Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Conjuntura

- Publicada em 19 de Julho de 2016 às 19:11

Temer diz que enfrentará resistência a reformas

Presidente interino Michel Temer, ministros da área econômica e líderes do governo discutem medidas de incentivo ao crescimento da economia

Presidente interino Michel Temer, ministros da área econômica e líderes do governo discutem medidas de incentivo ao crescimento da economia


ANTONIO CRUZ/ABR/JC
Na reunião com empresários e ministros da área econômica, na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto, o presidente interino Michel Temer avisou que "vai enfrentar todas as resistências" para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista. "Mesmo se tiver manifestações contra, que são da democracia, vamos enfrentar", disse o presidente interino, que deu o mesmo recado nos dois encontros desta manhã, primeiro com os empresários, muitos do Nordeste, que integram o Conselho Nacional do Sesi, e depois com pelo menos oito ministros, alguns da área econômica.
Na reunião com empresários e ministros da área econômica, na manhã desta terça-feira, no Palácio do Planalto, o presidente interino Michel Temer avisou que "vai enfrentar todas as resistências" para aprovar as reformas da Previdência e trabalhista. "Mesmo se tiver manifestações contra, que são da democracia, vamos enfrentar", disse o presidente interino, que deu o mesmo recado nos dois encontros desta manhã, primeiro com os empresários, muitos do Nordeste, que integram o Conselho Nacional do Sesi, e depois com pelo menos oito ministros, alguns da área econômica.
Na reunião com a equipe econômica, Temer pediu a todos os ministros presentes que, em 15 dias, apresentem medidas para "buscar ativos" em cada pasta para que se possa fazer parcerias, concessões ou privatizações que possam representar recursos para o governo fazer investimentos. No dia 22 de junho, quando fez a primeira reunião do núcleo econômico, Temer já havia pedido uma "agenda de trabalho concreta" aos ministros para "animar a economia". Passado quase um mês, o presidente estendeu o prazo em mais 15 dias.
Apesar de o encontro não ter discutido especificamente os cortes no Orçamento que estão previstos para serem anunciados até sexta-feira, a questão de venda de dívidas ativas da União no mercado que poderiam ajudar a evitar o contingenciamento entrou na discussão, quando o ministro das Relações Exteriores, José Serra, falou sobre inúmeros projetos que tramitam no Congresso sobre isso. Não foi citado, no entanto, nenhum número que poderia ser arrecadado com a venda de ativos.
O governo interino comemorou ainda a notícia de que o Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão em relação à economia brasileira, pela primeira vez, depois de cinco revisões para baixo. A expectativa divulgada ontem, em relatório, é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano "encolha" menos. O presidente interino quer um pacote de medidas para "animar a economia e o ambiente de negócios" no País.
O corte no Orçamento será discutido em outra reunião. A equipe econômica e o núcleo político do governo de Michel Temer estão em uma nova queda de braço sobre o tamanho do bloqueio de recursos. A Fazenda quer um bloqueio linear de gastos, mas a área política de Temer quer que seja seletivo, com objetivo de preservar principalmente programas sociais, já que o País está às vésperas da votação do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Senado e das eleições municipais.
O valor do contingenciamento deve ser enviado ao Congresso até sexta-feira. Se depender da área econômica, será perto de R$ 20 bilhões. O núcleo político, no entanto, trabalha para que essa cifra fique em R$ 5 bilhões. No Palácio do Planalto, auxiliares de Temer afirmam que ele fará de tudo para poupar programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, num momento em que tenta ganhar popularidade.
Na conversa com os empresários, o presidente interino ouviu reivindicações do setor. Os empresários falaram das "grandes dificuldades" que as indústrias estão enfrentando, discurso que já vem ouvindo de outros setores. Temer salientou que é importante trabalhar "questões estruturais" e assumiu compromissos de enfrentamento destas questões consideradas fundamentais, como viabilizar as reformas Previdenciária e trabalhista. A terceirização foi outro pedido dos empresários, e Temer falou que vai discutir o assunto.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga, afirmou que as reformas foram debatidas na reunião com Temer. "O presidente fez uma ampla exposição de como ele está conduzindo o governo, expectativa que tem em relação ao futuro, de deixar o País com o rumo mais correto, independentemente de se isso vai conseguir para prazo curto ou prazo médio", disse.
Braga destacou ainda que Temer afirmou que as reformas estão na pauta do governo, mas que, para que elas sejam realizadas, "é necessário que haja convencimento das diversas forças e atores da sociedade e que sejam discutidas com o Congresso".
 

Quem participou do encontro

Henrique Meirelles (Fazenda), Dyogo Oliveira (interino do Planejamento), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações), José Serra (Relações Exteriores), Blairo Maggi (Agricultura), Alberto Alves (interino do Turismo), Marcos Pereira (Indústria, Comércio e Serviços), Eliseu Padilha (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), além do secretário executivo do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI), Moreira Franco, e do líder do governo na Câmara, André Moura.

FMI muda expectativas e agora vê Brasil crescendo em 2017

O Fundo Monetário Internacional (FMI) revisou suas previsões econômicas e se mostrou mais otimista com o Brasil. Em vez de recessão de 3,8% neste ano, conforme perspectivas divulgadas em abril, agora o Fundo espera uma queda de atividade de 3,3% em 2016. Para 2017, a nova previsão do órgão é de crescimento de 0,5%, contra expectativa anterior de um ano estável.
"A confiança dos consumidores e das empresas parece estar melhorando, e a contração do PIB no primeiro trimestre foi mais branda que o previsto. Assim, a recessão projetada para 2016 é menos severa, com a volta ao crescimento positivo em 2017. As incertezas políticas, no entanto, permanecem obscurecendo nossa visão", afirmou o documento.
O Brasil foi citado como exemplo positivo de melhoria das perspectivas econômicas juntamente com a Rússia, os dois principais países que tinham resultados negativos nas projeções do FMI. O Fundo também melhorou um pouco o crescimento para a China neste ano, indicando que as medidas de incentivo do país têm apresentado resultado.
Oya Celasun, chefe da Divisão de Estudos Econômicos do FMI, afirmou, em entrevista coletiva na sede do FMI, em Washington, que, além da melhoria da confiança de empresários e consumidores, outros indicadores apontam para a melhora da situação econômica brasileira.
"Também vimos esta melhora no mercado financeiro, com o fortalecimento significativo do real. Este fortalecimento em parte da economia nos levou a acreditar que a mudança para o crescimento positivo pode vir mais cedo do que prevíamos em abril", disse ela.
Ela lembrou que os três fatores que levaram o Brasil para a recessão - as incertezas econômicas, a piora dos valores de bens vendidos pelo Brasil e atrasos no ajuste da política monetária com impacto na confiança do País - estão ficando para trás, dizendo que estes choques estão se dissipando. Ela lembrou, contudo, que uma redução de 3,3% do PIB brasileiro neste ano não é algo normal.
A previsão para o crescimento médio do mundo, contudo, piorou. Para este ano, passou de 3,2%, na previsão de abril, para 3,1% agora. Já a expectativa para 2017 caiu de 3,5% para 3,4% entre os dois levantamentos. Para os países emergentes, contudo, não houve alterações entre os levantamentos: expectativa de crescimento de 4,1% neste ano e de 4,6% no ano que vem.
A maior redução do crescimento é esperada, nos dois anos, nos países ricos, que sofreram com a saída da Grã-Bretanha da União Europeia. O conjunto das nações avançadas deve crescer 1,8% neste ano (valor 0,1 ponto percentual menor que a última previsão) e 1,8% em 2017 (queda de 0,2 ponto percentual sobre expectativa de abril).

Pesquisa mostra que 88% querem corte de gastos para ajuste fiscal

Para 88% de um total de 1,2 mil pessoas ouvidas em uma pesquisa encomendada pela Fiesp e pelo Ciesp à Ipsos Public Affairs, o melhor caminho para o governo arrumar as contas públicas e reequilibrar o orçamento é o corte de gastos. Não souberam responder 10% dos entrevistados, e apenas 2% deles acreditam no aumento de impostos como a melhor opção.
"A população já entendeu, há muito tempo, que o caminho para tirar o País da crise não é aumentar nem criar impostos", afirma Paulo Skaf, presidente da Fiesp e do Ciesp, sobre o resultado do levantamento chamado "Percepção Sobre as Contas Públicas Brasileiras". "Essa pesquisa carimba de vez que o ajuste fiscal tem que ser feito com o corte de despesas. Tributo não é a saída. Não há nenhum espaço para mais impostos", disse.
A pesquisa também perguntou às pessoas o quanto elas confiam que um imposto dito temporário não se tornará permanente. A resposta de 84% das pessoas foi que não confiam que um aumento de impostos seria temporário. Apenas 5% afirmaram confiar. Os 11% restantes não souberam responder.
"É claro que ninguém acredita em imposto temporário", comenta Skaf. "Imposto vem e fica. A prova disso é que a carga tributária é cada vez mais alta. A arrecadação já está em quase R$ 2 trilhões por ano. Imposto é castigo, e não solução", avalia o dirigente.
Em relação à redução de gastos, a primeira opção mencionada pela maioria dos entrevistados foi alguma medida relacionada a cortes nos gastos com pessoal. As seguintes alternativas foram congelar salários do funcionalismo (24%), reduzir a quantidade cargos comissionados (18%) e não contratar novos funcionários no governo federal (11%).