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Economia

- Publicada em 02 de Dezembro de 2015 às 22:34

CMPC projeta abrir 800 vagas no Sul do Estado

Nunes criticou o impasse sobre a compra de terras por estrangeiros

Nunes criticou o impasse sobre a compra de terras por estrangeiros


FREDY VIEIRA/JC
Patrícia Comunello
Definitivamente, o complexo da Celulose Riograndense é um ponto fora da curva no quadro recessivo da economia gaúcha e brasileira. Enquanto a indústria de transformação só demite, a empresa, que pertence à chilena CMPC desde 2009, deve abrir cerca de 800 postos de trabalho para preparar a operação logística e de aproveitamento da base florestal no Sul do Estado. A hidrovia pela Lagoa dos Patos será o hub para transportar madeira, saindo da via rodoviária. Mais um ponto que consagra a exceção à regra é que a empresa fará mais investimentos em 2016 (logística no Sul e no complexo) e só ampliará o faturamento, com um empurrão do dólar.
Definitivamente, o complexo da Celulose Riograndense é um ponto fora da curva no quadro recessivo da economia gaúcha e brasileira. Enquanto a indústria de transformação só demite, a empresa, que pertence à chilena CMPC desde 2009, deve abrir cerca de 800 postos de trabalho para preparar a operação logística e de aproveitamento da base florestal no Sul do Estado. A hidrovia pela Lagoa dos Patos será o hub para transportar madeira, saindo da via rodoviária. Mais um ponto que consagra a exceção à regra é que a empresa fará mais investimentos em 2016 (logística no Sul e no complexo) e só ampliará o faturamento, com um empurrão do dólar.
Segundo o diretor-presidente da operação, Walter Lídio Nunes, a receita deve variar entre US$ 600 milhões a US$ 700 milhões neste ano. Em 2016, o fluxo deve ultrapassar US$ 1,3 bilhão e continuar a ascensão. Neste mês, a unidade atingirá a nova capacidade, que em 12 meses produzirá 1,8 milhão de toneladas. Nunes disse ontem, ao fazer balanço do ano do novo parque industrial, que, nos próximos dois anos, será possível preparar a planta para atingir até 2 milhões de toneladas, com ganhos de eficiência.
"Temos um mercado globalizado à nossa disposição, o que nos livrou do impacto da situação interna", atribuiu o executivo, decretando que a ampliação foi consolidada neste ano. "Não temos dificuldade para colocar o produto no exterior. Empresas que operam com commodity têm essa proteção", agregou Nunes. A unidade de Guaíba, sempre gaba-se o diretor-presidente, seria a mais competitiva entre as concorrentes no Brasil, que é um celeiro de celulose hoje pelo rápido desenvolvimento das florestas. No Hemisfério Norte, estão plantas antigas e florestas que levam 40 anos para maturar, enquanto aqui são sete anos. Preços internacionais estáveis, acima de US$ 800,00 a tonelada, e demanda que aumenta 1% ao ano (com clientes crescendo entre China, Europa e Estados Unidos) completam o banquete de fim de ano do executivo.
Mas Nunes não deixou de alfinetar a cena política. O dirigente disse que não vê perspectiva de melhora da economia. "A situação é ruim, 2016 será um ano ruim, e 2017 deve continuar." O que justifica o diagnóstico é o ambiente adverso a reformas, e ele admitiu que "o pior que pode acontecer para o País agora é o impeachment (da presidente Dilma Rousseff)". "O País precisa é de reformas." Horas depois, à tarde, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, acabou aceitando o pedido para abrir o procedimento. "As coisas sempre podem piorar", havia manifestado o diretor-presidente. O executivo, que descartou instalação de nova unidade no Estado, citou o impasse sobre a compra de terras por estrangeiros, que hoje está suspensa a grandes áreas (o limite é de 1,5 mil hectares) por parecer da Advocacia-Geral da União (AGU), e que projeto de lei na Câmara tenta ampliar a 100 mil hectares. "A AGU colocou uma tranca na porta (impedindo que todos entrem), deveria ter instalado um olho mágico", ilustrou.
Na Zona Sul, Pelotas será uma das grandes beneficiadas pela abertura de vagas. A empresa começa a estudar os projetos para a adaptação da área do porto local que será usada para fazer o transporte de madeira com barcaças. O fluxo hidroviário terá celulose empacotada chegando ao porto do Rio Grande para exportação; e, no retorno, as embarcações subirão a Lagoa dos Patos abarrotadas de toras de eucalipto. O diretor-presidente da celulose espera que 20% da matéria-prima florestal transformada pelo parque industrial em Guaíba chegue, em 2016, pela hidrovia.
As florestas no Sul eram do antigo projeto Losango, comprado pela CMPC da Fibria por R$ 615 milhões em 2012, num contrato de joint venture. A chilena tem 49% do ativo, pois a legislação brasileira impede que tenha a maior parte, ou 100%. O Losango fazia parte do plano de uma fábrica que a Fibria (fusão de Votorantim Celulose e Papel e Aracruz, antiga dona da unidade de Guaíba) montaria no Estado, mas a crise financeira de 2008 sepultou o negócio.
A oferta de madeira oriunda de 100 mil hectares, sendo 38 mil produtivos é crucial para alimentar o gigante instalado em Guaíba. São necessários 167 mil hectares para sustentar ao longo do tempo a atual capacidade. A CMPC investiu R$ 5 bilhões no complexo turbinado, que manteve a unidade antiga.
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