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Recursos hídricos

- Publicada em 31 de Maio de 2016 às 09:18

Crise hídrica: Escassez e excesso

População deve cobrar melhor qualidade no tratamento de esgoto

População deve cobrar melhor qualidade no tratamento de esgoto


JOÃO MATTOS/ARQUIVO/JC
A falta d'água no Sudeste brasileiro sensibilizou o País sobre um problema global: a crise hídrica. A Região Metropolitana de São Paulo passou, em 2014 e 2015, pela maior falta de água desde 1930, quando começaram as medições. O sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de quase metade da população da região, atingiu recordes negativos. A meteorologia não ajudou paulistas, cariocas e mineiros. Mas a escassez é uma parte da crise hídrica. Enquanto o Sudeste sofreu com a seca, Rio Grande do Sul e Santa Catarina enfrentaram as mudanças climáticas com frequentes chuvas fortes. Para lembrar: nos últimos meses de 2015, o nível do lago Guaíba, em Porto Alegre, atingiu a maior marca nos últimos 74 anos, cheia que atingiu a região das ilhas.
A falta d'água no Sudeste brasileiro sensibilizou o País sobre um problema global: a crise hídrica. A Região Metropolitana de São Paulo passou, em 2014 e 2015, pela maior falta de água desde 1930, quando começaram as medições. O sistema Cantareira, responsável pelo abastecimento de quase metade da população da região, atingiu recordes negativos. A meteorologia não ajudou paulistas, cariocas e mineiros. Mas a escassez é uma parte da crise hídrica. Enquanto o Sudeste sofreu com a seca, Rio Grande do Sul e Santa Catarina enfrentaram as mudanças climáticas com frequentes chuvas fortes. Para lembrar: nos últimos meses de 2015, o nível do lago Guaíba, em Porto Alegre, atingiu a maior marca nos últimos 74 anos, cheia que atingiu a região das ilhas.
Para Uwe Horst Schulz, professor da Faculdade de Biologia da Unisinos, a situação do Brasil não é só obra de São Pedro: mais do que condições climáticas - de escassez ou excesso de chuva -, a crise está relacionada ao desenvolvimento das cidades. "Nós vivemos problema sérios relacionados à qualidade das águas. São Leopoldo, onde vivo, teve crescimento importante nos últimos 15 anos, e a infraestrutura não acompanhou", comenta o alemão, que vive no País há 20 anos.
A bacia do rio Piracicaba, onde está localizado o sistema Cantareira, fica a 70 quilômetros da capital paulista, que é banhada pelas águas poluídas do rio Tietê. "O passo mais lógico não seria cuidar do manancial da própria cidade? É um descaso! É claro que a meteorologia agrava, mas a situação já é de vulnerabilidade", adverte.
Quando Schulz ainda morava na Alemanha, nos anos 1970, o país viveu um período de poucos recursos hídricos. Na época, parte importante dos rios encontrava-se com níveis críticos de poluição. "Foram tomadas medidas drásticas e aplicado investimento pesado para recuperá-los. E conseguiram! Hoje, o rio Reno tem mais qualidade do que 20 anos atrás." O lago Constança, entre Suíça, Alemanha e Áustria, é outro exemplo de recuperação. "Fonte de abastecimento de 4 milhões de pessoas, recebeu investimentos próximos a 20 bilhões de francos suíços para torna-se utilizável novamente."
A crise hídrica, segundo Schulz, é sempre relacionada à escassez de água. No entanto, o excesso também pode ser considerado crise. Em sua pesquisa, o docente tem estudado a qualidade da água dos banhados, essenciais para a purificação do recurso até sua chegada aos rios. De 1985 a 2015, a área de banhados próximos aos mananciais reduziu 70%. "As cidades tem invadido as várzeas dos rios, consideradas áreas de inundação. É um desenvolvimento perigoso, que, conforme assistimos nos últimos meses, inclusive no Rio do Sinos, pode causar estragos grandes", afirma.
A indústria está mais avançada do que os municípios em termos de tratamento das águas. "O esgoto cloacal está relacionado a 90% dos problemas de qualidade de água. O papel da população é cobrar isso dos políticos. As pessoas só lembram deste assunto no verão, quando abrem a torneira e não sai uma gota sequer", reflete.

Respeito ao ciclo da água

Linha 2 do complexo industrial da Celulose Riograndense está entre as cinco fábricas do setor mais modernas do mundo

Linha 2 do complexo industrial da Celulose Riograndense está entre as cinco fábricas do setor mais modernas do mundo


CELULOSE RIOGRANDENSE/DIVULGAÇÃO/JC
"A água muda de estado. Ela nunca desaparece. O cuidado que devemos ter, ao usá-la, é recolocá-la em seu ciclo com a qualidade compatível àquela que encontramos." É assim que o empresário Walter Lídio Nunes, presidente da Celulose Riograndense, explica a motivação da empresa instalada em Guaíba, na Região Metropolitana, ao investir em tecnologias para que a indústria fique de bem com o meio ambiente.
A Linha 2 do complexo industrial da Celulose Riograndense está entre as cinco fábricas de celulose mais modernas do mundo, com tratamento primário, secundário e terciário de efluentes, reciclagem de 99,7% dos resíduos sólidos e geração da própria energia, entre outras inovações. "A água é utilizada por aqui de maneira eficiente. Usamos o mínimo e colocamos de volta à corrente hídrica com qualidade. Para isso, investimos nas mais modernas tecnologias para uso e tratamento de água", explica. A Linha 1, responsável pela produção de 450 mil toneladas/ano de celulose, também recebeu investimentos. "Fizemos otimizações principalmente na parte de consumo de água. A partir de agora, vamos consumir, com as duas linhas em funcionamento, 60% da água que consumíamos apenas com a planta 1. Isso significa que, além de aumentar a capacidade de produção em cerca de quatro vezes, estamos reduzindo consideravelmente o consumo de água, graças à introdução de novas tecnologias."
Nunes é categórico: "a água será um recurso cada vez mais valioso. O ciclo das águas é constantemente perturbado por ter demanda demais e é preciso que todos estejam engajados com a conservação das fontes. O saneamento básico é um problema sério, uma questão de saúde pública", adverte.

Uso e reuso

Kärcher desenvolveu um sistema de reciclagem que permite a recuperação de até 90% da água consumida em lavadoras de alta pressão

Kärcher desenvolveu um sistema de reciclagem que permite a recuperação de até 90% da água consumida em lavadoras de alta pressão


KARCHER /DIVULGAÇÃO/JC
Um lava-rápido profissional de alta pressão tem um gasto para a limpeza de cada carro de cerca de 300 litros. Se o local atender 60 veículos por dia, o gasto será de 18 mil litros. A Kärcher, empresa líder mundial em soluções de limpeza, percebendo a importância da água para seu negócio, desenvolveu um sistema de reciclagem que permite a recuperação de até 90% da água consumida.
O equipamento é compacto, facilitando a instalação, e trata efluentes industriais e de lavagem com baixo custo operacional. É totalmente automatizado e opera dentro dos parâmetros exigidos pelos órgãos responsáveis, respeitando todas as normas ambientais. "Com o sistema, passaria a gastar apenas 2 mil litros por dia. Os 16 mil litros economizados poderiam atender às necessidades diárias de 150 pessoas durante um mês", explica Rafael Ferrari, gerente de marketing da Kärcher. E é necessário apenas que o local disponha de energia elétrica, e o cliente, de uma caixa fechada para armazenar a água reciclada.