É possível inovar a valorização da gestão contábil em época de crise?

Marice Fronchetti, diretora Proceconta e conselheira do CRCRS, responde.

Nos deparamos, diariamente, com inseguranças nas tomadas de decisões, em virtude das constantes alterações da legislação, carga tributária crescente, cerco cada vez mais forte do fisco com implantações tecnológicas e aumento da exigência de declarações e obrigações acessórias. Somado ao cenário de oscilações mercadológicas e crises políticas que impactam na segurança jurídica e institucional do País.

Diante deste quadro, a aplicação de investimentos necessários para o crescimento econômico é um desafio para empreendedores inovadores.

E por vezes nos questionamos: o que fazer?

Uma das maiores dificuldades sentidas pelas empresas é estabelecer suas prioridades, muitas vezes devido à ausência ou falta de revisão do planejamento estratégico, o que por vezes pode levar as organizações a rumos incertos. Os empresários não estão preparados para tomar decisões, principalmente com relação às finanças, por medo de contrair dívidas sem possuir capacidade de liquidação. Uma outra questão inerente é que lidamos com um desinteresse por grande parte dos empresários em conhecer e analisar relatórios contábeis.

Hoje, numa economia cuja estabilidade monetária se faz presente, em que a margem de lucro foi sensivelmente reduzida, as empresas necessitam mais do que nunca de uma boa administração. Aos poucos, muito lentamente, os empresários estão percebendo que, sem controle, não há saúde financeira e que os relatórios necessários ao processo decisório são fornecidos pela Contabilidade. Sem ela, não há dados, sem dados não se pode elaborar relatórios, e sem estes relatórios a interpretação da situação da empresa não é possível, o que impede uma tomada de decisão coerente e sustentada.

Neste sentido, percebemos uma grande mudança no valor da Contabilidade estruturada, que passa a fornecer informações relevantes e estratégicas para a tomada de decisão em contraponto à visão histórica da Contabilidade com objetivo exclusivo de atendimento às demandas ao fisco.

Por meio de relatórios inovadores, linguagem simplificada e vinculada à gestão, a Contabilidade passa a ser um instrumento de avaliação e apuração de informações socioeconômicas, indispensáveis para administração e tomada de decisão.

Ter em mãos informações extraídas de processos internos que possibilitam aos gestores fazerem os movimentos necessários para planejar o futuro e passar por este cenário de incertezas é um diferencial.

Essa visão relativa ao equilíbrio contábil não deve limitar-se à análise mensal, mas, sim, contemplar um planejamento adequado para todo o ano, visando equacionar os investimentos necessários, contratação de profissionais, compra de equipamentos e plataformas tecnológicas, marketing e todos os itens necessários ao crescimento e aperfeiçoamento do negócio. A correta Contabilidade permite esse olhar mais amplo sobre o futuro de modo responsável e seguro.

Diante disso, é com estratégia que uma empresa almeja seus objetivos, antecipa seus problemas e alcança sua sustentabilidade. Nada disso acontece sem ousadia e criatividade. Mas é com gestão eficiente que a empresa atinge os objetivos almejados. Para isso, informações relevantes, atualizadas e precisas são fundamentais. O que devemos neste momento de crise de valores somado ao cenário econômico atual é rever nossos próprios conceitos, valorizar uma gestão estratégica e buscar na Contabilidade os alicerces de um planejamento inovador.

A dinâmica da informação e o seu valor para a administração estão no fato de conferir vantagens competitivas em relação ao mercado concorrencial. Ter diferencial em gestão é uma arma indispensável para ser usada no atual ambiente competitivo que circunda as organizações.