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entrevista especial

- Publicada em 14 de Agosto de 2016 às 22:10

João Carlos Rodrigues propõe o fortalecimento de cooperativas

"Não sei para que serve o Inovapoa e essa secretaria será extinta em meu governo", diz Rodrigues

"Não sei para que serve o Inovapoa e essa secretaria será extinta em meu governo", diz Rodrigues


FREDY VIEIRA/JC
O empresário João Carlos Rodrigues, candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo PMN, vê, na sua atuação profissional, o diferencial para o pleito de outubro. Mesmo nunca tendo ocupado cargo eletivo - apesar de ter participado de várias eleições -, ele defende que o fato de não depender financeiramente da política para sobreviver o isenta de praticar a "politicagem", que atribui aos políticos.
O empresário João Carlos Rodrigues, candidato à prefeitura de Porto Alegre pelo PMN, vê, na sua atuação profissional, o diferencial para o pleito de outubro. Mesmo nunca tendo ocupado cargo eletivo - apesar de ter participado de várias eleições -, ele defende que o fato de não depender financeiramente da política para sobreviver o isenta de praticar a "politicagem", que atribui aos políticos.
Entre as propostas de Rodrigues, último presidente da Cooperativa Ecológica Coolmeia antes da falência da entidade no início dos anos 2000, está justamente o maior incentivo à formação de cooperativas em Porto Alegre. "O grande gargalo das cooperativas é a questão financeira. Os governos não olham as cooperativas com o carinho que deveriam olhar", critica.
Rodrigues propõe também o uso da Guarda Municipal como apoio na segurança pública e a implantação do projeto "Farmácia vai ao povo", para levar remédios àquelas pessoas que têm dificuldade de acesso à Farmácia Pública.
Identificando que a situação financeira dos municípios passa por dificuldades, propõe auditoria nas contas públicas para visualizar o que pode ser feito com os recursos disponíveis. "Quem chegar lá não pode ficar reclamando", diz ele, sobre a postura que julga que deva ser adotada por quem se eleger para o Executivo municipal.
Jornal do Comércio - O que o diferencia dos demais candidatos à prefeitura de Porto Alegre?
João Carlos Rodrigues - Por minha experiência na área administrativa, vejo que as prefeituras no Rio Grande do Sul precisam de bons gestores. O que temos visto ao longo dos anos são gestores políticos, e isso não deu certo, estamos vendo que governos políticos não têm suprido as necessidades das pessoas. Uma coisa que me diferencia é que eu não dependo da política para sobreviver. É diferente de outros que vivem da política e têm que fazer politicagem. Faço política por ideologia, por convicção, por acreditar que pode se melhorar alguma coisa neste País. Senão, nem seria candidato, com as dificuldades que existem, com o pouco tempo de exposição de TV, não conseguir participar dos debates. São tantos fatores que dificultam a candidatura de algumas pessoas que querem fazer a diferença que, às vezes, até é preferível não lançar a candidatura. Mas somos o oposto disso. O que nos diferencia é querer montar para Porto Alegre um governo técnico, especializado, com pessoas que saibam tocar a roda, e não como está acontecendo hoje, em que é preciso aceitar indicação de partidos políticos e, muitas vezes, as pessoas não são as melhores para a função. Também vejo como diferença da nossa campanha é que, se chegarmos a ganhar a eleição, quem vai ganhar não somos nós, é o povo de Porto Alegre. Primeiro porque não vamos estar comprometidos com partido político nenhum. Vamos poder realmente administrar a cidade para o povo, que é o importante. Agora, quando tu tem ali 10, 12, 15 partidos políticos, eu te pergunto de que forma administrar isso? Eu nem culpo o gestor que se elege, porque a dificuldade que ele vai ter de administrar é muito grande. Então eu quero colocar a experiência que eu tenho de vida à disposição da minha cidade. Eu creio que esse pode ser o diferencial da minha campanha em relação aos outros candidatos, que são todos políticos, sobrevivem da política, portanto vão continuar fazendo politicagem enquanto eu vou poder fazer política de verdade.
JC - Desses anos na área administrativa, como começou e por quais experiência que já passou?
Rodrigues - Comecei bem novo na área administrativa, com 21 anos. Saí do quartel e já fui para o setor privado, onde trabalhei em hospital por duas vezes e adquiri certa experiência na área da Saúde, o que eu considero importante. Me sinto preparado hoje porque eu já passei por diversas áreas: metalúrgica, empresas na área da segurança, fui presidente de uma cooperativa muito importante em Porto Alegre, que é a Colmeia, no setor de informática e de automação comercial. Ou seja, eu não vou ser aquele prefeito que vai sentar na cadeira do gabinete e vai ficar esperando as coisas acontecerem, dependendo de outras pessoas. Ninguém vai conseguir me enrolar, porque eu sei como funcionam as coisas. Estou me propondo a ser prefeito de Porto Alegre porque eu acredito que reúno qualidades para que isso possa acontecer. Não desmerecendo os demais candidatos, porque acho que todas as pessoas têm as suas qualidades. A minha maior vantagem mesmo é não depender da política para sobreviver.
JC - A cooperativa Coolmeia é um exemplo conhecido em Porto Alegre por ter originado a Feira Ecológica da Redenção. A que você atribui a interrupção do trabalho da cooperativa?
Rodrigues - Quando eu era presidente da Coolmeia, busquei apoio inclusive com o governo estadual, que era o (Germano) Rigotto (PMDB), e não tivemos. O grande problema hoje, o grande gargalo das cooperativas, é a questão financeira. Os governos não olham as cooperativas com o carinho que deveriam olhar e ver que poderia realmente ser uma salvação para a cidade e para o Estado. A Coolmeia existe ainda através de seus produtores e é um trabalho que dificilmente vai deixar de existir. A gente sabe que deu certo, é modelo para várias outras cidades e para fora do País. Mas não teve o apoio que deveria ter do governo, e inclusive foi o governo que fez a Coolmeia fechar, quando aplicou uma multa de quase R$ 800 mil de INSS para cima da cooperativa. Eu respondo a alguns processos ainda hoje, porque fui o último presidente, então todos os processos vêm para mim. Os governos nunca olham as cooperativas como deveriam olhar, acham que é como uma empresa, mas não é verdade, ela é muito diferenciada e deveria ser olhada dessa forma. Por isso, o cooperativismo tem um papel fundamental se a gente souber usá-lo hoje em Porto Alegre. Isso dá para fazer, e eu quero fazer no meu governo, tentar, de alguma forma, incentivar essas cooperativas para que elas continuem existindo e que possam formar outros segmentos dentro desse setor. Por ter esse conhecimento, eu quero trazer o cooperativismo para dentro de Porto Alegre de uma forma muito mais intensa do que ele é utilizado hoje.
JC - Em relação aos empresários, como seria o relacionamento do poder público com o setor empresarial?
Rodrigues - Eu dou consultoria empresarial também e sei que as empresas estão quebrando, estão fechando as portas, estão atoladas e não aguentam mais devido aos encargos, que são muito pesados. E não é só na questão de encargos municipais, tem o estadual e o federal. Nós precisamos, sim, trazer o setor empresarial para o nosso lado. É muito importante essa parceria do privado com o público, para que a gente possa estabelecer um novo plano para a cidade de Porto Alegre e com o apoio desses empresários. Eu tenho certeza que, no momento que um empresário vir um projeto sério de um determinado governo, ele vai investir. É muito importante essa parceria, esse estreitamento, buscar esses empresários para dentro do governo, para enxergar a prefeitura como ela é, as dificuldades que existem, de que forma podem nos ajudar.
JC - Como pensa em administrar se não tiver base aliada na Câmara?
Rodrigues - Quando tu tens um projeto que é decente para tua cidade, eu duvido que haja vereadores que, por serem de outro partido, serão contra. O que acontece hoje é que os prefeitos não têm projeto. É obvio que o vereador não vai aprovar, ou então vai barganhar com outra situação. Então fica aquela coisa de troca de favores entre os partidos, o ranço político, todo mundo brigando, um falando mal do outro. No meu governo não vai ter isso. Eu tenho certeza absoluta, pela amizade que eu tenho com o pessoal de todos os partidos. Eu sempre me postei com muita clareza e com muito respeito em relação a todos. Esses dias me perguntaram: "o que tu crítica no (José) Fortunati (PDT)?". E eu respondi que não tenho o direito de criticar o Fortunati ou quem quer que seja. Eu tenho que apresentar a minha proposta. Eu quero apresentar uma proposta que é diferente dos demais governos. Agora, quem sou eu para criticar o trabalho deles? Cada um tem sua forma de pensar, de agir, de administrar, e isso tem que ser respeitado. Só que eu não vejo a cidade de Porto Alegre como uma cidade que vai ter futuro da forma como ela é administrada. Eu vou ter muita tranquilidade de sentar com todos os vereadores dos mais diversos partidos e tenho certeza absoluta que vou ter, sim, o apoio de todos eles para aprovar os projetos que eu vou colocar à disposição de Porto Alegre, porque vai ser uma coisa diferente, uma coisa inovadora. Isso vai ser importante na hora de formar o governo. Mesmo se eles não estiveram lá para me eleger, caso seja eleito, vou conversar com todos os líderes de partidos e buscar os melhores que eles têm para montar um quadro técnico altamente capacitado, que possa realmente solucionar os problemas da cidade de Porto Alegre.
JC - O que você pode apresentar sobre a construção de seu projeto político?
Rodrigues - Queremos apresentar um projeto que seja realmente uma coisa decente, que possa dar continuidade a um trabalho daquilo que entendemos que deve ser o melhor para a cidade de Porto Alegre. Na Saúde, temos algumas coisas, como o projeto "Farmácia vai ao povo", que é um diferencial para as pessoas que têm dificuldade de buscar remédio na Farmácia Pública. Outra coisa muito importante é que gostaríamos de colocar a Farmácia Pública dentro dos principais postos de saúde, assim a pessoa vai consultar e já sai de lá com o remédio. Na questão da segurança, tentar alguma coisa em um melhor monitoramento por câmeras, de iluminação pública, usar a Guarda Municipal para dar segurança aos professores, alunos e pais. Sabemos que hoje a insegurança é muito grande, não vamos deixar isso só para a Brigada Militar e para a Polícia Civil. Podemos também dar uma parcela de contribuição com a Guarda Municipal, capacitá-la para isso, fazer uma melhor utilização desse fator humano que temos e que talvez não esteja sendo usado de forma adequada hoje. Uma coisa importante do nosso governo é que nós temos hoje 27 secretarias em Porto Alegre. Tem uma secretaria chamada Inovapoa que eu nem sei para que serve, e no meu governo já será extinta. E temos outras secretarias ali que não têm necessidade de ter toda uma estrutura só para elas. Por exemplo, não precisa ter uma enorme estrutura para Turismo. Cultura não precisa ter uma secretaria só para isso. O que nós vamos fazer, acabar com a secretaria? Não. Nós vamos agregar algumas secretarias em outras, como, por exemplo, Educação, Cultura e Turismo, as três secretarias podem estar em uma estrutura só. O que isso vai adiantar? Vai adiantar muito. Vai deixar de existir 27 estruturas para existir 17. Isso vai, de alguma forma, desafogar a máquina pública. É isso que nós precisamos, desinchar a máquina pública para que ela tenha poder de investimento novamente. Eu vejo nos governos hoje que os prefeitos perdem muito tempo tratando de questões políticas partidárias e deixam a prefeitura a esmo, e isso tem que deixar de acontecer.
JC - O que enxerga como possibilidade para o enxugamento da máquina pública?
Rodrigues - O que eu pretendo, de fato, para ter um governo técnico e qualificado é usar o servidor público. Quero trazer o servidor público para o meu lado, porque acho que ele é uma ferramenta importantíssima e está sendo desvalorizado hoje, porque os partidos políticos chegam lá e se "adonam". Isso tem que acabar, é preciso entender que as secretarias são do povo de Porto Alegre e tem de haver pessoas qualificadas, que tenham condições de tocar o trabalho lá dentro. Então a gente vai tentar trazer o servidor público para o nosso lado, porque eles conhecem a roda e sabem como ela deve girar. É dessa forma que também vamos conseguir diminuir alguns custos e o número de cargos de confiança. É importante ter o cargo de confiança, mas tem que saber quem são as pessoas que vão estar ali. Não podemos radicalizar tudo, "vamos cortar todos os cargos de confiança", não é nada disso. Pelo contrário, tem que ter pessoas qualificadas, que possam dar aquilo que buscamos para a cidade.
JC - Qual será a primeira ação do seu governo se assumir a prefeitura?
Rodrigues - Meu primeiro passo será uma auditoria nas contas da prefeitura, montar uma equipe técnica muito boa para me ajudar a fazer um levantamento e, a partir daí, tocar o nosso trabalho dentro daquilo que a gente acredita que é possível e que dá para fazer.

Perfil

João Carlos Mendonça Rodrigues nasceu em Porto Alegre em 18 de janeiro de 1965, é casado, tem seis filhos e quatro netos. Empresário, administra uma empresa especializada em gerenciar serviços terceirizados, com 20 anos de atuação, da qual está licenciado para se dedicar à campanha. Cursa Gestão Pública na Faculdade Anhanguera. Foi o último presidente da Cooperativa Ecológica Coolmeia, antes da falência da entidade no início dos anos 2000.
Presidente estadual do PMN, Rodrigues já teve passagens pelo PFL (atual DEM) em 2002, quando concorreu a vereador em Alvorada, ficando como suplente; pelo PTC, como candidato a prefeito em Alvorada no ano de 2008; e pelo PRP em 2010, quando concorreu a vice-governador no Rio Grande do Sul na chapa de Aroldo Medina. Em 2014, lançou candidatura a governador, que foi indeferida por erros nos registros das contas em 2010. Morador do bairro Lomba do Pinheiro, em 2012 apoiou um candidato a vereador do PV em Porto Alegre, experiência à qual atribui o fato de conhecer a realidade de regiões mais afastadas da cidade, como Restinga, Lami e Itapuã.