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Política

- Publicada em 04 de Julho de 2016 às 16:45

Paulo Ferreira pagou blogs e escola de samba com propina da Petrobras, aponta PF

Camiseta com foto de Paulo Ferreira foi vendida pela Academia de Samba Praiana no Carnaval de 2016

Camiseta com foto de Paulo Ferreira foi vendida pela Academia de Samba Praiana no Carnaval de 2016


Academia de Samba Praiana/Divulgação/JC
Preso em São Paulo desde 24 de junho alvo da Operação Custo Brasil, o ex-tesoureiro do PT e ex-deputado federal pelo Rio Grande do Sul Paulo Ferreira não teria pego propina da Petrobras apenas para abastecer o caixa do partido, segundo os investigadores da força-tarefa que detalharam o esquema de corrupção foco da 31ª fase da Operação Lava Jato. O petista teria usado o dinheiro para financiar também escolas de samba de Porto Alegre e blogs.
Preso em São Paulo desde 24 de junho alvo da Operação Custo Brasil, o ex-tesoureiro do PT e ex-deputado federal pelo Rio Grande do Sul Paulo Ferreira não teria pego propina da Petrobras apenas para abastecer o caixa do partido, segundo os investigadores da força-tarefa que detalharam o esquema de corrupção foco da 31ª fase da Operação Lava Jato. O petista teria usado o dinheiro para financiar também escolas de samba de Porto Alegre e blogs.
Em troca, o petista recebeu matérias elogiosas à sua atuação no universo do carnaval e homenagens. "O Rei do carnaval", conforme ficou conhecido o ex-deputado, foi até enredo de escola de samba na capital gaúcha. Na Operação Abismo, realizada nesta segunda-feira (4) pela Polícia Federal, Ferreira teve prisão preventiva decretada pela segunda vez.
O juiz federal Sérgio Moro determinou nesta segunda o bloqueio preventivo de R$ 5 milhões nas contas do ex-tesoureiro do PT para garantir o ressarcimento dos cofres públicos em caso de condenação. A medida não significa que Ferreira tenha os valores depositados. 
O petista já havia sido homenageado por duas escolas de samba gaúchas entre 2009 e 2016, período em que foi acusado de receber propina da Petrobras e da Consist. No carnaval deste ano, a Academia de Samba Praiana, do chamado Grupão de Porto Alegre, levou à avenida o enredo Uma declaração de amor em Verde e Rosa: Paulo Ferreira, um homem do Carnaval. Na foto abaixo de Joel Vargas, da Prefeitura de Porto Alegre, um dos momentos do desfile.
O enredo fala do "homem que tratou o carnaval como cultura e com seriedade". No lançamento do enredo, ano passado, cartazes diziam: "cara que falou e fez" pela cultura popular do Rio Grande do Sul. Em 2009, a Império da Zona Norte, também da capital gaúcha, bordou uma bandeira oficial com o nome de Ferreira, durante inauguração da quadra, encabeçada pelo ex-deputado petista. 
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No site Setor1, que tem espaços para as escolas  de samba da Capital, notícias creditadas à Academia de Samba Praiana divulgavam, em janeiro, que "está a todo vapor com suas atividades e barracão para o carnaval 2016, quando fará uma homenagem ao político e articulador cultural Paulo Ferreira".
Em outra nota, é divulgada a venda de uma camiseta, com a imagem de Ferreira, identificado como "O Homem do Carnaval". "Os amigos, eleitores e simpatizantes do homenageado da verde e rosa Paulo Ferreira terão uma oportunidade de desfilar junto a Praiana na Ala de convidados. Eram 50 exemplares para o desfile em 6 de fevereiro.

Investigação somou R$ 36 milhões em propinas

Segundo investigações da Lava Jato, entre 2005 e 2010, Alexandre Romano, ex-vereador petista e apontado como operador do esquema, recebeu R$ 1 milhão em propina do Consórcio Novo Cenpes, responsável pela obra do centro de pesquisa da Petrobras, e repassou a Ferreira por meio de contratos simulados e depósitos feitos a parentes dele, blog com matérias que eram favoráveis a ele e até mesmo uma escola de samba. No total, a obra da Petrobras pagou R$ 36 milhões em propinas.
Segundo Romano, foram feitos depósitos à ONG Sociedade Recreativa e Beneficente Estado Maior da Restinga, uma escola de samba, e à Viviane Rodrigues, madrinha de bateria da agremiação. Foram identificados quatro pagamentos à escola de samba, no total de R$ 45 mil - um cheque de R$ 20 mil e cinco cheques de R$ 5 mil.
Viviane recebeu por meio de transferências entre 2010 e 2012. Ao todo foram 18 transferências, no total de R$ 61.700 - 16 de R$ 3.500, uma de R$ 4.200 e uma de R$ 1.500. 
No processo, foram anexadas notas publicadas na internet, que citam homenagens à Paulo Ferreira pelo aniversário de 53 anos e sua posse como deputado federal pelo PT. "Paulo Ferreira é uma figura muito querida junto a Estado Maior da Restinga, sempre auxiliando e apoiando a escola de samba da nossa comunidade, bicampeã do Carnaval de Porto Alegre (2011/2012). E por este motivo a escola não poderia deixar de estar presente nesta festa, levando parte de seus integrantes para fazer um grande show para animar o aniversariante e seus convidados", diz uma nota, que afirma que ele ajuda a comunidade e conta com o apoio de seus integrantes.
As investigações mostraram que foram repassados também dinheiro a um blog, identificado como "blog do Júlio Garcia", que publicou matérias favoráveis a Ferreira. Em 2010, ele teria recebido R$ 6 mil.
Romano também apresentou comprovantes de cheques nominais, no total de R$ 3.500, a Ana Paula Ferreira e Jonas Ferreira, identificados por ele como filhos de Paulo Ferreira. Há também um canhoto de cheque de R$ 2 mil que, segundo Romano, teve como destinatário o próprio Paulo Ferreira. Leonita de Carvalho, que trabalhou na Casa Civil da Presidência da República, teria sido beneficiada por um cheque nominal de R$ 2.500 em abril de 2011 e uma transferência de R$ 4 mil em maio do mesmo ano. Ela trabalhou na Casa Civil da Presidência até março de 2015.
Na operação de hoje, a Polícia Federal cumpriu 35 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. A ação, batizada pela PF de "Abismo", tem como objetivo apurar fraudes em licitação, pagamentos de valores indevidos a servidores da Petrobras e o repasse de recursos a partido político em virtude do sucesso obtido por empresas privadas em contratações como o projeto de reforma do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) que fica na Ilha do Fundão, no Rio, estimado em quase R$ 850 milhões e cujo valor real pago pela estatal, após 17 aditivos, chegou a R$ 1,8 bilhão. O esquema investigado envolveu diversas empresas que pagaram mais de R$ 39 milhões em vantagens indevidas para uma empresa participante do certame, a Diretoria de Serviços e o PT.
Com agências Globo e Brasil
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