Às 23h08min a oposição conquistou em votação na Câmara dos Deputados os 342 votos, dois terços do número total de deputados, para aprovar a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff. O processo agora segue ao Senado, que deve fazer nova votação para definir se acolhe ou não o processo de afastamento da presidente de República.
O voto que encaminhou o impeachment foi dado pelo deputado Bruno Araújo (PSDB-PE).
A votação prosseguiu e terminou pouco antes da meia-noite, com o seguinte placar final: 367 votos a favor, 137 votos contra e 7 abstenções. Foram registradas ainda duas ausências (Aníbal Gomes, do PMDB-CE, e Clarissa Garotinho, do PP-RJ).
A sessão histórica deste domingo (17) teve a presença de 511 deputados no plenário, que representam 99,6% dos 513 integrantes da Casa. Em 1992, quando a Câmara tinha 503 deputados no total, 480 compareceram à votação do impeachment de Collor, 95,4% do total.
A sessão de votação do impeachment foi aberta pontualmente às 14h pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que explicou o rito que seria adotado para a votação. A seguir, os 25 líderes de partidos da Câmara se manifestaram na tribuna e encaminharam os votos de suas bancadas. Também tiveram direito à palavra os líderes da minoria, deputado Miguel Haddad (PSDB-SP), e do governo, José Guimarães (PT-CE).
O primeiro deputado a votar foi Washington Reis (PMDB-RJ), que recebeu prioridade por motivo de doença – veio do hospital, onde estava internado por suspeita de gripe H1N1. A votação a seguir prosseguiu conforme o previsto no regimento interno da Câmara, com chamada alternada de deputados da Região Norte para a Região Sul: primeiro foi Roraima (7 votos sim, 1 voto não), depois o Rio Grande do Sul (22 votos a favor, 8 contra e uma abstenção).
O último a votar será o deputado Ronaldo Lessa (PDT-AL).
A presidente Dilma Rousseff acompanhou a sessão do Palácio da Alvorada, em Brasília. Ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros e aliados políticos, Dilma permaneceu em sua residência oficial o dia todo – saindo apenas rapidamente para andar de bicicleta nos arredores do Alvorada. Os ministros da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, da Chefia de Gabinete da Presidência, Jaques Wagner, do Trabalho e Emprego, Miguel Rossetto, e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, monitoraram os debates no plenário da Câmara junto com Dilma. Giles Azevedo, assessor especial de Dilma, também se encontrava no local.