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mercado de capitais

- Publicada em 12 de Janeiro de 2016 às 17:16

Comerciantes apostam na expansão do bitcoin no País

 SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18.11.2015:  Adolfo Delorenzo, dono da The Brownie Shop, que passou a aceitar pagamentos com a bitcoin em sua loja na Vila Olímpia, em São Paulo (SP).  (Foto:  Moacyr Lopes Junior/Folhapress)

SÃO PAULO, SP, BRASIL, 18.11.2015: Adolfo Delorenzo, dono da The Brownie Shop, que passou a aceitar pagamentos com a bitcoin em sua loja na Vila Olímpia, em São Paulo (SP). (Foto: Moacyr Lopes Junior/Folhapress)


MOACYR LOPES JÚNIOR/FOLHAPRESS/JC
O ano de 2015 foi movimentado para o bitcoin. Criada há seis anos, a moeda digital, que chegou a ultrapassar os US$ 1 mil por unidade em seu auge, no fim de 2013, começou o ano passado vendida a US$ 178,00 - uma perda de mais de 80% de seu valor. De lá para cá, voltou a se valorizar e atingiu US$ 452,00, atraindo a atenção de grandes empresas e instituições financeiras, levando algumas a decretarem que a moeda caiu nas graças do mercado.
O ano de 2015 foi movimentado para o bitcoin. Criada há seis anos, a moeda digital, que chegou a ultrapassar os US$ 1 mil por unidade em seu auge, no fim de 2013, começou o ano passado vendida a
US$ 178,00 - uma perda de mais de 80% de seu valor. De lá para cá, voltou a se valorizar e atingiu
US$ 452,00, atraindo a atenção de grandes empresas e instituições financeiras, levando algumas a decretarem que a moeda caiu nas graças do mercado.
No Brasil, onde o bitcoin é negociado atualmente por R$ 1.909,00, as transações bateram recorde em 2015, atingindo R$ 70 milhões, de acordo com estimativas da empresa de monitoramento Bitvalor. Participantes do mercado apostam na crise e na popularização de suas vantagens para elevar ainda mais a presença da moeda no País.
Um dos empenhados nesse objetivo é Michael Dunworth, presidente executivo da Snapcard, uma start-up com sede em São Francisco (EUA) cujo lema é "tornar o bitcoin fácil para todos". A empresa começou a operar em território brasileiro em setembro, em parceria com a Pagpop, especializada em pagamentos por meio de
smartphones e tablets.
Em razão dos contratos que a Pagpop já possuía, a entrada da Snapcard no País elevou, de um dia para o outro, o número de comerciantes que aceitam a moeda digital: de 150 para 15 mil. Agora, diz a start-up norte-americana, é possível comprar móveis, roupas e eletroeletrônicos, por exemplo, com o bitcoin.
Para este ano, a meta é que sejam 100 mil negócios. A empresa quer atrair 500 mil usuários brasileiros até o fim de 2016 para sua carteira móvel, um dispositivo para gerir seus bitcoins. "Queremos começar com os comerciantes, para implementar primeiro a infraestrutura. Assim, quando os usuários vierem, poderão usar (o bitcoin) o quanto quiserem", afirma. Para Dunworth, a maior vantagem para os negócios é a taxa menor cobrada sobre as transações com bitcoin, se comparadas às que devem ser pagas às empresas de cartões. "Se o meu cliente está usando bitcoin, eu vou receber na hora e pagar só 0,5% do valor como taxa. Comparando isso com os cartões de crédito, você economiza muito", diz. Essa economia permite, também, que o lojista possa dar descontos ao cliente que paga com a moeda digital, afirma o dirigente da Snapcard.
O interesse pessoal pelo bitcoin e seu potencial como "moeda sem fronteira", além dos benefícios financeiros, levaram Adolfo Delorenzo, proprietário da The Brownie Shop, em São Paulo, a adotar a novidade como meio de pagamento em sua loja. "O custo de utilizar o bitcoin é muito baixo. Enquanto eu pago de 3% a 7% de taxa em outros meios de pagamento, no bitcoin as transações custam centavos", diz. Hoje, ele faz vendas na moeda semanalmente.
Delorenzo, que criou um aplicativo próprio para utilizar o dinheiro digital, acredita que iniciativas como a sua, que promovem o bitcoin e suas vantagens, serão essenciais para fazer a moeda ganhar espaço no País.

Crise pode estimular negociações como oportunidade de fazer investimento rentável

A crise econômica também pode ajudar a expandir o uso do bitcoin no Brasil, dizem participantes do setor. A moeda digital pode ser um investimento rentável - e uma maneira de proteger rendimentos da inflação e da alta do dólar. "O real se desvalorizou cerca de 50% no último ano, e acreditamos que essa é uma ótima oportunidade para que as pessoas se envolvam com o bitcoin", diz Michael Dunworth, da start-up Snapcard.
O Mercado Bitcoin, site que comercializa moedas digitais, aposta na divisa como forma de investimento em meio à turbulência. Segundo a empresa, o bitcoin se valorizou em 92% entre 1 de janeiro e 11 de dezembro de 2015. "O Bitcoin foi o investimento com melhor rentabilidade no Brasil no ano de 2015", afirma texto divulgado pelo site.
Criado em 2009 por um programador anônimo, o bitcoin é uma moeda digital sem vínculo com autoridades monetárias. É comprado em casas de câmbio especializadas. Sua vantagem é a transferência fácil, imediata e sem taxas para qualquer parte do mundo.
A compra da moeda digital como forma de investimento, no entanto, deve ser vista com cautela. "As pessoas devem entender que o bitcoin é simplesmente uma forma de especulação, como um outro ativo", diz Michael Viriato, do Insper. "Ela está com uma volatilidade muito grande. Imagine se a moeda cai 50% em um mês e você comprou para ter dinheiro para fazer uma viagem para o exterior. Como moeda, o bitcoin não te trará tranquilidade."
Economistas argumentam, também, que não há parâmetro para o preço pago pela moeda digital. O real, por exemplo, está vinculado ao desempenho da economia brasileira. Quando algo vai mal, ele perde valor.
A cotação do bitcoin, no entanto, está ligada apenas à oferta e demanda pela divisa, algo que não pode ser previsto pelo desempenho de nenhum outro ativo ou economia.