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Turismo

- Publicada em 19 de Junho de 2016 às 22:17

Aumenta o interesse por viagens de ônibus no País

MTur aponta que 80% dos turistas preferem destinos domésticos

MTur aponta que 80% dos turistas preferem destinos domésticos


JONATHAN HECKLER/JC
Enquanto aumenta a queda da demanda por passagens aéreas, cresce o interesse dos brasileiros por viagens rodoviárias. Segundo levantamento do Ministério do Turismo (MTur), a crise econômica, que tem atingido em cheio o setor de aviação, é um dos motivos apontados por 80% dos turistas nacionais, que passaram também a focar mais os destinos domésticos. O estudo aponta que a intenção pelo uso de ônibus é a maior dos últimos cinco anos, chegando a 17,2% em maio (ante os 10,9% registrados no mesmo período de 2015). "Muitos consumidores de turismo têm se concentrado nas regiões próximas à cidade onde moram", explica o diretor de Estudos e Pesquisas do MTur, José Francisco Salles Lopes, afirmando que o crescimento da procura por transporte rodoviário pode estar vinculado a escolhas de destinos cuja distância de viagem é mais curta.
Enquanto aumenta a queda da demanda por passagens aéreas, cresce o interesse dos brasileiros por viagens rodoviárias. Segundo levantamento do Ministério do Turismo (MTur), a crise econômica, que tem atingido em cheio o setor de aviação, é um dos motivos apontados por 80% dos turistas nacionais, que passaram também a focar mais os destinos domésticos. O estudo aponta que a intenção pelo uso de ônibus é a maior dos últimos cinco anos, chegando a 17,2% em maio (ante os 10,9% registrados no mesmo período de 2015). "Muitos consumidores de turismo têm se concentrado nas regiões próximas à cidade onde moram", explica o diretor de Estudos e Pesquisas do MTur, José Francisco Salles Lopes, afirmando que o crescimento da procura por transporte rodoviário pode estar vinculado a escolhas de destinos cuja distância de viagem é mais curta.
"No entanto, a estrutura aérea ainda é a mais utilizada nas viagens domésticas", pondera Lopes, afirmando que o percentual de quem utiliza avião é de 55,6%. "Mas reduziu, comparado a maio de 2015, quando o índice era de 61%." De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), a retração vem ocorrendo há nove meses. Em abril, o recuo da demanda aérea doméstica foi de 12,2% em comparação ao mesmo período do ano passado. "No acumulado do ano, a queda da demanda é de 6,54%", informa o consultor técnico da Abear, Maurício Emboaba. Segundo ele, o pior desempenho mensal ocorreu em abril, superando fevereiro de 2013, quando houve uma baixa considerável de venda de passagens de avião. A entidade representa 99% do mercado (agregando as companhias Avianca, Azul, Gol e Latan).
O diretor de Estudos e Pesquisas do MTur detalha que os turistas brasileiros que participaram do levantamento não afirmaram que estejam deixando de viajar. "A mostra foi realizada nas regiões que representam 70% a 72% que viagens domésticas de lazer (nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Bahia e Pernambuco", contextualiza Lopes. No entanto, apesar de a intenção aparecer no estudo, segundo a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), no ano passado, houve uma redução de cerca de 10% no volume de passageiros transportados de ônibus, passando de 11,3 milhões em 2014 para 10,1 milhões em 2015. "Ainda não sentimos uma migração do turista que viaja de avião para o transporte rodoviário", afirma o gerente comercial da Ouro e Prata, Jorge Stein. A empresa realiza viagens intermunicipais, que ligam a Capital com as regiões das Missões, Norte e da Campanha, além oferecer alguma linhas de Interior; e viagens interestaduais, para o Oeste catarinense, Curitiba e São Paulo.
"Por enquanto, ainda não tivemos este reflexo, pelo contrário, desde janeiro, ocorreu uma retração de 5% neste mercado", observa. O diretor de Estudos e Pesquisas do MTur acredita que trata-se de dados ligados à sazonalidade. "O levantamento aponta a intenção de viajar, que ainda pode se consolidar nos próximos meses. Além disso, houve muitos cortes de voos, o que explica em parte este aumento de sondagem pela utilização de passagens de ônibus para distancias mais curtas."

Preço da passagem é decisivo na escolha dos viajantes

Se, por um lado, a estabilização econômica e o processo de aumento da renda nacional foram responsáveis pelo crescimento do mercado de transporte aéreo nas últimas décadas, atualmente o cenário se reverte. "A desaceleração da economia incentiva, cada vez mais, a viagem de ônibus em vez da viagem de avião", avalia o co-CEO e fundador da Click Bus, Fernando Almeida Prado. Ele justifica que um dos motivos é o preço da passagem rodoviária, que, por ser regulamentado (e ajustado só uma vez por ano), não flutua com a demanda - ao contrário das passagens aéreas.
"Para quem quer economizar, o ônibus é mais vantajoso. Um exemplo é o valor que se paga para viajar de ônibus de Porto Alegre a Florianópolis, que é cinco vezes mais baixo que o de uma passagem de avião comprada de última hora." De acordo com Prado, a empresa que atua no mercado de passagens de rodoviárias on-line já sente mudança nas vendas. Ele aponta que, em maio, as compras pela internet cresceram 100% em comparação com o mesmo período do ano passado, sendo que a expectativa para o próximo mês é ainda mais positiva devido às férias escolares do meio do ano.
Já para as companhias aéreas, a atual conjuntura "é muito ruim", afirma o consultor técnico da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), Maurício Emboaba. "Juntamente com a queda acentuada da demanda, os preços das passagens de avião continuam caindo. Então as pessoas estão consumindo menos e, quando consomem, gastam menos também." Para piorar, completa o consultor, na contramão, há um aumento "significativo" dos custos.
"A indústria tem 60% dos custos vinculados ao câmbio, então diminuir a quantidade de passageiros, que estão pagando cada vez menos, com custos mais altos, é bastante negativo para as companhias aéreas."
Emboaba destaca que o mais preocupante é que, se antes as taxas de crescimento de vendas eram decrescentes, agora os índices de queda estão progressivamente mais negativos. "A interpretação que temos é que esta é uma repercussão das dificuldades da economia", declara. Segundo o consultor, "há mais de 40 anos" que existe uma correlação da demanda do transporte aéreo doméstico com o crescimento do PIB.
"Não significa que as vendas estão caindo na mesma proporção que cai a taxa do PIB, mas é uma tendência", explica. Ainda de acordo com o especialista, a redução do número de voos é uma consequência da retração que o mercado vem passando. "É a forma que as agências encontraram para se defender, suavizando o impacto da queda de demanda."