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Conjuntura Internacional

- Publicada em 31 de Março de 2016 às 22:02

FMI sugere maior integração financeira na América Latina

Brasileira BM&FBovespa adquiriu uma participação na Bolsa de Santiago, do Chile

Brasileira BM&FBovespa adquiriu uma participação na Bolsa de Santiago, do Chile


MIGUEL SCHINCARIOL/AFP/JC
Os governos de países da América Latina devem buscar ampliar a integração financeira da região, afirma o estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira. A região é menos integrada que outras áreas do planeta e, entre medidas sugeridas pelo relatório, o Brasil deveria permitir a venda de bônus de empresas da região e de países vizinhos em seu mercado doméstico.
Os governos de países da América Latina devem buscar ampliar a integração financeira da região, afirma o estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira. A região é menos integrada que outras áreas do planeta e, entre medidas sugeridas pelo relatório, o Brasil deveria permitir a venda de bônus de empresas da região e de países vizinhos em seu mercado doméstico.
A avaliação do FMI é de que o fim do superciclo das commodities e o rebalanceamento da economia chinesa "produziram uma forte desaceleração do crescimento na maior parte da América Latina" nos últimos anos, além de problemas domésticos de alguns mercados. Essa mudança mostra a necessidade de "identificar caminhos novos e alternativos para o crescimento". Isso exige capital novo e mercados financeiros profundos, ressalta o documento.
"É evidente que os países latino-americanos terão de estudar uma mudança de estratégia para continuar a desenvolver seus mercados financeiros", afirmam os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e Diva Singh, destacando que pode ter chegado a hora de os governos repensarem a estratégia regional de integração.
Uma maior integração financeira na região seria positiva por diversos fatores, afirma o estudo, incluindo o aumento da diversificação do risco e maior concorrência em países onde a saída de bancos estrangeiros levou à ampliação da concentração bancária.
O FMI cita que há algumas iniciativas para aumentar a integração, mas é preciso avançar mais. Entre estas medidas, os países da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, México e Peru) lançaram o Mercado Integrado Latino-Americano (Mila), com o objetivo final de unificar seus mercados de valores mobiliários. O relatório ressalta ainda que seria o momento oportuno para reanimar a antiga aliança do Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela) para a criação de um mercado comum entre seus membros, sobretudo agora que a Argentina tem um presidente que sinaliza disposição de mudanças.
No setor privado, o documento menciona que a BM&FBovespa tem procurado se integrar mais com as bolsas da região e comprou uma participação na Bolsa de Santiago, no Chile. Entre os bancos, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia têm procurado ampliar a atuação além de seus mercados. Mesmo assim, a região segue menos integrada do que a média de outras partes do planeta. Para o FMI, um histórico de várias crises financeiras e questões regulatórias podem explicar a baixa integração dos países latinos.
O estudo sugere uma série de medidas para facilitar a ampliação da integração financeira da região. No caso brasileiro, além de permitir que empresas e países da região vendam bônus no mercado local, o relatório sugere que o governo amplie a possibilidade de investidores institucionais do País investirem em outros mercados e reduza a fragmentação do mercado de bônus públicos.

Bancos estrangeiros aceleram saída da região, mostra relatório da entidade

Grandes bancos internacionais, sobretudo de Estados Unidos e Europa, estão deixando a América Latina em ritmo acelerado, afirma um estudo de economistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgado nesta quinta-feira. Sem novos entrantes de peso, instituições financeiras de países como Brasil e Colômbia vêm ampliando a presença em outros mercados.
Bancos como o espanhol Santander, os franceses Crédit Agricole e BNP Paribas, o alemão Deutsche Bank, o inglês HSBC e o norte-americano Citigroup tomaram iniciativas de reduzir a exposição em países da região ou sair de vez de alguns mercados. No Brasil, o Citi colocou suas operações de varejo para pessoa física à venda, e o HSBC foi comprado pelo Bradesco.
Esse movimento de saída de bancos internacionais se intensificou nos anos que se seguiram à crise financeira mundial de 2008. Após grandes bancos quebrarem e outros precisarem de socorro financeiro emergencial, os governos da Europa, Estados Unidos e outros países apertaram as exigências de capital e a regulação para os bancos. Para se adequarem, essas instituições, muitas fragilizadas em seus próprios mercados domésticos, começaram a reduzir operações no exterior e a vender negócios não essenciais, ressalta o FMI.
"Nenhum grande banco europeu ou norte-americano entrou no mercado latino-americano para ocupar o lugar dos que saíram, o que resultou na consolidação crescente dos sistemas bancários domésticos em muitos países", afirmam os autores do estudo, Charles Enoch, Mohamed Norat e Diva Singh. Por isso, o FMI destaca que bancos de países como Brasil e Colômbia estão ampliando a atuação regional. No caso brasileiro, o relatório cita o Itaú, que sozinho tem mais ativos que quase "todo o sistema bancário do México", e tem perseguido uma estratégia de regionalização, seja por fusões e aquisições ou investimentos em outros países. O BTG também tem buscado se tornar um banco de investimento regional.