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cultura

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:01

Ospa, o atraso continua

Com obras paralisadas, terreno encontra-se abandonado

Com obras paralisadas, terreno encontra-se abandonado


JONATHAN HECKLER/JC
Cristiano Vieira e Ricardo Gruner
Cristiano Vieira e Ricardo Gruner
Nem mais os tapumes e a cerca que delimitavam o terreno estão no local escolhido para receber a futura Sala da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa). Quem passa pelo local, no Parque da Harmonia, ao lado da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, percebe o estado de total abandono da obra, que tem um orçamento de R$ 46 milhões e encontra-se parada desde agosto de 2014.
Com o portão derrubado, não há mais vigilância - água e luz foram cortados ainda em junho passado. Tomando conta do terreno vê-se apenas ferrugem e mato, que surgem em boa parte da área e comprometem parte do que já foi realizado com dinheiro público.
Reportagem do Jornal do Comércio publicada em 25 de junho deste ano já alertava para o problema. O contrato foi rescindido com a Cisal Construções, empresa contratada para realizar a terceira etapa das obras, a construção do edifício propriamente dito. As duas primeiras etapas (estaqueamento e colocação dos blocos de concreto) estavam concluídas.
Alegando problemas no serviço realizado anteriormente, a Cisal pediu aditivos ao orçamento, o que não foi aceito pelo governo do Estado e levou à rescisão do contrato. Desde então, o sonho de ter um edifício próprio e em condições adequadas para abrigar a Ospa (criada em 1950 pelo maestro húngaro Pablo Komlós) continua distante.
Conforme o secretário estadual de Cultura, Victor Hugo, o próximo ano é de expectativa para retomar a obra, mas este trabalho depende ainda da avaliação de um perito. Isto porque a Cisal alegava um valor diferente do previsto na licitação. "O processo foi remetido à Justiça, que nomeará um perito e que irá definir o valor. No momento em que o juiz arbitrar isso, posso chamar o segundo colocado na licitação para assumir o contrato", explica Victor Hugo.
Com 12 mil metros quadrados de área construída, o projeto prevê uma sala sinfônica com plateia para até 1,5 mil pessoas, além de salas de apoio e estacionamento. O orçamento é de R$ 46 milhões - mais da metade da verba está garantida via Ministério da Cultura e contrapartida do governo estadual. Enquanto não reiniciarem os trabalhos, nem se cogita uma nova data para conclusão. Pelos próximos anos, a competente Ospa e seu grupo de músicos seguirão se apresentando em outros espaços, como Theatro São Pedro, Auditório Dante Barone e Salão de Atos da Ufrgs.

Situação financeira delicada resulta em recursos enxutos para 2016

Victor Hugo destaca os editais previstos para o próximo ano

Victor Hugo destaca os editais previstos para o próximo ano


MARCO QUINTANA/JC
Se não aconteceram mudanças nos projetos e leis de incentivos, a comunidade cultural do Rio Grande do Sul poderá contar, em 2016, com um aporte de R$ 13 milhões através do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) e de R$ 35 milhões a partir da Lei de Incentivo à Cultura (LIC). É com estes valores que o secretário da pasta, Victor Hugo, pretende trabalhar. Contudo, a delicada situação financeira do Estado e do País exige um alerta: "Orçado é uma coisa, executado é outra - isso depende de fluxo de caixa e tempo do estado democrático de direito".
Victor Hugo pretende anunciar, ainda em janeiro, um cronograma com os editais relativos aos 25 anos da criação da Sedac, comemorados ainda na metade de 2015. Os concursos serão específicos por área, como dança, já anunciado, ou cinema, com previsão para agosto, concomitante ao Festival de Gramado. "Quero fixar um valor e a própria área vai dizer onde quer aplicar - esse é meu conceito", explica ele. "As categorias e premiações serão definidas de forma compartilhada entre Sedac e colegiados setoriais. É uma forma de aumentar a participação popular."
De acordo com o secretário, outros editais estão a caminho, focados em atividades dos 180 anos de proclamação da República Rio-grandense (ocorrida em 11 de setembro de 1836) e um específico para o Biênio Simoniano. "Esse ano (2015) criamos o biênio dedicado ao legado da obra do Simões Lopes Neto, mas não abrimos linha de crédito. Faremos isto", antecipa.
Em 2016, também devem começar as obras de revitalização de instituições como o Margs e Museu Júlio de Castilhos, com recursos do Programa de Aceleração Crescimento (PAC) Cidades Históricas do governo federal. O projeto é executado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e já estava em curso quando Victor Hugo assumiu a pasta, no início do ano.
Outra meta é implementar a primeira incubadora pública de Economia Criativa, denominada RS Criativo, para estimular o empreendedorismo cultural.
Entretanto, essas iniciativas não são suficientes para dar tranquilidade ao secretário. "Estou vivendo o momento de maior desafio da minha vida", cita. "Não estou fora da crise. Meu custeio é insuficiente", completa ele, referindo-se à manutenção das ações internas da secretaria.

Multipalco na luta por patrocinadores

Após um ano conturbado financeiramente, a previsão para conclusão e inauguração do Multipalco do Theatro São Pedro se estendeu ainda mais. Coordenador do projeto, José Roberto Diniz de Moraes espera que o centro cultural seja inteiramente entregue apenas no fim da gestão do governador José Ivo Sartori. "Este foi um ano quase sabático", lamenta ele, referindo-se à arrecadação de recursos.
Até o momento, o projeto já movimentou cerca de R$ 38 milhões e requer ainda mais R$ 20 milhões, conforme os cálculos de Moraes. Segundo ele, uma vez que o montante for alcançado, seriam necessários mais um ano e meio de trabalho. O problema é justamente viabilizar essa verba. "Pela primeira vez em quase 15 anos, paramos quase que totalmente a obra. Eu diria que 99,5% da obra construtiva está pronta. O que faltam hoje são algumas paredes e, fundamentalmente, temos de vesti-la."
Uma das razões do valor adicional no orçamento é o ar-condicionado. O sistema deve ser suficiente para climatizar o equivalente a um minisshopping. "A questão é que não estamos apenas construindo um Multipalco. Estamos integrando um espaço que contempla também o Theatro São Pedro", afirma o responsável.
Em termos práticos, Moraes pretende, nos primeiros meses de 2016, colocar as cadeiras doadas por Internacional e Grêmio na concha acústica. Outras prioridades são o piso geral do foyer e a finalização de sanitários nos andares abaixo da administração, para permitir uma utilização mais ampla das salas ali localizadas.
Já a busca por patrocínios prossegue. "Estamos esperando que o Banrisul se manifeste, porque em princípio seria dele o nome da sala principal do concerto", cita o coordenador do projeto.
Paralelamente a estes desafios, o Multipalco recebe atividades em áreas já disponíveis, como a sala de música e a própria concha acústica.