Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Política

- Publicada em 15 de Outubro de 2015 às 17:28

Coronel Brilhante Ustra morre aos 83 anos

Ustra prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2013

Ustra prestou depoimento à Comissão Nacional da Verdade em 2013


WILSON DIAS/ABR/JC
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu às 4h45min desta quinta-feira, na UTI do Hospital Santa Helena, em Brasília, por falência múltipla dos órgãos, decorrente de uma pneumonia. Ele faleceu aos 83 anos de idade, depois de passar semanas internado para o tratamento de um câncer, conforme informou a família à época da internação.
O coronel reformado do Exército Carlos Alberto Brilhante Ustra morreu às 4h45min desta quinta-feira, na UTI do Hospital Santa Helena, em Brasília, por falência múltipla dos órgãos, decorrente de uma pneumonia. Ele faleceu aos 83 anos de idade, depois de passar semanas internado para o tratamento de um câncer, conforme informou a família à época da internação.
A Comissão Nacional da Verdade (CNV), o Tribunal de Justiça de São Paulo e ex-presos políticos apontaram Ustra como responsável por torturas, assassinatos e ocultações de cadáveres de opositores à ditadura militar entre 29 de setembro de 1970 e 23 de janeiro de 1974, período em que chefiou o Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) de São Paulo.
"O Brilhante Ustra foi o maior torturador do Exército. Mais que o tenente-coronel Paulo Malhães. O Ustra sempre teve uma coisa que o Malhães não tinha: a chefia", avaliou o presidente do Movimento de Justiça e direitos Humanos, Jair Krischke, ressaltando que foi Ustra quem comandou a Operação Bandeirantes (Oban) um centro de informações que articulava a ação de vários órgãos de repressão da ditadura.
Para Krischke, Ustra foi o torturador brasileiro que chegou mais próximo de ser punido. "Era o mais preparado, o mais treinado e o comandante da repressão. Inclusive, em uma das ações movidas contra ele, chegou a ser condenado a pagar indenização para a esposa de um ex-militante morto depois de ser torturado", observou.
Em 2008, os familiares do militante de esquerda e jornalista Luiz Eduardo da Rocha Merlino moveram uma ação para que a Justiça reconhecesse o papel de Ustra no assassinato de Merlino decorrente de tortura, em julho de 1971. A Justiça apontou haver provas suficientes "para reconhecer a culpa do requerido (Ustra) pelos sofrimentos infligidos a Luiz Eduardo e pela morte dele, que se seguiu, segundo consta, por opção do próprio demandado".
Em 2012, a 20ª Vara Cível de São Paulo condenou Ustra a pagar indenização por danos morais à esposa e à irmã do jornalista. Ustra estava recorrendo da decisão.
No mesmo ano, a Justiça paulistana considerou o coronel responsável por torturas, em uma ação declaratória movida pelos ex-presos políticos César Augusto Teles, Maria Amélia de Almeida Teles, Janaína de Almeida Teles, Edson Luis de Almeida Teles e Criméia Alice Schmidt de Almeida. Também neste caso, Ustra recorria da sentença.
O coronel figura na lista da CNV, que elenca o nome de 377 agentes que cometeram abusos a opositores do regime. Em depoimento à CNV, Criméia, que participou da Guerrilha do Araguaia, disse ter sido torturada com palmatória, entre outros métodos, apesar de grávida de sete meses.
"Pela manhã, o próprio comandante major Carlos Alberto Brilhante Ustra foi retirar-me da cela e ali mesmo começou a torturar-me (...). Espancamentos, principalmente no rosto e na cabeça, choques elétricos nos pés e nas mãos, murros na cabeça quando eu descia as escadas encapuzada, que provocavam dores horríveis na coluna e nos calcanhares, palmatória de madeira nos pés e nas mãos", disse Criméia, conforme consta no relatório da CNV.
O projeto "Brasil: Nunca Mais" movimento da Arquidiocese de São Paulo e do Conselho Mundial de Igrejas que, nos anos 1980, analisou mais de 900 mil páginas de processos de crimes políticos da ditadura aponta que 502 pessoas foram torturadas no DOI-Codi quando o órgão estava sob o comando do coronel.
No depoimento que prestou à CNV, em 2013, o coronel negou ter praticado tortura. Disse que obedecia ordens superiores e que não havia "nenhum anjinho" preso no DOI-Codi. "Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei", declarou na ocasião.
O velório aconteceu às 16h desta quinta-feira, e a cremação do corpo acontece na manhã desta sexta-feira, na cidade de Valparaíso, em Goiás.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO