentos na apresentação deste universo. Com mais cores nos arredores do orfanato do que longe dele, a direção de arte do filme sugere que o protagonista encontra mais vida ali perto de seus pares - afinal, ele é também alguém deslocado. Já os ares de fantasia ganham força à medida em que Jake vai conhecendo os habitantes do lar, com algumas passagens sinistramente lúdicas que fazem jus à fama do cineasta.
Daí em diante, o ritmo passa ser mais e mais inconstante. A trama, por exemplo, desafia o espectador ao contar com passagens elaboradas, cheias de informações específicas, para em seguida destacar confrontos e reviravoltas pouco convincentes.
Refém da repetição - armadilha em que realizadores de alta produtividade compreensivelmente caem -, Tim Burton também recorre a personagens com perfis já conhecidos do público. Se em Grandes olhos o homem vivido por Christoph Waltz parecia ter trejeitos comuns a Johnny Depp, agora é o papel de Eva Green que bem poderia ter sido interpretado por Helena Bonham-Carter - outra artista frequente na filmografia do diretor. Mas justiça seja feita, a atriz não se sai mal: o ar maternal, a sabedoria e o senso prático a colocam na mesma instância de Dumbledore, de Harry Potter, e é só o perfil da personagem que soa tão familiar, e não a sua composição.
Assim como o exemplo dado, o restante do elenco nunca é um problema em O lar das crianças peculiares. Entre os veteranos, participam nomes como Samuel L. Jackson, enquanto a geração mais nova é representada por artistas como Ella Purnell. Entretanto, ao assistir ao talento de Judi Dench desperdiçado em uma ponta, fica claro que há excessos no filme - talvez por dificuldades na adaptação.
E se, assim como em boa parte das superproduções do cinema contemporâneo, Jake é uma espécie de escolhido para cumprir a jornada do herói, está mesmo no pano de fundo o que mais interessa. Apesar do vazio da maior parte dos coadjuvantes - praticamente reduzidos a atribuições super-humanas -, é o coletivo que move a comunidade em questão.
Burton entende que o grupo de personagens está junto nas diferenças, mas o roteiro teima em reduzi-los a clichês em termos de personalidade. Como resultado, é inevitável que a produção tenha mais destaque em forma do que em conteúdo.
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