Uma queda de marquise na rua Annes Dias, próximo à avenida Salgado Filho, matou uma pessoa e deixou outra ferida nesta quinta-feira, no Centro de Porto Alegre. Tatiane Duarte da Silva, de 34 anos, trabalhava em uma lancheria próxima ao local e faleceu na hora. A mãe da vítima estava com ela no momento do acidente e foi levada ao hospital em estado de choque, sem ferimentos. A segunda pessoa atingida é Eva Leni Flores da Silva, de 59 anos. Ela foi levada ao Hospital de Pronto Socorro e não corre risco de morte.
Conforme o Corpo de Bombeiros, está sendo realizada uma obra de revitalização de várias marquises no local. O sub-síndico do prédio, Fernando Silva, informou que o edifício passava por uma revitalização de fachada e a obra não incluía refazer a marquise. Os reparos estavam sendo executados pela empresa Concreto. A engenheira responsável foi ao local após contato com o sub-síndico. A Polícia Civil aguarda a análise de peritos para avaliar a causa do acidente.
A prefeitura afirmou ter enviado equipes da Secretaria Municipal de Urbanismo e de Obras e Viação e do Gabinete de Defesa Civil ao local. De acordo com os profissionais, o que caiu foi uma parte da fachada, e não a marquise. Reformas em fachada em prédios privados não necessitam de licenciamento do município. A prefeitura salienta que "compete ao responsável técnico a execução da obra. Na ausência desse, o proprietário é responsável".
Fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-RS) realizaram o levantamento documental de responsabilidade técnica da obra. Em 2 de junho, foi registrada a Anotação de Responsabilidade Técnica com os serviços de montagem de bandeja de proteção, montagem e desmontagem de equipamento suspenso balancim, recuperação da fachada frontal e pintura de fachada. Segundo o presidente do Crea, Melvis Barrios Junior, será instaurado um processo administrativo para apurar os fatos.
Problemas com fachadas já causaram outras mortes em Porto Alegre
Essa não foi a primeira vez que problemas envolvendo fachadas de edificações feriram alguém em Porto Alegre. O caso mais conhecido foi em outubro de 1988, quando desabou a marquise de um edifício na rua Dr. Flores, que sediava as Lojas Arapuã, causando a morte de nove pessoas e ferindo 10. Depois do acidente, a legislação nesse setor foi alterada. O Decreto nº 9.425/1989, vigente até hoje, determina que todos os prédios da Capital devem encaminhar laudos estruturais a cada três anos.
Em dezembro de 2006, outra tragédia tirou a vida da estudante de Direito da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Yvi Tomaz, de 18 anos. A jovem foi atingida pelo desabamento da marquise de um prédio em demolição na avenida João Pessoa, na Cidade Baixa.
Um ano depois, em dezembro de 2007, ocorreu o desmoronamento da marquise da escola Monteiro Lobato, na Rua dos Andradas, no Centro, sem deixar mortos ou feridos. O imóvel também estava em situação regular com o município.
O último caso de que se tem notícia foi em 2010, quando a queda de parte do reboco de um edifício na altura do número 1.200 da avenida João Pessoa feriu um homem.