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Conjuntura

- Publicada em 01 de Dezembro de 2015 às 19:57

PIB cai 1,7% no 3º trimestre e prolonga recessão

Consumo das famílias retraiu 1,5%, e indústria registra baixa de 1,3%

Consumo das famílias retraiu 1,5%, e indústria registra baixa de 1,3%


JOÃO MATTOS/JC
O PIB (Produto Interno Bruto), medida da produção e da renda do País, caiu 1,7% no terceiro trimestre deste ano, na comparação aos três meses imediatamente anteriores, para R$ 1,481 trilhão, informou ontem o IBGE. É o terceiro trimestre consecutivo de queda do PIB, a mais longa sequência desde o ano de 1990, quando o governo Collor confiscou o dinheiro depositado na caderneta de poupança para tentar conter a hiperinflação.
O PIB (Produto Interno Bruto), medida da produção e da renda do País, caiu 1,7% no terceiro trimestre deste ano, na comparação aos três meses imediatamente anteriores, para R$ 1,481 trilhão, informou ontem o IBGE. É o terceiro trimestre consecutivo de queda do PIB, a mais longa sequência desde o ano de 1990, quando o governo Collor confiscou o dinheiro depositado na caderneta de poupança para tentar conter a hiperinflação.
O PIB já havia caído 0,8% no primeiro trimestre e 2,1% no segundo trimestre, na comparação com os três meses anteriores, segundo dados revisados pelo IBGE. A economia entra tecnicamente em recessão depois de retrair por dois trimestres seguidos.
Segundo Claudia Dionísio, gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o resultado do PIB reflete a fraqueza da demanda interna brasileira, afetada pela piora do emprego e renda, crédito mais restrito, inflação mais alta. “Estamos vendo assim taxas mais negativas na economia”, disse Dionísio.
Isso faz da queda no Brasil a mais longa e a mais forte de 41 economias globais que já divulgaram dados do PIB referentes ao período de julho a setembro.
Pela avaliação da FGV (Fundação Getulio Vargas), entretanto, a recessão começou há ainda mais tempo, no segundo trimestre de 2014, quando houve uma piora geral dos indicadores econômicos. Segundo a estimativa de economistas consultados pelo Banco Central, o recuo em 2015 como um todo deve ser de 3,2% e, em 2016, de 2% - as previsões têm piorado semanalmente.
Quando comparado ao mesmo período de 2014, o PIB teve um recuo de 4,5% de julho a setembro. A economia assim recuou 3,2% no ano e 2,5% no acumulado de quatro trimestres (12 meses). Nesta base de comparação, foi a queda mais intensa da série histórica da pesquisa, iniciada em 1996, considerando todos os trimestres. E também a sexta queda consecutiva, a maior sequência da série histórica.
No acumulado do ano, o PIB encolhe 3,2%, a maior queda da série histórica, de 1996. No acumulado de quatro trimestres (12 meses), a economia teve uma queda de 2,5%.
A economia brasileira sofre com uma combinação de fatores, desde a perda de dinamismo do crescimento econômico global até a conta de anos de uma política econômica que fragilizou as finanças públicas. A crise política também não dá trégua.
Os principais componentes do PIB tiveram queda neste terceiro trimestre. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias recuou 1,5% e os investimentos tiveram queda de 4% frente aos três meses anteriores. Pela ótica da oferta, a indústria teve uma baixa de 1,3% no mesmo tipo de comparação.
Segundo o IBGE, o consumo do governo - o que inclui União, Estados e municípios - continuou crescendo no terceiro trimestre, em 0,3% frente aos três meses anteriores. Frente ao mesmo período de 2014, porém, houve queda de 0,4%.
O setor agropecuário contribuiu negativamente para o PIB, uma das surpresas da divulgação, com baixa de 2,4% na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Frente ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 2%. Os dados revisados também apontam para um recuo ainda maior da agropecuária no segundo trimestre. O valor anterior, de 2,7% de queda, foi ampliado para 3,5%.
Segundo a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, o terceiro trimestre concentrou a colheita de culturas que estão com safra menor neste ano, como café, cana-de-açúcar, laranja e algodão. Claudia disse que o setor responde por 5,2% do PIB brasileiro e não foi, portanto, o que mais pesou no resultado.

Crise atual do País já é mais grave e longa do que a de 2008, avalia CNI

O gerente executivo de Política Econômica da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, calculou ontem que a crise atual pela qual passa o País já é mais grave e dura um período mais longo de tempo do que a de 2008.
"A crise de 2008 foi externa, do setor financeiro, que repercutiu fortemente aqui, mas com ações da política econômica, conseguiu dar fôlego ao consumo", comparou.
Os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados ontem pelo IBGE revelam, de acordo com Castelo Branco, que o governo tem encontrado dificuldade em promover uma saída para a crise. "O PIB veio levemente pior do que o esperado pela maior parte do mercado, mas não surpreendeu", disse.
A chegada de 2016 é vista pela CNI, conforme o economista, com "muita apreensão". "Os problemas de 2014 não foram solucionados em 2015. Aliás, muitos deles se agravaram este ano, como a questão fiscal", enfatizou. "Vamos começar 2016 com todas as dificuldades presentes de 2015, o que significaria dizer uma economia em recessão", disse.

Economia de Caxias do Sul tem queda de 17% até outubro

Sem crescimento em outubro em relação a setembro, as perdas da economia de Caxias do Sul acumuladas em 2015 já são de 17%. Segundo os dados da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), a indústria teve alta de 1,5% em outubro sobre setembro; o comércio, queda de 0,9%; e serviços, queda de 2,5%. No acumulado de janeiro a outubro, o comércio recuou 26,2%, seguido da indústria, com -21,7%, e dos serviços, com -3,2%.