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GESTÃO

- Publicada em 19 de Julho de 2016 às 21:50

Camera aguarda para negociar com investidores

Alcantara cita mais de 70 parceiros interessados nas operações do grupo

Alcantara cita mais de 70 parceiros interessados nas operações do grupo


FREDY VIEIRA/JC
Depois de obter a aprovação de mais de 84% do grupo de credores (que, juntos, representam 53,45% dos débitos), o Plano de Recuperação Judicial do Grupo Camera depende apenas da homologação judicial para ser executado. Só a partir da execução das propostas é que a companhia conseguirá dar andamento as estratégias que definiu para sua reestruturação.
Depois de obter a aprovação de mais de 84% do grupo de credores (que, juntos, representam 53,45% dos débitos), o Plano de Recuperação Judicial do Grupo Camera depende apenas da homologação judicial para ser executado. Só a partir da execução das propostas é que a companhia conseguirá dar andamento as estratégias que definiu para sua reestruturação.
A assessoria jurídica do grupo estima que a decisão judicial seja proferida em um período de tempo relativamente curto, entre 10 e 15 dias, ainda que não seja possível delimitar com precisão esse prazo. Esse será um passo importante no processo, que se desenrola há quase dois anos a Camera ingressou com o pedido de recuperação judicial em setembro de 2014 (deferido em outubro do mesmo ano) -, e marcará o início de negociações mais concretas com investidores.
O que o grupo tem no radar é estabelecer sociedade com parceiros interessados em investir nas operações da companhia. A Camera já entrou em contato com cerca de 70 investidores nacionais e internacionais, sinaliza Derci Alcantara, sócio da Peabirus Capital, empresa de fusões e aquisições voltadas para o agronegócio. Nesse grupo, há tanto os que manifestam interesse em integrar o quadro societário da companhia quanto os que pretendem apenas adquirir bens móveis e imóveis, que serão colocados à venda.
Cerca de 30% dos ativos da Camera serão negociados. No total, 13 estruturas em todo o Estado, que somadas devem gerar o ingresso de R$ 266 milhões aos cofres da empresa, montante que será utilizado integralmente no abatimento de parte da dívida. As primeiras unidades produtivas isoladas (UPIs) a serem vendidas ainda neste ano estão localizadas em Palmeira das Missões, Carajazinho, Vitória das Missões, São Valentim e Rio Pardo, e estão avaliadas em mais de R$ 22 milhões.
No ano que vem, outras cinco UPIs serão vendidas: Santo Ângelo, Cacequi, Estrela, Engenho São Borja e Armazém São Borja, avaliadas em R$ 109 milhões. Por, fim, em 2018, a intenção é vender outras três estruturas: Coronel Bicaco, Rosário do Sul e o Parque Industrial de Estrela, cotado em mais de R$ 110 mil. A companhia prevê que entre os preços calculados e a venda efetiva, possa alcançar, no mínimo, R$ 173 milhões com a comercialização de ativos.
Quanto aos investidores interessados em aportar recursos em troca de participação nos negócios da Camera, Alcantara exemplifica que há sinalizações positivas vindas até do Irã. O presidente do Conselho de Administração de um grupo que comanda 50 empresas iranianas visitou o País em duas ocasiões para conhecer a Camera e negociar com seus interlocutores. "Ele se manifestou muito interessado, mas aguardamos uma proposta concreta de intenção de negócios", sinaliza, acrescentando que o "Rio Grande do Sul está mais no mapa dos investidores do que estava no passado".

Pagamentos foram mantidos mesmo durante a crise

Com atualmente calculados em cerca de R$ 980 milhões (sendo que R$ 760 milhões são relativos a credores concursais), englobando a realidade das cinco empresas pertencentes ao grupo, a Camera aposta ainda nas próprias operações como saída. Ao longo do ano passado, o grupo alcançou receita operacional líquida de R$ 508 milhões. A perspectiva é de que neste ano, seja atingido R$ 750 milhões - somente no primeiro semestre deste ano, o desempenho foi de R$ 440 milhões.
Roberto Kist, diretor operacional da Camera, comenta que os cenários previstos pelo grupo no plano de recuperação judicial foram conservadores, levando em consideração o cenário econômico nacional. "O ano passado foi de revisão das operações, mas 2016 já está sendo de retomada, mesmo antes da homologação do plano", avalia. As projeções são de que o grupo volte a ter um faturamento bilionário a partir de 2017, quando deve conquistar R$ 1 bilhão.
No auge de suas atividades, antes da estiagem de 2012, a Camera tinha um faturamento de
R$ 2,5 bilhões e 1,8 mil funcionários. Hoje, são 550 colaboradores para conduzir 40% das operações do grupo, que pretende retomá-las aos poucos, aproveitando oportunidades de mercado, como é caso do biodiesel. O que sustenta a confiança da companhia na concretização da reestruturação é a parceria com fornecedores e, principalmente, com produtores. Mesmo diante das dificuldades que vem enfrentando nos últimos anos, a Camera manteve e mantém em dia o pagamento dos trabalhadores, produtores e tributos.
Agora, trabalhando com a perspectiva de que em breve o plano de recuperação será homologado, o grupo cogita até gerar empregos quando retomar algumas atividades, sobretudo na produção de biodiesel, segmento que pode gerar oportunidades no médio prazo. O desafio, neste momento, é obter a concordância judicial em relação aos tramites seguidos até aqui.