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Responsabilidade Social

- Publicada em 04 de Janeiro de 2016 às 14:45

Sonho realizado

Entidade, que atende 280 crianças, foi criada a partir de um sonho que sua fundadora, a ex-gari Rozeli da Silva teve em 1996

Entidade, que atende 280 crianças, foi criada a partir de um sonho que sua fundadora, a ex-gari Rozeli da Silva teve em 1996


GILMAR LUÍS/JC
As mãos de Rozeli da Silva são provas de que ela já trabalhou pesado para sustentar os filhos. Mas foi com seu esforço e uma incrível força de vontade que ela mudou a realidade de centenas de jovens do bairro Restinga, em Porto Alegre. Funcionária do DMLU, Rozeli ainda era analfabeta quando teve a ideia que transformou sua vida, em 1996.
As mãos de Rozeli da Silva são provas de que ela já trabalhou pesado para sustentar os filhos. Mas foi com seu esforço e uma incrível força de vontade que ela mudou a realidade de centenas de jovens do bairro Restinga, em Porto Alegre. Funcionária do DMLU, Rozeli ainda era analfabeta quando teve a ideia que transformou sua vida, em 1996.
A ex-gari sonhou que ajudava as crianças da comunidade, junto com a assistente social do DMLU Learsi Kelbert. Quando encontrou a colega no trabalho, descobriu que ela também havia tido essa visão. Como Learsi tinha pouco tempo livre, Rozeli tocou sozinha o sonho no começo. "Mas ela foi meu lápis e meu caderno, escreveu todo o projeto para mim", relembra a presidente da entidade.
O trabalho começou as poucos, quando Rozeli conseguiu um terreno na comunidade, e os primeiros voluntários chegaram para ajudar. A história de vida de Rozeli - que já morou na rua e passou pela antiga Febem - a levou para programas em emissoras de televisão com repercussão nacional, o que acabou alavancando as atividades da ONG.
Hoje, a Renascer da Esperança tem uma sede de 700 m² e atende 280 jovens, que passam o tempo livre participando de atividades culturais na ONG. São oficinas de canto, dança, inclusão digital, teatro e outras modalidades, além de atividades de recreação e alimentação para os jovens. A Renascer ainda emprega 42 funcionários, entre pedagogos, assistentes sociais, cozinheiros e educadores, entre outros. A infraestrutura conta com salas de informática, de assistência jurídica à comunidade e de assistência psicológica, além de uma biblioteca e espaços para as oficinas.
Lurdiara Duarte é educadora na ONG há 1 ano e trabalha com alunos dos 12 aos 18 anos. "Cada turma tem um projeto pedagógico e, para mim, é muito gratificante trabalhar com eles, porque eles nunca faltam", ela conta, se referindo aos 79 alunos que compõem o seu grupo. Uma das participantes é Tainá Aquino, de 14 anos, que participa da ONG desde os 8 anos de idade. "Eu faço canto, esporte, artes, recreação, mas o que eu mais amo é a dança", diz a menina, que permanece no Renascer durante o período de trabalho dos pais.
O financiamento vem da Fasc, que ajuda com os custos de 120 das crianças da ONG, e do Orçamento Participativo, que contribuiu na construção da segunda sede, voltada apenas ao público infantil. "Ainda precisamos de recursos, nosso telefone está cortado e necessitamos alimentos", relata.

ONG busca mais recursos para os próximos desafios

Quando pensa em tudo que já conseguiu para o Renascer da Esperança, a fundadora Rozeli da Silva se alegra, lembrando os relatos de crianças que adoram a ONG. "O Renascer é meu pulmão, sem ele eu não vivo", diz a presidente. Rozeli e a ONG já ganharam juntos cerca de 15 prêmios, incluindo o Prêmio Líderes e Vecedores, da Federasul, em 2003.
Mas Rozeli nunca se acomodou na busca pelo conhecimento. Ela mesma aprendeu a ler e a escrever e estuda em uma escola da rede Marista. Seu próximo objetivo de vida é se formar em Direito. O mesmo espírito ela cultiva no Renascer: neste ano, vai implementar duas novas oficinas. "Uma é sobre o meio ambiente, porque é importante os adolescentes conservarem nossa área. A outra é a história afro-brasileira, a história dos nossos ancestrais, que é ensinada, mas sempre distorcida", diz.
Outro objetivo é a capacitação profissional dos mais velhos, já que a ONG aceita jovens de até 24 anos. Para que mais esse sonho se concretize, no entanto, a ONG busca financiamento para construir mais salas de aula na sede.
Rozeli afirma que já há uma área disponível, mas ainda falta captar R$ 1,3 milhão para que as obras comecem. "Não queremos que eles fiquem aqui e depois vão para as ruas, queremos que eles se qualifiquem. Nós temos que fazer essa corrente", acredita a diretora da ONG.