Ricardo Gruner
Pelas contas do vocalista Fabrício Beck, é a quarta apresentação da Vera Loca no Theatro São Pedro (Pç. Mal. Deodoro, s/nº) nos últimos anos. Atualmente em fase de pré-produção de um disco novo de inéditas, os músicos sobem ao palco amanhã, a partir das 21h. A apresentação volta a enfatizar o formato desplugado com o qual o grupo gravou álbum acústico no mesmo teatro, em maio de 2014. Ingressos podem ser adquiridos na bilheteria ou pelo site
www.compreingresso.com.br. Os valores variam de R$ 25,00 a R$ 80,00 - preços referentes à entrada inteira.
De acordo com o cantor da Vera Loca, a intenção é, aos poucos, criar uma tradição, com uma ou duas pequenas temporadas no São Pedro por ano. "Nesse verão vai ser um só show, mas no ano passado foram dois, ambos cheios", conta ele, revelando inspiração na relação que a Nenhum de Nós mantém com o espaço. Entretanto, mesmo com o sucesso do disco, a Vera Loca nunca chegou a fazer uma turnê para divulgar o trabalho. O que há é um revezamento entre este espetáculo, propício para apresentações em auditórios, e o show elétrico, oposto ao de amanhã.
Na verdade, segundo Beck, Vera Loca - Acústico até nasceu por acidente. Na época, os músicos haviam sido convidados para participar da coletânea Espelho retrovisor, um tributo aos Engenheiros do Hawaii que também conta com versões de Bebeto Alves, Dingo Bells, Esteban e A Banda Mais Bonita da Cidade, entre outros artistas. "Surgiu a ideia de gravar Parabólica ao vivo, e não em estúdio. Como montamos todo o aparato para captar aquela música no Theatro São Pedro, acabamos registrando o show inteiro", explica. "Quando fomos ouvir o copião, não aguentamos e lançamos." Como resultado, o quinteto tem na carreira uma sequência improvável de dois lançamentos ao vivo - o primeiro é um DVD no Bar Opinião.
Para 2016, se dedicar a um novo álbum de inéditas é o objetivo de Beck (que amanhã se encarrega do vocal, flauta, ukelele e violão), Hernán González (violão), Filipe "Mumu" Bortholuzzi (contrabaixo, violão e vocais), Luígi Viera (bateria) e Diego Dias (acordeón, piano e vocais). Conforme o cantor, o quinteto acumula mais de 30 canções para a pré-produção. "Desde o segundo semestre de 2015 já viemos nos preparando", conta ele. "Está mais do que na hora de lançar material original (o mais recente é Parece que foi ontem, de 2011)."
Enquanto isso, no show de amanhã, os artistas reprisam sucessos da trajetória do grupo. Com timbres e arranjos de perfil folk, entram no repertório canções como Sol a sol, Palácio dos enfeites, Aos meus amigos e A despedida - além de outras presentes em uma carreira que começou no ano de 2002, com o álbum Meu toca discos se matou.
De lá para cá, algumas características não mudaram na Vera Loca. A formação é basicamente a mesma - apenas o responsável pelas baquetas mudou - e a ideia de colocar o pé na estrada segue igual. Em 2016, o quinteto já passou por Novo Hamburgo e Palmeiras das Missões, no Rio Grande do Sul, e também esteve em Porto Belo, em Santa Catarina. Outro elemento que ainda faz parte da rotina dos músicos é a admiração pelo rock produzido na Argentina e no Uruguai. "Embora o Hernán seja argentino, nós brincamos que ele passou a gostar do rock de lá conosco", lembra Fabrício Beck. Ao longo do percurso artístico do cantor, ele e seus colegas até gravaram versões em português para algumas faixas compostas em países vizinhos: na versão da Vera, Lamento boliviano, dos Enanitos Verdes, se tornou Borracho y loco, por exemplo. "Acho que o rock de Porto Alegre é mais parecido com o de Buenos Aires do que com o Rio de Janeiro", resume o vocalista.
Da cena porto-alegrense, Beck afirma ter afinidade com a Identidade e a Cachorro Grande, duas bandas mais ou menos contemporâneas que estão em atividade desde a década passada. "Lembro que naquela época também rolava uma movimentação com outras bandas mais puxando para o underground", relembra. "Às vezes íamos fazer show em algum lugar e alguém dizia 'pensei que vocês fossem mais underground...' Nós não queríamos ser nada, só tocar nossa música."