Família Sartori

O juiz Sérgio Moro comparou o caso Watergate com as escutas autorizadas das conversas do ex-presidente Lula (PT). O caso Watergate também permite fazer outras ilações. Richard Nixon se enrolou todo, porque mentiu. Bill Clinton quase se estrepou no caso Monica Lewinsky, porque mentiu, seguindo a moral calvinista. Fosse lá, Lula estaria fora há muito tempo.

O Bloco Fusca Azul promove, neste sábado, movimento cultural na Praça Tamandaré, no bairro Petrópolis, a partir do meio-dia até às 17h, quando se desloca até a Praça da Encol. A confraternização será pró-Instituto do Câncer Infantil.

A tradição brasileira de rir de tudo está viva. No Whatsapp, correu um comentário de que se Dilma Rousseff (PT) cair, Celso Roth assume. Só que o salário é bem menor e o risco, muito maior.

Custa crer que, em todo esse tempo em que governou o Brasil, a cúpula petista do governo tenha tropeçado tanto nas próprias pernas (e palavras). O Olimpo tem essa desvantagem: os pés perdem contato com o chão.

Era nítido o desconforto de Lula na cerimônia da sua posse como ministro da Casa Civil. Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) parecia estar com todo o gás, ele parecia estar murcho. E deve ter sido a primeira vez que os brasileiros viram o loquaz Lula silente.

A massa que foi engrossando na medida em que descia a avenida Independência rumo à Praça da Matriz na noite de quarta-feira foi de impressionar. Primeiro houve o buzinaço/panelaço espontâneo no final da tarde. Mais tarde, quando a ponta da multidão chegava na esquina com a Garibaldi, a outra ponta recém passava a Ramiro Barcelos.

A epidemia de caradurismo na política brasileira lembra uma história pós-1964. Um líder ferroviário do interior foi preso e levado ao 19º RI, em São Leopoldo. Perguntaram a ele se fazia parte do Grupo dos 11, de Leonel Brizola, organização de resistência ao regime militar. Perguntaram qual era seu grau de intimidade com o governador. Ora, nenhuma, espantou-se.

 

O ferroviário jurou por todos os santos titulares e reservas que não conhecia nem os 11 nem Leonel Brizola. Exasperado, o interrogador mostrou a ele uma foto onde ele aparecia colado com o governador em um comício. "Esse sou eu", falou convicto. O outro é Brizola, redarguiu o militar. "Virge Nossa Senhora, esse é o Brizola? Fosse uma cobra tinha me picado!"

 

Trecho da nota do ex-governador Olívio Dutra (PT): "Com essa atitude, nas bordas da vilania política, de mandar grampear e, depois, divulgar as conversas, insidiosamente gravadas pela PF, o juiz Sérgio Moro assumiu explicitamente sua personalidade de tiranete que escondia sob a toga austera de Templário do Bem contra o Mal. Tornou-se uma síntese caricata do estado de direito fascista, estalinista e nazista".

 

Trechos da nota do ministro João Otavio de Noronha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), referindo-se aos comentários de Lula: "Essa Casa não é uma Casa de covardes, é uma Casa de juízes íntegros, que não recebe doação de empreiteiras (...) mostra a pretensão ditatorial, o caráter, a arrogância de quem pronunciou tais palavras. A atitude do juiz Moro, gostem ou não, certa ou errada, revelou a podridão que se esconde atrás do poder".