Composto produzido a partir de actinobactérias do gênero Streptomyces, comuns em solos de diversas regiões, inclusive na caatinga, mostrou em estudo na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (Ffclrp) da USP ter ação antimicrobiana contra os principais agentes causadores da mastite bovina - doença caracterizada pela inflamação aguda ou crônica das mamas. "As actinobactérias agem na inibição do crescimento de patógenos responsáveis pela inflamação", diz a pesquisadora Ana Paula Ferranti Peti, do Departamento de Química da Ffclrp.
As actinobactérias são organismos cosmopolitas, ou seja, presentes em várias regiões, com predominância no solo, onde desempenham a biodegradação de resíduos e vivem em simbiose com raízes de plantas. Elas já são utilizadas na produção de antibióticos, mas não para a mastite. Apesar de o tema ser estudado em diversos grupos no mundo todo, esta pesquisa é pioneira, segundo Ana Paula. "Empregamos actinobactérias únicas vindas de um bioma pouco explorado do ponto de vista biotecnológico, a caatinga."
Foram avaliadas aproximadamente 120 actinobactérias e cerca de 60% delas apresentaram algum tipo de ação antimicrobiana. "As actinobactérias são os procariontes, ou seja, organismos que não possuem material genético envolto por membrana, mais economicamente e biotecnologicamente viáveis, e mantêm uma posição de destaque devido a sua diversidade e capacidade comprovada para produzir novos compostos com atividade biológica", afirma Ana Paula.
As bactérias isoladas do leite provenientes de vacas com mastite clínica foram cedidas pelo professor e coordenador do laboratório Qualileite, Marcos Veigas dos Santos, da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (Fmvz) da USP, em Pirassununga, e as actinobactérias do solo da caatinga foram isoladas pelo pesquisador Itamar Soares de Melo, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Meio Ambiente) de Jaguariúna. (Jornal da USP)