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- Publicada em 07 de Março de 2016 às 15:42

Voz, ritmo e resistência

Integrantes do grupo são jovens trabalhadores e estudantes, que contam com apoio do compositor  Telmo Flores (centro)

Integrantes do grupo são jovens trabalhadores e estudantes, que contam com apoio do compositor Telmo Flores (centro)


LAURENCE WEST /DIVULGAÇÃO/JC
A recriação da história afro-brasileira, o percurso das comunidades negras de diferentes épocas e a importância da resistência à escravidão são alguns dos temas que inspiram as letras da Banda Kalunga, grupo formado em Porto Alegre a partir de laboratórios musicais e da interação de músicos e artistas que circulavam pelo Centro de Vivência do Campus do Vale, da Ufrgs. A banda fez sua estreia em julho de 2014 e atualmente é formada por jovens trabalhadores e estudantes universitários. Os músicos se articulam junto ao mestre Telmo Flores, principal compositor do grupo e que possui uma importante trajetória de militância junto ao Movimento Negro Unificado (MNU) e à Frente Quilombola, além de ser fundador da Escola de Samba do Quilombo do Areal da Baronesa.
A recriação da história afro-brasileira, o percurso das comunidades negras de diferentes épocas e a importância da resistência à escravidão são alguns dos temas que inspiram as letras da Banda Kalunga, grupo formado em Porto Alegre a partir de laboratórios musicais e da interação de músicos e artistas que circulavam pelo Centro de Vivência do Campus do Vale, da Ufrgs. A banda fez sua estreia em julho de 2014 e atualmente é formada por jovens trabalhadores e estudantes universitários. Os músicos se articulam junto ao mestre Telmo Flores, principal compositor do grupo e que possui uma importante trajetória de militância junto ao Movimento Negro Unificado (MNU) e à Frente Quilombola, além de ser fundador da Escola de Samba do Quilombo do Areal da Baronesa.
Com uma formação que conta com violão, guitarra, baixo, bateria, percussões e três cantores de apoio, a Banda Kalunga vem batalhando, por meio de um financiamento coletivo no site Catarse para angariar verbas para finalização do primeiro CD do grupo, intitulado "Na trilha e no ritmo do negro". Por meio de um edital lançado pela prefeitura de Porto Alegre no ano passado, o coletivo foi premiado com 160 horas de estúdio para gravação, mixagem e masterização de um CD, o que possibilitou o registro de 10 músicas autorais. "Agora estamos buscando fundos para materializar esse sonho de lançar um CD com músicas que tragam uma visão de mundo que fortaleça a luta do povo negro", explica Rafael Mautone, baterista da banda. O conjunto busca a arrecadação de R$ 8 mil, a partir de colaborações com valor mínimo de R$ 20,00 que podem ser doados até o final do mês de março por meio da plataforma (www.catarse.me/pt/kalunga).
A banda destaca que o CD será utilizado como material didático para a realização de oficinas, palestras e apresentações musicais em quilombos, comunidades, escolas e outros locais - atividades que já são desenvolvidas, mas que serão intensificadas com o lançamento do CD. Através de suas letras, o coletivo busca divulgar a importância dos quilombos como espaços de empoderamento e preservação da cultura africana e milita pela titulação destes espaços. Além disso, no site intermediário do projeto, o grupo afirma que, desde sua fundação, a Kalunga trabalha para "impulsionar a divulgação da cultura, das lutas e da resistência do povo negro, para estimular a pesquisa histórica do negro no Brasil e no ambiente acadêmico, além de funcionar com instrumento para a ampliação da luta pelo fim do racismo".
Além de resgatar e preservar a história afro-brasileira, as letras tratam também de assuntos contemporâneos, como a criminalização da população negra e periférica, intensificada nas abordagens policiais, que é tema de "Subo o Morro". O poder da mulher negra, o racismo velado e as dificuldades impostas à população negra também são retratados nas canções, que misturam diversos ritmos, como o funk, o reggae, o ska e o samba, a capoeira, entre outros.
No Brasil, os termos Calunga ou Kalunga são atribuídos a descendentes de escravos fugidos e libertos das minas de outro do Brasil e que formaram comunidades autossuficientes e vivem há mais de 200 anos isolados em regiões remotas, localizadas próximas à Chapada dos Veadeiros. O Quilombo dos Kalunga, por exemplo, localizado no Norte de Goiânia, possui 272 mil hectares e compreende os os municípios de Cavalcante, Teresina de Goiás e Monte Alegre. O espaço é organizado em mais de 20 comunidades e 42 localidades e vivem lá mais de duas mil famílias, totalizando aproximadamente oito mil pessoas.
Já para os grupos africanos de origem Banto, a palavra Kalunga fazia alusão a tipos de passagem, podendo representar tanto a viagem de um corpo físico quanto uma passagem sobrenatural. Mais tarde, o termo passou a ser empregado para designar a superfície que separava o mundo dos vivos e dos mortos, significando a travessia ou o retorno da vida em cativeiro para a vida em liberdade.
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