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Conjuntura

- Publicada em 08 de Outubro de 2015 às 19:21

CNI revisa queda do PIB em 2015 para 2,9%

Castelo Branco defende a desvinculação das despesas obrigatórias

Castelo Branco defende a desvinculação das despesas obrigatórias


FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR/JC
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ficou mais pessimista com a economia brasileira. Segundo o Informe Conjuntural, um estudo que contém as projeções da entidade, a perspectiva do Produto Interno Bruto (PIB) para 2015 passou de uma recessão de 1,6% para uma queda de 2,9% entre julho e outubro. A pesquisa é divulgada trimestralmente. Esse resultado foi formado por uma série de indicadores ruins de composição do PIB.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) ficou mais pessimista com a economia brasileira. Segundo o Informe Conjuntural, um estudo que contém as projeções da entidade, a perspectiva do Produto Interno Bruto (PIB) para 2015 passou de uma recessão de 1,6% para uma queda de 2,9% entre julho e outubro. A pesquisa é divulgada trimestralmente. Esse resultado foi formado por uma série de indicadores ruins de composição do PIB.
Para o consumo das famílias, a previsão piorou, passando de queda de 1,2% para retração de 2,3%. O PIB Industrial também deve encolher mais que o esperado anteriormente: a projeção passou de -3,8% para -6,1%. A formação bruta de capital fixo (FBCF), que mostra os investimentos produtivos do País na composição do PIB, deve se retrair 13,4% em 2015. A expectativa anterior era melhor, mas, ainda assim, negativa, uma queda de 7,7%.
A CNI está ligeiramente mais pessimista que o mercado e que o Banco Central quanto à inflação. Enquanto a entidade espera um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 9,6% ao fim de 2015, a autoridade monetária estima uma taxa de 9,5%. O último boletim Focus, que reúne as projeções de mercado, estima 9,53%. O dado da CNI também apresentou uma piora comparado à última previsão da entidade, divulgada em julho: naquela data, a estimativa era de 8,9%.
Apesar de esperar uma piora do custo de vida, a entidade não acredita que o Banco Central vá alterar os juros básicos até o fim do ano. A expectativa da CNI para a Selic ficou estável em 14,25% ao ano entre julho e outubro. A perspectiva para a taxa média nominal também ficou estável em 13,47%. Para a taxa real, no entanto, a CNI espera um número menor do que na última divulgação, passando de 4,5% ao ano para 4,2%.
O gerente executivo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flávio Castelo Branco, defendeu, nesta quinta-feira, a desvinculação das despesas obrigatórias, ou seja, gastos de determinadas áreas e que não podem ser cortados, como os da saúde, por exemplo, poderiam sofrer alterações em seus orçamentos. Segundo ele, sem mexer nos gastos obrigatórios, será impossível fazer um ajuste fiscal que leve o País a crescer novamente.
"Ajuste fiscal focado em aumento de imposto gera mais recessão. Primeiro, é preciso revisão de reajustes automáticos, como a política do salário-mínimo. Com ela, há aumento espraiado por todas as contas da Previdência e de estados e municípios", disse o economista durante a divulgação do Informe Conjuntural, publicação que reúne as projeções da entidade.

'Brasil está indo ladeira abaixo', sentencia Edmar Bacha

Em uma aula de pós-graduação na Universidade Columbia, em Nova Iorque, nesta quarta-feira, o economista Edmar Bacha, um dos formuladores do Plano Real, teceu duras críticas ao governo Dilma Rousseff e apresentou um ponto de vista pessimista em relação à recuperação do Brasil.
A franqueza com que respondeu a uma pergunta sobre as perspectivas para a economia brasileira causou um riso constrangido na sala, ocupada por um grupo seleto de economistas como André Lara Resende, José Alexandre Scheinkman, Fernando Sotelino, Guillermo Calvo e Albert Fishlow.
"As perspectivas são terríveis", disse, em inglês. "Estamos indo ladeira abaixo e continuaremos ladeira abaixo até que se resolvam problemas centrais." Simpático ao PSDB, Bacha afirmou que o País está desgovernado e que a nova composição ministerial ainda é uma incógnita. "Não temos mais governo. Até agora, só se finge que se faz algo." O ministro Joaquim Levy (Fazenda) "faz o que pode", disse, "mas, como se diz no Brasil, uma andorinha só não faz verão".
Bacha argumentou que a raiz da crise é política. Questionado sobre quais medidas o governo deveria adotar, ele disse que não há uma em particular como havia quando da implementação do Plano Real, em 1994. "Não há um problema de fundamento na economia. É preciso uma visão de longo prazo."
Ele defendeu uma abertura maior da economia e criticou as escolhas dos governos do PT, que, segundo ele, não impediram o inchaço do Estado nem posicionaram o País de forma estratégica no comércio internacional. Sem citar especificamente a CPMF, cuja recriação é defendida pelo governo, Bacha disse que o Brasil "não precisa de mais impostos". "No Brasil, a gente taxa muito bem. A Receita Federal é uma das instituições mais eficientes do País", ironizou ao citar a carga tributária de 36%, a maior da América Latina.

Tombini diz estar comprometido em levar a inflação ao centro da meta

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou, nesta quinta-feira, o compromisso da autoridade monetária em fazer a inflação convergir para o centro da meta, de 4,5%, ao fim do ano que vem. "Estamos a 15 meses do fim de 2016 e estamos comprometidos com nossa meta", disse em sessão de perguntas e respostas de um painel sobre novos desafios para os bancos centrais da América Latina, durante o encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Lima, no Peru.
Repetindo literalmente a comunicação oficial do BC, Tombini também afirmou que, para que o objetivo de convergência inflacionária seja atingido, as atuais condições monetárias serão mantidas por "período prolongado".
No painel, que contou também com os chefe das autoridades monetárias de Chile, Peru, Colômbia e México, Alexandre Tombini reconheceu que o Brasil passou por uma depreciação cambial "importante" recentemente, que refletiu diretamente nas taxas de juros de mercado.
O presidente do BC explicou que essas taxas variaram devido a eventos recentes na economia, como a alta do dólar e mudanças no panorama fiscal, e por isso não servirão de guidance para a política monetária. Para ele, parte deste efeito já se dissipou.
Depois de citar estes riscos de alta para a inflação, Tombini pontuou que também existem fatores que podem arrefecer o ritmo da alta de preços. "Qualquer que fosse o hiato do produto no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) de junho, ele foi marcadamente revisado em setembro, o que também puxa a inflação para baixo."
Neste aspecto, o presidente da autoridade monetária citou ainda a distensão do mercado de trabalho. Segundo ele, havia um descolamento entre uma economia em desaceleração e um mercado de trabalho apertado, com taxa de desemprego ainda reduzida. "O que vimos recentemente foi o acompanhamento do mercado de trabalho com o ciclo de negócios, de certa forma", avaliou. Ele reconheceu, no entanto, que o efeito do câmbio na inflação é muito mais rápido do que aquele produzido pela desaceleração da economia.

Levy afirma que não lamenta ter aceitado convite de Dilma

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou, nesta quinta-feira, que não lamenta ter aceitado o convite da presidente Dilma Rousseff para ser ministro. "Não é ruim trabalhar para seu país quando você tem um objetivo claro, que é preparar uma economia para passar pelos ajustes e para o caminho do crescimento", disse, ao ser questionado por um jornalista se ele se arrepende de ter ido para Brasília. O ministro fez as declarações em evento durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em Lima.
Em outro momento, Levy foi questionado se o Brasil está preparado para enfrentar uma eventual fuga de capital por conta de mudanças que ocorrem na economia mundial. Ele disse que não espera ver fuga de recursos neste momento. "Não há razões para saídas (de capital) do Brasil", afirmou, destacando que o País passa por um reequilíbrio neste ano. "Se permitirem o ajuste, a economia vai se ajustar", disse.
Levy também afirmou que o Brasil e os emergentes estão melhor preparados para lidar com os desafios que as mudanças na China e a elevação dos juros nos Estados Unidos devem trazer para a economia mundial. "Estamos de muitas formas preparados para enfrentar estas mudanças."
"As mudanças na China são importantes, mas quando você olha em muitos mercados emergentes, em particular na América Latina, a força da economia está muito diferente agora do que era há 15 anos", disse ele. O ministro afirmou ainda que muitos países emergentes não têm bolhas de ativos, problemas financeiros ou alavancagem financeira excessiva. "Isso nos dá uma condição de lidar com o novo ambiente."