Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

- Publicada em 27 de Novembro de 2015 às 15:20

Brasil necessita de soluções e pensamento estratégico para alavancar transporte logístico

A realidade brasileira exige uma reflexão profunda no que diz respeito à cadeia de transportes do País. A área de logística, por exemplo, precisa de uma melhor adequação em torno dos déficits e das novas demandas, cujas reformas seriam possíveis se o pensamento fosse embasado em soluções estratégicas, a fim de ampliar a infraestrutura e garantir o avanço desse mercado.
A realidade brasileira exige uma reflexão profunda no que diz respeito à cadeia de transportes do País. A área de logística, por exemplo, precisa de uma melhor adequação em torno dos déficits e das novas demandas, cujas reformas seriam possíveis se o pensamento fosse embasado em soluções estratégicas, a fim de ampliar a infraestrutura e garantir o avanço desse mercado.
Pensando em uma proposta que englobasse o real cenário do País, a Confederação Nacional dos Transportes (CNT) apresentou recentemente o Plano CNT de Transporte e Logística. Esse documento prevê, além do investimento aproximado de R$ 1 trilhão para a modernização dos transportes no País, mais de dois mil projetos prioritários que visam amparar a infraestrutura, em nível nacional.
Vale mencionar que esse arquivo traz à tona uma significativa redução do investimento público em infraestrutura de transporte nas últimas décadas, de 1,7% do PIB (Produto Interno Bruto) em 1970 para 0,3% em 2013. No último ano, dos R$ 19,1 bilhões aprovados para serem investidos na infraestrutura de transporte, apenas R$ 13,5 bilhões foram efetivamente pagos.
Todavia, a questão não incide apenas sobre os recursos aplicados, mas também envolve a garantia da qualidade da infraestrutura implantada, tanto por investimento público quanto privado.
Sob uma perspectiva geral, um dos pontos críticos do setor é justamente a falta de planejamento para uma gestão eficiente dos recursos, serviços e execução de obras destinadas à melhoria do sistema de transporte brasileiro. Além disso, é válido repensar sobre algumas medidas que poderiam reduzir a burocracia no segmento, o que aprimoraria os custos e aumentaria a produtividade.
O Fórum Econômico Mundial elaborou um ranking que avaliou a qualidade da infraestrutura do transporte em 144 países do mundo. Referente ao Brasil, os dados são alarmantes: as ferrovias ocupam a 95ª posição, enquanto o transporte aéreo está em 113º lugar. Sobre os portos e rodovias, há um empate e ambos estão no 122º lugar.
Considerando que o Brasil utiliza, fundamentalmente, as rodovias para o transporte de cargas, o que abrange cerca de 60% do total dos custos logísticos, torna-se primordial uma avaliação detalhada dos volumes a serem transportados. Para isso, a cadeia logística se coloca como base para a análise, uma vez que essa avaliação permite gerenciar os modais, o percurso do transporte e até mesmo as limitações dos fornecedores ou necessidades específicas de cada cliente.
A infraestrutura do transporte no Brasil é uma questão que ganhou ainda mais visibilidade e importância de reflexão na etapa final do processo eleitoral passado. Cabe, portanto, principalmente aos gestores do trade, governo e instituições, repensarem as falhas, definirem melhor as soluções e organizarem as estratégias e prioridades, com o objetivo único de aperfeiçoar toda a cadeia nacional de transporte e logística.
Diretor superintendente da 3T Systems, do Grupo José Alves. Graduado em Direito pela Faculdade Anhanguera de Ciências Humanas, MBA em Estratégias de Gestão em marketing pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com passagens pela Autotrac, Texaco do Brasil e Xerox do Brasil

Crise extingue com turno da noite nas montadoras

Na GM de Gravataí, os funcionários aceitaram a proposta de lay-off

Na GM de Gravataí, os funcionários aceitaram a proposta de lay-off


MARCELO MATUSIAK/DIVULGAÇÃO/JC
O terceiro turno de trabalho, as operações noturnas de produção nas fábricas, muito comum nos anos 1980 e 1990, está em extinção entre as montadoras brasileiras. Com o anúncio da Ford na semana passada, de encerrar o terceiro turno na unidade de Camaçari (BA), apenas uma empresa do setor automotivo, a Hyundai, manterá esse expediente no País, na fábrica de Piracicaba (SP). A Ford encerra as atividades da noite na Bahia a partir de março.
Ao todo, trabalham nesse esquema cerca de 2 mil funcionários, incluindo o pessoal das fornecedoras de autopeças que atuam dentro do complexo industrial. O trabalho noturno ocorre na unidade que produz os modelos Ka e EcoSport há dez anos. A empresa alega "significativa desaceleração do mercado automotivo e a decorrente queda no volume de produção".
A Ford também disse, em nota, que "utilizará todas as ferramentas possíveis" para tratar do excedente da força de trabalho na fábrica e que, neste momento, está em negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari. O presidente do sindicato, Júlio Bonfim, afirmou que, das mais de 2 mil pessoas do terceiro turno, 700 sãofuncionários diretos da Ford.
Ao todo, o complexo emprega aproximadamente 10 mil trabalhadores, sendo 4,6 mil da Ford e os demais das autopeças e das empresas prestadoras de serviços. "Vamos tentar convencer a empresa a não suspender o terceiro turno, mas, se isso ocorrer, vamos discutir medidas de garantia de emprego, como o lay-off (suspensão temporária dos contratos de trabalho) que já foi adotado em várias fábricas, mas na unidade de Camaçari não", disse Bonfim.
A Ford informou também que a produção de veículos está suspensa na Bahia desde o dia 26 de novembro e que somente será retomada em 4 de dezembro, para adequar os estoques. Bonfim acrescentou que todos os 10 mil funcionários do complexo terão férias coletivas em fevereiro. A empresa confirmou a parada de 8 a 26 de fevereiro. Para as festas de fim de ano os funcionários serão dispensados por dez dias.
Segundo Bonfim, recentemente a entidade conseguiu evitar a dispensa de 600 trabalhadores terceirizados que prestavam serviços de logística na fábrica para a DHL e foram absorvidos pela Ford. O sindicalista calcula que serão produzidos este ano cerca de 165 mil veículos na unidade baiana, 15% a menos em relação a 2014.
Neste ano, encerraram atividades noturnas nas áreas de produção a Volkswagen - em São Bernardo do Campo e Taubaté (SP) - e a General Motors em Gravataí (RS), conforme anúncio feito na semana passada após negociação com os funcionários da planta gaúcha. No ano passado, o expediente foi interrompido nas fábricas da GM em São Caetano do Sul (SP) e da Renault em São José dos Pinhais (PR). O turno já havia sido extinto pela Fiat em Betim (MG) e pela PSA Peugeot Citroën em Porto Real (RJ).
O setor automotivo demitiu neste ano, até outubro, 11,8 mil trabalhadores do total de 132,7 mil pessoas. Além disso, as montadoras têm 35,6 mil trabalhadores no Programa de Proteção ao Emprego (PPE), que reduz jornada e salários, 6,6 mil funcionários em lay-off e 2,8 mil em férias coletivas, diz a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Significa que 34% da mão de obra do setor está com restrição em suas atividades.
As vendas de veículos nacionais e importados caíram 24,3% até outubro em comparação com 2014, para 2,146 milhões de unidades. A produção recuou 21,1%, para 2,111 milhões de veículos. Neste ano, até agora, as montadoras paralisaram a produção pelo equivalente a mais dois anos, na soma de dias em que cada fábrica suspendeu as atividades por fraca demanda. A conta total passa de 840 dias de paradas por férias coletivas, folgas e banco de horas.

Hyundai opera 24 horas, mas sente a crise

A coreana Hyundai, que inaugurou a fábrica brasileira em Piracicaba, interior de São Paulo, no fim de 2012, passa a ser, a partir do início do próximo ano, a única montadora a operar 24 horas, em três turnos, no País. A montadora tem 2,7 mil funcionários, dos quais 700 são do terceiro turno e produz três versões do modelo HB20.
A empresa só interrompeu a produção neste ano por dez dias em julho, para manutenção de máquinas. Apesar disso, o grupo não está imune à crise. Até outubro, suas vendas caíram 6,4% em relação ao ano passado, para 133,4 mil unidades. A empresa dará férias coletivas aos funcionários de 15 de dezembro a 13 de janeiro, uma semana a mais do que em 2014. "A parada é para serviços de manutenção, mas também visa ajustar estoques frente ao atual ritmo reduzido do mercado nacional", disse o gerente de Relações Públicas e Imprensa, Maurício Jordão. Segundo ele, as operações retornam após este período, em três turnos de trabalho.
Além da BMW e da Jeep, que abriram fábricas recentemente, a Honda é a única fabricante local que registra alta das vendas neste ano, de 15,2%, com 125 mil veículos. Ainda assim, o grupo japonês decidiu adiar a inauguração de sua segunda fábrica no País, em Itirapina (SP). Antes previsto para o primeiro semestre de 2016, o início das operações só deve ocorrer quando o mercado apresentar melhoras.