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RESPONSABILIDADE SOCIAL

- Publicada em 18 de Janeiro de 2016 às 15:01

Equidade de gênero vai demorar 80 anos

Empresas começam, ainda de forma tímida, a buscar formas de encontrar equilíbrio no ambiente corporativo

Empresas começam, ainda de forma tímida, a buscar formas de encontrar equilíbrio no ambiente corporativo


VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar do aumento de mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, a equidade com os homens pode levar até 80 anos, segundo o Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial. Para tentar diminuir esse tempo, equivalente a uma geração, uma pesquisa feita com líderes de 400 empresas ao redor do mundo indicou que três medidas prioritárias podem ser tomadas. Todas relacionadas ao engajamento da corporação na estratégia.
Apesar do aumento de mulheres no mercado de trabalho nas últimas décadas, a equidade com os homens pode levar até 80 anos, segundo o Relatório Global de Equidade de Gênero, do Fórum Econômico Mundial. Para tentar diminuir esse tempo, equivalente a uma geração, uma pesquisa feita com líderes de 400 empresas ao redor do mundo indicou que três medidas prioritárias podem ser tomadas. Todas relacionadas ao engajamento da corporação na estratégia.
As medidas constam no estudo Women Fast Forward, feito pela consultoria Ernst & Young (EY). O trabalho indica como prioridade: "Iluminar o caminho para a liderança feminina, acelerar a mudança na cultura empresarial com políticas corporativas progressistas e construir um ambiente de apoio", alicerçado no combate ao preconceito "consciente e inconsciente", para aumentar o ritmo das empresas rumo à equidade.
De acordo com Tatiana da Ponte, sócia de Impostos da EY no Brasil, uma das principais vantagens da paridade é o ganho financeiro. Entre as empresas pesquisadas, 64% daquelas com melhores resultados econômicos encorajam suas funcionárias. Isso se deve, segundo ela, ao aumento da participação na tomada de decisões, e favorece a visão global. "Não é porque isso é mais da mulher ou do homem. É porque o aumento da participação gera diversidade. São opiniões diferentes subsidiando as decisões", explicou.

Progresso na carreira tem que ocorrer na prática

Para desenvolver as estratégias, Tatiana da Ponte, sócia de Impostos da EY no Brasil, esclarece que é preciso definir oportunidades de progresso na carreira e dar exemplos. "Não adianta defender a diversidade e não ter mulheres nos conselhos, na direção", disse. "As funcionárias precisam se ver nesses cargos para acreditar que dá para chegar lá", completou. Outra medida, segundo ela, é a flexibilidade na carga horária, adotando prazos mais longos, por exemplo, para licença maternidade ou paternidade.
Outra pesquisa sobre a participação de mulheres no mercado de trabalho da EY descobriu que a vivência no esporte pode ajudar nos negócios. Com base em 400 entrevistas, a consultoria identificou que, na hora de tomar decisões importantes, aquelas mulheres que foram atletas são mais determinadas, guiadas por valores éticos e pelo espírito de equipe.
No Brasil, a ex-nadadora Fabíola Molina, com três medalhas olímpicas, que foi acompanhada por projeto de incentivo à presença de mulheres atletas no mundo dos negócios, confirma a tese. Desde 2013 ela dirige a própria empresa, de roupas de natação e moda praia, e afirma que o espírito de superação e a imposição de objetivos é fundamental para bater metas.

Garantia dos direitos trabalhistas ainda é pauta de reivindicação de muitas mulheres

Ao mesmo tempo em que a paridade de gênero dentro das empresas é pauta de muitas mulheres e instituições, outras ainda lutam para a conquista de direitos trabalhistas básicos. Para Fabiane Simioni, professora e presidente do Conselho Diretor da ONG Themis - Gênero e Justiça, as trabalhadoras domésticas ainda são as mais afetadas por essa realidade. "Existe uma questão política que mostra que essa categoria tem sido negligenciada desde sempre. E isso pode ser explicado pelo fato de que a maioria das empregadas domésticas são mulheres e são mulheres negras. É um nicho que tem tanto a desigualdade de gênero, quanto de classe e de raça."
Enquanto outras categorias obtiveram sua regulamentação desde 1988, a regulamentação do trabalho doméstico é uma conquista recente. Mesmo assim, as trabalhadoras ainda não têm tempo e recursos para colaborar com um sindicato, o que mantém esse setor ainda frágil e sem nenhum órgão que garanta seus direitos. Entre os anos de 2012 e 2015, a Themis desenvolveu um projeto de formação política junto a oito sindicatos de trabalhadores domésticas do Brasil, com o objetivo de fortalecer o setor. Atualmente, a organização trabalha para a articulação de uma rede de assessoria jurídica para os sindicatos já formados. "Entendemos que essa pauta precisa ser continuamente debatida e estamos buscando, principalmente, advogadas mulheres e feministas, porque não há como dissociar uma questão da outra", pondera.