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economia

- Publicada em 17 de Dezembro de 2015 às 19:01

Carvão emerge como alternativa na geração

Quatro projetos do Rio Grande do Sul, somando 1.927 MW de capacidade, disputam leilão em fevereiro

Quatro projetos do Rio Grande do Sul, somando 1.927 MW de capacidade, disputam leilão em fevereiro


CRM/DIVULGAÇÃO/JC
Além da implantação de uma termelétrica a carvão em andamento (da empresa Tractebel, que está sendo construída em Candiota), o Rio Grande do Sul pode confirmar um novo empreendimento nessa área. O presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, adianta que a expectativa é emplacar, pelo menos, um projeto a carvão no leilão de energia que o governo federal promoverá no dia 5 de fevereiro de 2016.
Além da implantação de uma termelétrica a carvão em andamento (da empresa Tractebel, que está sendo construída em Candiota), o Rio Grande do Sul pode confirmar um novo empreendimento nessa área. O presidente da Associação Brasileira do Carvão Mineral (ABCM), Fernando Zancan, adianta que a expectativa é emplacar, pelo menos, um projeto a carvão no leilão de energia que o governo federal promoverá no dia 5 de fevereiro de 2016.
No total, foram cadastrados sete projetos que usarão como combustível esse mineral para disputar o certame. Os complexos somam 3.056 MW de potência instalada (cerca de 75% da demanda média de eletricidade do Estado). Foram inscritas quatro iniciativas que pretendem gerar energia no Rio Grande do Sul e mais três em outras regiões do País (Santa Catarina, Paraná e Amapá). Nos leilões, os projetos mais competitivos garantem a comercialização da geração e saem do papel.
Para esta próxima disputa, os quatro projetos gaúchos a carvão cadastrados somam 1.927 MW de capacidade. Um desses empreendimentos é o da empresa Ouro Negro Energia, em Pedras Altas; e os outros três, de responsabilidade da Eneva, em Candiota (a companhia anteriormente tinha dois projetos, mas resolveu dividir um deles em duas etapas). Outra esperança de Zancan para 2016 é que o governo federal comece a discutir com os agentes do setor uma política industrial para o segmento carbonífero.
Já o diretor-presidente da Ouro Negro Energia, Silvio Marques Dias Neto, espera que o governo federal confirme a realização do leilão com um preço de compra de energia para a geração a carvão que permita que o empreendedor seja superavitário. O empresário ressalta que há tempo hábil para que o projeto, que terá 600 MW de potência, consiga o licenciamento ambiental necessário para participar da concorrência. As audiências públicas desse processo deverão ocorrer no mês de janeiro.
Sobre o compromisso do Brasil de reduzir a emissão de gases de efeito estufa de 37% até 2025 e de 43% até 2030 (com base no ano de 2005), Dias Neto diz que a questão não preocupa o setor carbonífero. O executivo argumenta que as regiões mais poluidoras são Europa, Estados Unidos e China. No Brasil, o carvão não representa nem 10% das emissões atmosféricas. "Então, o País não pode ser responsabilizado por um problema que é muito mais do resto do mundo do que nosso", sustenta.
O secretário estadual de Minas e Energia, Lucas Redecker, se diz um entusiasta e um otimista em relação ao carvão. O dirigente destaca que atualmente existe tecnologia capaz de reduzir intensamente o impacto ambiental dessa geração e recorda, ainda, que o Rio Grande do Sul possui cerca de 90% das reservas brasileiras desse mineral. Redecker também aponta um enorme potencial a ser explorado com a gaseificação do carvão. Essa ação seria uma alternativa local ao gás natural que alimenta o Estado, que hoje é importado da Bolívia.

Estado quer recuperar a competitividade no segmento eólico

Se, em âmbito nacional, o setor eólico tem o que comemorar neste ano que está se encerrando, os empreendedores gaúchos do segmento querem recuperar o tempo perdido em 2016. "Infelizmente, o desempenho da energia eólica no Rio Grande do Sul em 2015 foi nulo", lamenta o presidente do Sindicato das Indústrias de Energia Eólica do Rio Grande do Sul (Sindieólica-RS), Ricardo Rosito.
O dirigente recorda que nenhum empreendimento previsto para o Estado venceu leilões realizados neste ano e, por isso, está acontecendo uma migração de investimentos na área de renováveis para o Nordeste, principalmente para a Bahia. Quanto às expectativas para 2016, Rosito argumenta que o cenário dependerá do efeito das ações tomadas pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) em 2015. O presidente do Sindieólica-RS salienta que houve a redução das taxas para licenciamentos dos parques eólicos, que antigamente chegavam a ser mais que o dobro das cobradas em outros estados. Ele acrescenta que acelerar as emissões das licenças também é fundamental.
Outro ponto crucial, segundo Rosito, é a discussão sobre o licenciamento simplificado (RAS) ou o licenciamento completo (EIA/Rima). O empresário diz que o EIA/Rima praticamente inviabiliza o mercado eólico no Rio Grande do Sul, pois no Nordeste praticamente todos os projetos são licenciados por RAS, ou seja, mais rapidamente e com menor custo. "Seria importante um pacote de medidas fiscais, incentivos e financiamento do sistema financeiro estadual, tal como ocorre no Nordeste", sugere. A última vez que um leilão viabilizou a instalação de novos aerogeradores no Estado foi em junho de 2014, quando foram comercializados apenas 54 MW a serem implementados na região, de um total de 968,6 MW no País. Depois desse certame, ocorreram mais três disputas, todas sem nenhum projeto gaúcho sendo bem-sucedido.
A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Elbia Gannoum, também aponta o processo de licenciamento ambiental no Rio Grande do Sul como muito custoso e emperrado. "Eu creio que esse seja um dos principais fatores que explicam a redução da competitividade na região", justifica. A dirigente acrescenta que esse problema já foi percebido pelo atual governo estadual e, para solucionar as dificuldades, foi criado um grupo de trabalho para debater o assunto.
Sobre o cenário nacional, Elbia informa que o segmento eólico encerrará 2015 com resultados virtuosos, superiores aos do ano anterior, que já foram considerados como muito bons.
Em 2014, o Brasil chegou a ser o quarto país que mais investiu no mundo nessa geração, alcançando um patamar de investimento de cerca de R$ 18 bilhões. Conforme Elbia, no ano passado foram instalados 2,5 mil MW eólicos e, em 2015, serão implementados mais 3,1 mil MW, superando R$ 24 bilhões em investimentos. Para 2016, a dirigente aposta no prosseguimento dessa trajetória de crescimento, de 2 mil MW a 3 mil MW, incremento médio que Elbia aposta que possa ser mantido pelos próximos 10 anos.