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Conjuntura

- Publicada em 12 de Janeiro de 2016 às 22:22

Mercado de veículos deverá focar o Brasil

 VOLKSWAGEN ASSEMBLY LINE WORKES PUT TOGETHER THE AUTO MAKER'S VW TIGUAN AND TOURAN MODELS ON MARCH 7, 2012 IN WOLFSBURG, CENTRAL GERMANY. GERMAN MULTINATIONAL AUTOMOTIVE MANUFACTURING GROUP IS HEADQUARTERED IN WOLFSBURG. AUTO GIANT VOLKSWAGEN EXPECTS TO POWER AHEAD IN 2012 THROUGH THE INROADS IT HAS MADE IN DIVERSIFYING ITS MARKETS, WITH "IMPRESSIVE" DELIVERIES RECORDED FOR EARLY 2012 DESPITE A CRISIS IN EUROPE.    AFP PHOTO / ODD ANDERSEN

VOLKSWAGEN ASSEMBLY LINE WORKES PUT TOGETHER THE AUTO MAKER'S VW TIGUAN AND TOURAN MODELS ON MARCH 7, 2012 IN WOLFSBURG, CENTRAL GERMANY. GERMAN MULTINATIONAL AUTOMOTIVE MANUFACTURING GROUP IS HEADQUARTERED IN WOLFSBURG. AUTO GIANT VOLKSWAGEN EXPECTS TO POWER AHEAD IN 2012 THROUGH THE INROADS IT HAS MADE IN DIVERSIFYING ITS MARKETS, WITH "IMPRESSIVE" DELIVERIES RECORDED FOR EARLY 2012 DESPITE A CRISIS IN EUROPE. AFP PHOTO / ODD ANDERSEN


ODD ANDERSEN/AFP/JC
O Brasil se posiciona, cada vez mais, como plataforma de exportação de veículos, e vai precisar de mais e mais demanda ante as expansões de capacidade projetadas para os próximos anos. O problema é o ritmo de encomendas dos potenciais clientes no exterior. O baixo crescimento projetado nas principais economias da América do Sul, que são naturalmente focos para desembarques de automóveis e caminhões produzidos pela indústria brasileira, deve adiar o aumento de vendas, opinou ontem o pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Rodrigo Morem da Costa.
O Brasil se posiciona, cada vez mais, como plataforma de exportação de veículos, e vai precisar de mais e mais demanda ante as expansões de capacidade projetadas para os próximos anos. O problema é o ritmo de encomendas dos potenciais clientes no exterior. O baixo crescimento projetado nas principais economias da América do Sul, que são naturalmente focos para desembarques de automóveis e caminhões produzidos pela indústria brasileira, deve adiar o aumento de vendas, opinou ontem o pesquisador da Fundação de Economia e Estatística (FEE) Rodrigo Morem da Costa.
Destaque da primeira Carta de Conjuntura de 2016, a via das exportações como saída para desafogar pátios lotados das fabricantes locais foi desacreditado por Costa. "A fatia ainda pequena do volume exportado (15% do total) e o baixo crescimento reforçam que a tendência de recuperação passará ainda pelo mercado interno", avaliou o pesquisador. O Brasil teve boom de venda de carros até 2012. No segundo semestre de 2013, a demanda interna pisou no freio. Foram 115 mil demissões de trabalhadores formais de setembro de 2013 a novembro de 2015. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) apurou queda de 26,6% na venda no ano passado. Foram 2,569 milhões de unidades, voltando ao cenário de 2007, que teve 2,463 milhões.
O autor do artigo ponderou que mesmo acordos comerciais no setor com países da região e com México não devem ter efeito sobre os negócios no curto prazo. O governo federal renovou acordos de complementariedade econômica com México, Argentina, Uruguai e Colômbia, mantém negociações para selar um canal com o Paraguai, e as montadoras desejam que as tratativas sejam ampliadas para Peru e Chile. Estes últimos dois países estão no Tratado de Livre Comércio Transpacífico, selado em outubro de 2015 e que inclui ainda Estados Unidos e Japão.
Costa apontou que as divisas respondem por 15% do volume exportado do setor. Projeção da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) indica queda de 0,8% para o Produto Interno Bruto (PIB) na América do Sul neste ano. No Brasil, o recuo deve ultrapassar 2%. O pesquisador citou ainda que o recente Plano Nacional de Exportações (PNE), aposta do governo Dilma Rousseff para melhorar o front externo em meio à desvalorização cambial, será decisivo para consolidar, no futuro, a posição brasileira de plataforma produtiva na região. "O PNE é correto, por estabelecer a busca de acordos, mas o resultado no curto prazo será limitado", reforçou Costa.
O modelo da indústria segue o da internacionalização, com fábricas que geram modelos de veículos que atendem a mercados diferentes, além de maior aporte de tecnologia. No Estado, a unidade da General Motors em Gravataí, considerada uma das mais eficientes da marca no mundo, está no pacote de investimentos avaliados em R$ 13 bilhões nos próximos anos. Um dos focos será abastecer o mercado global. Mas a fábrica enfrenta suspensão de parte de trabalhadores (lay-off) que vai até abril. No fim o ano, o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí estimou em 25 mil unidades prontas estocadas em pátios na montadora e em áreas locadas na Região Metropolitana.

Salário-mínimo alavancou baixa remuneração na Região Metropolitana de Porto Alegre

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JOÃO MATTOS/JC
A política de salário-mínimo no Brasil ajudou a reduzir distâncias entre as remunerações mais baixas e mais altas dos trabalhadores, além de puxar o que é considerada a faixa de baixo dos rendimentos de ocupados. A conclusão é do economista da FEE Raul Luís Assumpção Bastos, que confrontou a evolução de ganhos entre 1995 e 2014 e apontou os efeitos do crescimento real de 106,1% no valor do piso nacional para a base da estrutura salarial do mercado da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA).
"A valorização do salário-mínimo contribuiu para reduzir a desigualdade e também a incidência de empregos de baixos salários", assegurou o pesquisador, que utilizou no estudo dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) da RMPA e referências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e indicadores, como o Coeficiente de Gini (que mede desigualdades de renda) e o Índice de Kaitz (relação entre salário-mínimo e médio do mercado). O economista observou que o piso serve como barreira à manutenção de valores mais baixos.
Entre os achados, Bastos indicou que o salário médio real nos quase 20 anos analisados subiu 13,2%, enquanto a porção mais baixa de ganhos avançou 50,2%. Para embasar a tese de diminuição da diferença, o economista comparou a evolução das correções dos chamados decis que compõem o Gini. Bastos mostrou que o primeiro decil de salário-hora (base da estrutura em que está o padrão mais baixo de ganhos) teve alta de 71,5% de 1995 a 2014, enquanto o nono nível (entre os mais altos) fico estável, com alta de 0,3%.
"Isso reforça que ocorreu uma queda da desigualdade salarial, influenciada pelo processo de valorização do salario-mínimo real", associou o autor do estudo da Carta de Conjuntura da FEE de janeiro. Na aplicação do Índice de Kaitz, quanto maior o indicador, menor a parcela relativa de empregos de baixos salários na região. O índice saiu de 0,21, em 1995, para 0,37 em 2014. Segundo Bastos, a proporção de postos de baixa remuneração passou de 28,1% a 14,7% no período.