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Porto Alegre, ter�a-feira, 17 de maio de 2016. Atualizado �s 22h05.

Jornal do Com�rcio

Panorama

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Artes C�nicas

Not�cia da edi��o impressa de 18/05/2016. Alterada em 17/05 �s 16h57min

Pe�a A Santa Joana dos Matadouros estreia no Palco Girat�rio Sesc

Com texto de Brecht, montagem � atra��o hoje e amanh� na Capital

Com texto de Brecht, montagem � atra��o hoje e amanh� na Capital


CAB�RA /DIVULGA��O/JC
Michele Rolim
O texto do dramaturgo alemão Bertolt Brecht segue mais vivo que nunca. Sua peça A Santa Joana dos Matadouros propõe uma reflexão política tão atual para o século XXI quanto para a época em que foi escrita (entre 1929-1931). Idealizada por Marina Vianna, a adaptação da obra realiza duas apresentações dentro do Palco Giratório Sesc: hoje e amanhã, às 19h, no Teatro Sesc Centro (Alberto Bins, 665).
Crise econômica, miséria, patrão que explora o empregado e o trabalhador que luta pela sobrevivência são temas presentes na peça. Brecht escreveu A Santa Joana dos Matadouros em meio à crise econômica mundial de 1929. O enredo é ambientado nos matadouros de Chicago, nos Estados Unidos, durante um rigoroso inverno, o que intensifica as diferenças sociais e agrava a luta dos trabalhadores em busca de comida e abrigo.
O espetáculo acompanha o percurso de Joana, uma jovem missionária que se dedica a fazer pregações religiosas entre os trabalhadores da cidade enquanto aprende o complexo funcionamento do processo do capital.
O texto foi uma das três dramaturgias investigadas pela diretora Marina Vianna em seu doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, defendido em 2012: Ensaios sobre a Dimensão Estética da Política: A Morte de Danton, A Santa Joana dos Matadores e A Missão. Três dramaturgias que, por vezes, são rotuladas pejorativamente "políticas" ou "datadas". "Ao montar a peça, meu desejo é de tirar Brecht desse lugar em que ficou cristalizado. Ele é extremante necessário, pois coloca a política dentro das relações humanas", relata Marina.
A montagem, que estreou em 2015 já com o cenário político em ebulição - embora sem os desdobramentos atuais -, já chamava atenção em relação às semelhanças com a situação do Brasil como no trecho: "Se alguém constrói uma barragem contra a irracionalidade das águas, e a barragem cede... o que é o homem que constrói esse tipo de obra? Vocês dirão que é um homem de negócios, mas nós dizemos a vocês que ele é um tonto". Conforme a diretora, o texto faz uma alusão direta ao rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana (MG), a maior tragédia socioambiental da história brasileira.
Mas o diálogo direto com o contemporâneo não para por ai. Isso se mostra evidente na cena O capital e a religião, na qual um dos personagens, P. P. Bocarra, discursa sobre o quanto o capitalismo e a religião são indispensáveis um ao outro. "Quando você vê uma Câmara dos Deputados votando em nome de Deus e de seus interesses privados, a associação é imediata", comenta a diretora.
"Brecht deixa lacunas no seu texto, de forma que a leitura contemporânea é sempre possível. Ele queria que as suas peças fossem desmontadas e remontadas, era um violador de regras. Para ser fiel ao Brecht, temos que traí-lo de alguma forma", defende Marina.
Essa é a sua primeiro direção. Ela optou por trabalhar com um elenco jovem ao lado de Diogo Liberano, de 28 anos, que também assina a direção. "Venho da Geração Coca-Cola. O jovem de hoje está com a política mais latente é só percebemos esses movimentos de ocupação das escolas", conta ela, que nasceu em 1969.
Para a diretora, apesar de o título representar o nome da personagem (interpretada em Porto Alegre por Elisa Pinheiro), a montagem fala do não protagonismo de um sujeito coletivo. Algumas questões nortearam o trabalho da encenação: como figurar a dor física em cena e as multidões? Elas são possíveis de representação?
O trabalho não foge ao Teatro Épico proposto pelo alemão - aquele que visa causar no espectador um efeito de distanciamento. "Brecht trabalha com todos os elementos encantatórios do teatro como a fábula, um pequeno romance, as músicas e a narrativa. Ele te hipnotiza e depois te tira o tapete", brinca Marina.
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