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Opinião

- Publicada em 27 de Outubro de 2015 às 10:53

Antecipação de recebíveis éalternativa à falta de crédito

 Bruno Maggi - arquivo pessoal

Bruno Maggi - arquivo pessoal


ARQUIVO PESSOAL/DIVULGAÇÃO/JC
Apesar de ser uma operação estratégica para empresas obterem capital de curto prazo, a antecipação de recebíveis ainda é vista com maus olhos por gestores financeiros. É um instrumento que possibilita a antecipação do recebimento de duplicatas e cheques pré-datados. Possui taxas muito inferiores às do cartão de crédito e do cheque especial, que têm juros de 41% a 216,7% ao ano, respectivamente, segundo dados do Banco Central. Também possibilita que os recursos estejam disponíveis em poucos dias. Ainda assim, é preterido por conta do estigma de que antecipar receitas e arcar com os custos de taxas de desconto é deixar de lucrar.
Apesar de ser uma operação estratégica para empresas obterem capital de curto prazo, a antecipação de recebíveis ainda é vista com maus olhos por gestores financeiros. É um instrumento que possibilita a antecipação do recebimento de duplicatas e cheques pré-datados. Possui taxas muito inferiores às do cartão de crédito e do cheque especial, que têm juros de 41% a 216,7% ao ano, respectivamente, segundo dados do Banco Central. Também possibilita que os recursos estejam disponíveis em poucos dias. Ainda assim, é preterido por conta do estigma de que antecipar receitas e arcar com os custos de taxas de desconto é deixar de lucrar.
Muitos gestores preferem entrar em empréstimos ou financiamentos e arcam com juros altos e risco de uma possível inadimplência. Já no factoring, são usados os recursos da empresa. Para isso, paga-se uma taxa para antecipar o recebimento do título, sem que se contraia dívida ou se exponha o relacionamento com instituições financeiras.
A rapidez da operação possibilita otimizar recursos, diminuir o percentual de endividamento e até obter vantagens significativas na negociação com fornecedores, por meio da antecipação de pagamentos que, de modo geral, resultam em descontos que chegam a 10%. Ao pagar taxas que variam de 1,7% a 5%, a empresa ganha na diferença, o que possibilita manter as contas em dias e o fluxo de caixa saudável.
A antecipação também reduz a exposição à inadimplência de clientes. Ao antecipar um recebível, as instituições financeiras contraem esse risco antes que as duplicatas ou cheques sejam descontados.
O uso factoring também requer cuidados. As taxas são mais atrativas do que as praticadas em instrumentos tradicionais de crédito, mas diferem significativamente no mercado. Um levantamento realizado pela Intoo com base em dados do Banco Central mostrou que as despesas variam até 3.600% de acordo com a instituição financeira.
É preciso também saber quanto e quando antecipar. Deve-se ter uma projeção clara dos fluxos de caixa. Muitas empresas ignoraram isso, seduzidas pelas taxas da antecipação de recebíveis. O fim que tiveram gerou parte o preconceito atual. Mas, quando usado de forma planejada, o factoring é uma alternativa vantajosa para se obter fundos sem comprometer o caixa no longo prazo e sem aumentar o endividamento.
Diretor financeiro da Intoo

O Cais Mauá como modelo de negócios

A inovação no Brasil não sai do discurso, seja no setor privado ou público. Talvez por isso nossos publicitários ganhem tantos prêmios internacionais. Têm que pôr roupa nova em produto velho.
Promover a economia criativa da capital é pauta comum da iniciativa privada e dos diferentes campos político-partidários. Falam muito, fazem pouco.
Contrariando os exemplos mundiais, o projeto para o Cais Mauá é monofuncional - comércio, prédios corporativos, e shopping. Mais do mesmo. Sem propor maior diversificação, opta por concorrer com o comércio de rua do centro, e com todos os demais shoppings. Aliás, o mix é irmão gêmeo do BarraShoppingSul.
O badalado Puerto Madero, por exemplo, reúne museu e universidade. Na Europa, são inúmeros os exemplos de projetos urbanos deste tipo que diversificam os usos, criando nova demanda ao comércio, turismo e negócios.
Aqui, parecem apostar tudo no potencial do Cais, Guaíba e pôr do sol de atrair demanda.
Façamos um rápido exercício criativo.
O turismo receptivo em Porto Alegre é liderado pelos setores de negócios e eventos, mas carece de um grande equipamento que amplie seu potencial. Imaginemos um Centro de Convenções Cais Mauá, de grande porte, diferenciado por sua centralidade, pela beleza do entorno, e por espaços diversos em forma e dimensões.
Porto Alegre tem importante produção cultural e artística, virtude que vem se perdendo por falta de incentivos, como a oferta de melhores e mais diversos espaços expositivos.
A capital da Bienal do Mercosul poderia ter ali, junto ao cais histórico, um Museu de Arte Contemporânea com arquitetura representativa, ampliando a demanda local e turística.
Porto Alegre é um centro de produção audiovisual no País, mas uma boa proposta do Estado para criar no Cais um polo do setor jaz morta nos troca-troca de governos.
São muitas as oportunidades desperdiçadas em um único projeto. Empreendedores e gestores da província parecem cegos ao potencial da cultura como vetor de desenvolvimento econômico. Seguem surdos ao capital cultural local, cujos talentos, sem oportunidades, perdemos para outros estados e países.
Arquiteto e urbanista, vice-presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS)

Venda seu produto ou venda sua empresa

Estamos sempre nos deparando com organizações que tem ideias perfeitas, planos inimagináveis, produção cada dia melhor e mais qualificada, grandes profissionais na equipe. Essa é a realidade de grande número de empresas, especialmente as micro ou de pequeno porte, e de seus fundadores que são técnicos no que fazem, conhecem do produto, da sua fabricação e da organização do negócio, onde buscar recursos, como contratar, sabem muito bem fazer bem feito o dia a dia da companhia, e inclusive delegar, o que é uma tarefa a ser vencida por um gestor.
Ao mesmo tempo, percebemos também que há uma grande lacuna entre a produção e a venda que muitos não conseguem superar. O mundo é tão dinâmico e a cada geração esse ciclo aumenta mais. E a empresa que não tiver em seu quadro a experiência associada a inovação e uma visão moderna da administração, acaba sendo suplantada por novos negócios. Antigamente, muitas empresas tinham seus produtos comprados e não vendidos, sim, mesmo sem muito esforço, recebiam pedidos por telefone, pessoalmente, por e-mail, ou até que fazendo um trabalho não tão forte em vendas.
Hoje, a venda está cada vez mais difícil, por vários fatores, e apesar de não gostar da palavra "crise", estamos percebendo que nesse momento em que estamos, muitos administradores atribuem suas dificuldades a ela.
Todos nós percebemos que o ser humano tem uma grande característica de achar culpados e justificativas e sempre está perguntando "quem fez isso?" ou "as vendas estão baixas por conta da crise". Sempre que o gestor atribui uma culpa a alguém ou justifica ausência de resultados, acaba perdendo precioso tempo em busca de vendas e resultados.
Todo negócio precisa de venda, de departamento comercial avançado, pró-ativo. Os que não tem essa ferramenta desenvolvida, tem necessidade de ativar a chave seletora de suas ações e seus planejamentos nesse sentido. A busca da evolução comercial do negócio passa também pela Internet, por um site interativo, pela utilização ética, adequada e ponderada das redes sociais e acima de tudo, de relacionamento com o público alvo.
Antes de qualquer ação, a identificação do perfil do cliente é essencial, sob pena de errar no produto e no marketing. Por outro lado, se o gestor não identificar isso com propriedade, e cuidadosamente com agilidade, coloca a empresa em situação difícil, aumentando o risco da empresa. Portanto, se não souber vender o produto, melhor vender a empresa. Mas acredite na melhor saída, aprender dia a dia novas modalidades de vender seu produto.
Advogado, fundador do escritório Giovani Duarte Oliveira Advogados Associados.

Compliance e proteção corporativa no setor de telesserviços

Pedro Bezerra Azevedo

O termo compliance para muitos soa desconhecido. Contudo, o seu sentido é bem simples e funcional. Uma cartilha de compliance nada mais é do que um manual, que uma determinada empresa pode adotar como base para a tomada de novas decisões de planejamento e de mercado, visando sempre às boas práticas de proteção corporativa e de gestão de riscos.
O objetivo fim é que a empresa adote regras negociais mais claras e transparentes, com o escopo de ser vista pela sociedade e pelos seus consumidores como uma companhia que visa à anticorrupção.
Com o advento da Lei Nº 12.846/2013, conhecida popularmente como Lei Anticorrupção, a legislação brasileira torna-se mais rigorosa na batalha contra ilicitudes. Tal lei fez com que o ordenamento jurídico brasileiro se encaixasse em padrões antes vistos apenas em países de Primeiro Mundo.
Atualmente, quando as empresas são responsabilizadas por condutas ilícitas contra a administração pública, elas podem ser multadas em até 20% de seu faturamento bruto.
Para tentar colocar em prática e exemplificar o uso correto de uma cartilha de compliance, é possível tomar como base o serviço prestado pelas empresas de telesserviços.
Hoje em dia, por mais que haja um Decreto Federal (nº 6.523/2008) fixando normas exclusivas aos serviços de atendimento ao consumidor, ele não é tão eficiente, tendo em vista o crescente número de reclamações contra esse tipo de atendimento, segundo informações do Ministério da Justiça.
Diante de tantas insatisfações nesse setor, o que fazer?
Grande parte dessas reclamações tem como principal origem o mau treinamento dos funcionários, além de imaturidade em boa parte deles. Vale lembrar que o emprego de atendente de call center costumeiramente é a porta de entrada para a vida profissional desses funcionários, ainda muito jovens.
Diante disso, muitas empresas do segmento são vistas como as que mais descumprem a legislação trabalhista brasileira. Tal classificação acontece em virtude do grande fluxo de mudanças no quadro de funcionários.
Ainda que a alta rotatividade dificulte o estabelecimento de padrões, é de inteira responsabilidade da empresa adotar normas e práticas capazes de mudar, de transformar esse rótulo.
A principal medida a ser tomada nesse caso seria formar e capacitar melhor seus funcionários, fazendo com que a empresa trabalhe em conformidade com as regulamentações. Um manual, uma cartilha de compliance é essencial, nesse sentido.
A tarefa não é das mais simples, mas é benéfica para todos os atores desse setor. Para os profissionais, que passam a ter melhor ambiente profissional, para as empresas que verão reduzidos os valores gastos com indenizações e multas pagas atualmente, e, claro, para os consumidores, que sentirão sensível evolução no serviço a eles prestado.
Especialista em Direito Empresarial, associado do escritório Terçariol , Yamazaki , Calazans e Vieira Dias Advogados