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geral | Saúde

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:04

Número de leitos do SUS deve sofrer redução de 6,5% em 2016

Estado pode perder 1,5 mil leitos dos cerca de 23 mil no próximo ano

Estado pode perder 1,5 mil leitos dos cerca de 23 mil no próximo ano


ANTONIO PAZ/JC
Depois de um ano conturbado, o prognóstico de recursos para a saúde estadual para 2016 é desolador. Pela segunda vez, o Estado não cobrirá o Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (Ihosp), cujo não pagamento já acumula uma dívida de R$ 300 milhões. A previsão dos hospitais filantrópicos é de que o Estado sofra uma redução de 6,5% no número de leitos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). As demissões, que atingiram quatro mil funcionários até agora, também deverão aumentar. O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes) do Ministério da Saúde registra 34.432 leitos disponíveis no Rio Grande do Sul 23.986 deles, para pacientes do SUS. Se a previsão dos filantrópicos se confirmar, em 2016 o Estado deverá perder em torno de 1,5 mil leitos.
Depois de um ano conturbado, o prognóstico de recursos para a saúde estadual para 2016 é desolador. Pela segunda vez, o Estado não cobrirá o Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar (Ihosp), cujo não pagamento já acumula uma dívida de R$ 300 milhões. A previsão dos hospitais filantrópicos é de que o Estado sofra uma redução de 6,5% no número de leitos destinados ao Sistema Único de Saúde (SUS). As demissões, que atingiram quatro mil funcionários até agora, também deverão aumentar. O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (Cnes) do Ministério da Saúde registra 34.432 leitos disponíveis no Rio Grande do Sul 23.986 deles, para pacientes do SUS. Se a previsão dos filantrópicos se confirmar, em 2016 o Estado deverá perder em torno de 1,5 mil leitos.
No começo de dezembro, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL-RS) aprovou o orçamento estadual para 2016. A primeira peça orçamentária do governo José Ivo Sartori prevê receitas de R$ 58,8 bilhões e despesas de R$ 63,4 bilhões. Do valor de receita, está prevista a aplicação de 12% na área da saúde - cerca de R$ 2 bilhões. Em nível federal, a nova Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) ainda não foi aprovada, mas a Comissão Mista do Orçamento (CMO) já aprovou a inclusão do tributo na previsão do orçamento do ano que vem. Isso garantiria um aumento de R$ 10 bilhões ao orçamento do Ministério da Saúde. Ainda assim, o aumento é menor do que o estimado, que previa uma arrecadação líquida de R$ 24 bilhões. Se quiser cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, a União ainda terá de cortar R$ 17 bilhões do orçamento federal realidade que preocupa o presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes, Religiosos e Filantrópicos do Rio Grande do Sul, Francisco Ferrer.
Para ele, se o corte federal for aprovado, os repasses para o Estado, posteriormente encaminhados aos hospitais filantrópicos, estarão garantidos até agosto. "Os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro não foram confirmados. E receberemos os valores sem qualquer correção de inflação por parte da União", pondera. Caso isso realmente ocorra, Ferrer aposta no fechamento de várias das 245 instituições gaúchas.
Tentando estancar a crise que assola o segmento da saúde no Estado, o governador Sartori estabeleceu uma linha de crédito para os hospitais com o Banrisul. Para Ferrer, a linha de crédito, que propõe o pagamento de cerca de R$ 300 milhões em repasses atrasados, ameniza o problema, mas não é uma solução. "O empréstimo garante pagamento de dívidas referentes a dois meses do ano passado e três deste ano, mas não discute o valor que ficou para trás do Ihosp", afirma Ferrer. Para ele, o repasse do incentivo hospitalar minimizava o déficit de gastos dos hospitais. Sem o valor, a situação se agravou.
Em todo o Estado, houve redução de aproximadamente 46 mil internações em 2015 e mais de 2 milhões de exames e diagnósticos deixaram de ser feitos. Além disso, a Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) calcula uma dívida de R$ 196 milhões com os municípios, referentes a vários meses de 2014, e outros R$ 27 milhões, de maio deste ano. As Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), o Programa Saúde em Família (PSF), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e a Primeira Infância Melhor (PIM) foram os principais programas atingidos. O setor de Farmácia Popular já acumula um déficit de R$ 25 milhões, com 11 meses de pagamentos atrasados.
A impossibilidade do pagamento do Ihosp foi confirmada pelo secretário estadual da Saúde, João Gabbardo dos Reis. Ainda assim, Gabbardo acredita que os hospitais conseguirão suportar a crise. "Não nos comprometeremos em nada para 2016, afinal, tudo vai depender da condição econômica do Estado. Continuaremos repassando 12% do orçamento, e se os hospitais se mantiveram até agora, deverão repetir o feito no próximo ano", comenta. Como os repasses não tem sido suficientes, os municípios arcam com mais de 20% das despesas na área.
A expectativa do presidente do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (Cosems), Marcelo Bósio, também é de que a situação possa melhorar. "A PEC do Orçamento Impositivo prevê que cerca de R$ 10 bilhões sejam aplicados em emendas. Metade do valor será repassado à saúde. Além disso, ainda está em tramitação a questão da CPMF, cuja arrecadação de recursos também poderia ser aplicada no setor. Caso isso tudo ocorra, o cenário alcançará outro patamar de discussão", comenta.

Abandono de planos privados incha o sistema

Estado pode perder 1,5 mil leitos dos cerca de 23 mil no próximo ano

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ANTONIO PAZ/JC
A falta de repasses sobrecarrega o SUS, prejudicando o atendimento à população. As entidades privadas de saúde calculam que, até o final deste ano, 900 mil segurados deixarão de ser vinculados a um plano de saúde privado em todo o Brasil. Somente no último trimestre, 236 mil conveniados cancelaram o plano de saúde. "No momento em que deixam a saúde privada, incham a fila do SUS, que está sem orçamento e sem financiamento", pondera Ferrer.
A defasagem da relação receita/custo da prestação de serviço ao SUS é um dos problemas e deverá persistir em 2016. "No hospital, disponibilizo 70% da capacidade total instalada e trabalho com um convênio que me dá 60% de prejuízo. Essa é a equação", lamenta. A necessidade de adquirir materiais importados e tecnologias atualizadas, somada ao déficit já existente, resulta no endividamento das instituições. "Temos problemas para pagar salários, fornecedores de medicamentos e materiais, e tudo isso leva à inviabilidade plena."
O presidente aguarda o pagamento, que deve ocorrer até o final do mês, do valor referente a programas, como incentivos de UTI, porta de entrada de emergência e atendimento a gestantes de alto risco. Caso o repasse não ocorra, os hospitais começarão o próximo ano com mais R$ 160 milhões de atrasos em repasse. A Comissão de Orçamento da Assembleia, por meio de emenda, determinou que
R$ 297 milhões sejam aplicados no custeio das instituições. No entanto, Ferrer explica que esse valor não é "dinheiro novo" - ele será remanejado dentro dos 12% já destinados à saúde. "Se tenho um programa para gestantes, vou ter de encerrá-lo e utilizar a verba para outro setor", exemplifica.
O Ministério da Saúde também anunciou a suspensão de repasses em 2015. Os cortes afetam os pagamentos de novembro e dezembro, e, entre os serviços afetados, estão as UPAs e o Samu, que ficarão sem auxílio federal até o final do ano. Também há corte de 50% nos recursos para a atenção básica. O pagamento desses valores deverá ocorrer em janeiro de 2016.