Em um discurso interrompido 12 vezes por protestos, Donald Trump apresentou ontem um plano econômico nacionalista, que também prevê uma das maiores reduções de impostos das últimas décadas e extensa eliminação de regulações. "Americanismo, não globalismo, será o novo credo", afirmou o candidato republicano em discurso em Detroit.
Trump atacou acordos comerciais e prometeu uma postura mais agressiva em relação à China, caso seja eleito presidente. O bilionário de Nova Iorque disse que rejeitará o Tratado da Parceria Transpacífico (TPP) e renegociará os termos do acordo comercial que reúne EUA, Canadá e México (Nafta) desde 1994. O país abandonará o tratado se não conseguir novos termos, afirmou o magnata.
O bilionário também atacou a globalização e prometeu o retorno ao passado, no qual operários norte-americanos trabalhavam em minas de carvão e usinas de aço. Ainda assim, disse que é o candidato do futuro. O plano econômico foi apresentado em Detroit, que foi a capital da indústria automobilística norte-americana durante grande parte do século XX. Muitas das fábricas abandonaram a cidade nas últimas décadas, processo que foi acompanhado de um processo de empobrecimento e redução da população.
Trump prometeu reduzir de 35% para 15% a alíquota máxima sobre o lucro de pessoas físicas e também uma moratória em novas regulações em seu eventual governo. Ao mesmo tempo, o bilionário disse que adotará um ambicioso plano de investimento em infraestrutura.
Críticos sustentam que as contas do programa do candidato não fecham. Segundo eles, a drástica redução de impostos aumentará o déficit fiscal e o endividamento do país e reduzirá recursos disponíveis para cumprir as demais promessas. No entanto, fiel à ideologia do Partido Republicano, Trump afirmou que a redução de tributos aumentará investimentos e o crescimento econômico.
A China foi o grande alvo do discurso do magnata, que acusou o país de manipular a cotação de sua moeda, conceder subsídios ilegais, desrespeitar propriedade intelectual e ignorar regulações trabalhistas e ambientais. Ele prometeu confrontar o que classificou como "trapaças" da China e outros países. O discurso contra a globalização e acordos comerciais tem apelo junto aos operários norte-americanos que viram as linhas de montagem do país diminuírem com o processo de integração econômica mundial. A principal base de apoio de Trump são homens brancos sem educação superior. Com seu discurso, o candidato apela ao sentimento de nostalgia em relação a um passado de empregos estáveis nas fábricas do país.
Apesar de dizer que o "isolamento" não é a solução, o bilionário insistiu na supremacia do "Made in America" e prometeu adotar medidas que aumentem a vantagem competitiva do país no cenário mundial.