Alegando falta de posicionamento do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (PSDB), que decretou instalação de uma comissão provisória no diretório estadual e em alguns municípios, está insurgindo um movimento contrário às medidas adotadas. O chamado PSDB Democrático será lançado juntamente com a abertura de uma sede da dissidência na Capital, na rua São Luiz, 1.210.
Em manifesto escrito pelo grupo, as manobras são chamadas de "espetáculo de autoritarismo" e o texto afirma que o movimento está "angustiado com a falta de perspectiva do exercício da democracia interna no âmbito do PSDB gaúcho". A coordenação do evento espera contar com cerca de 100 pessoas no lançamento. "Temos uma aceitação boa por toda a situação que passamos de falta de democracia", afirma Fábio Correa, um dos coordenadores.
Correa acredita que o PSDB jamais viveu uma situação semelhante. Houve um período em que o grupo aguardou posicionamento dos dirigentes nacionais, no sentido de restabelecer a democracia interna convocando eleições para os diretórios que estão ocupados por comissões provisórias indicadas pela nacional. "A comissão provisória já diz que ficará até 2017. Por isso reagimos e buscamos chamar a atenção dos líderes maiores", explica Correa.
No início do mês, o único vereador tucano, Mário Manfro, afirmou que pode deixar o partido, em entrevista ao Jornal do Comércio. Os motivos apontados pelo parlamentar são os mesmos que levaram a criação do PSDB Democrático. No entanto, Manfro ainda avalia se irá participar do grupo. "Expus que seria ficar dando soco em ponta de faca já que não conseguimos, até o momento, sensibilizar a direção nacional. Não acredito mais na praticidade desse movimento", conclui.
O ponto decisivo para a descrença do vereador, de acordo com o próprio, foi a constatação de que a comissão provisória ocupava as lideranças do partido para o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) mesmo com a judicialização da disputa interna. Manfro foi eleito presidente do diretório municipal em convenção desautorizada pela executiva nacional em agosto. De acordo com Correa, o motivo para a suspensão do pleito é pouco preciso, pois "sempre houve disputas nas convenções partidárias do Sul do País, mesmo sem chapa unitárias".
Quanto à convenção que elegeria o presidente do diretório estadual, Correa afirma que a provável perda no pleito levou o grupo que compõe a comissão provisória estadual, liderada pelo deputado federal Nelson Marchezan Júnior, a contestar a eleição. "Teria mais de uma chapa, teria disputa, sempre houve aqui no Sul. Temos certeza que eles não ganhariam a eleição, então eles procuraram fazer isso."
Correa afirma que o movimento conta com nomes como o da ex-governadora Yeda Crusius, que entrevista ao JC, em agosto, categorizou as comissões provisórias como "juntas interventoras".