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Gestão

- Publicada em 21 de Outubro de 2015 às 17:57

Produção dentro de 'casa' ajuda a reduzir custos

Crescem as apostas na verticalização, e companhias assumem processos que eram terceirizados

Crescem as apostas na verticalização, e companhias assumem processos que eram terceirizados


MARCO QUINTANA/JC
As empresas brasileiras têm aumentado suas apostas na verticalização e estão levando para dentro de casa processos que antes estavam nas mãos de terceiros. Algumas passaram a correr atrás disso depois que a situação econômica começou a apertar. Outras já estavam com projetos engatilhados há mais tempo e agora se beneficiam com os ganhos de margem que, em momentos de retração, podem fazer a diferença.
As empresas brasileiras têm aumentado suas apostas na verticalização e estão levando para dentro de casa processos que antes estavam nas mãos de terceiros. Algumas passaram a correr atrás disso depois que a situação econômica começou a apertar. Outras já estavam com projetos engatilhados há mais tempo e agora se beneficiam com os ganhos de margem que, em momentos de retração, podem fazer a diferença.
É o caso, por exemplo, da divisão de agronegócios da Algar, que responde por 43% da receita do grupo mineiro. Em setembro, a empresa encerrou o contrato com a fornecedora de embalagem para o óleo de soja e passou a fabricar internamente, depois de investir R$ 40 milhões em uma fábrica, que tem capacidade de produzir 25 milhões de unidades por mês. "Quando esse projeto começou, o sentimento de crise ainda não era tão profundo como é hoje, mas digamos que foi tudo providencial", diz Murilo Braz Sant'Anna, CEO da Algar Agro. "Em momentos de baixo crescimento, o mercado não está disposto a te dar margem e remunerar com preço. É preciso fazer a tarefa dentro de casa." Embora não revele quanto conseguiu economizar com a mudança, Sant'Anna ressalta que a embalagem representa 25% do custo do produto.
Outra companhia que também está buscando fazer mais dentro de casa é a fabricante de biscoitos e massas M.Dias Branco. A empresa investiu R$ 250 milhões no primeiro semestre deste ano, valor que contemplou a construção de dois novos moinhos de trigo e aquisição de outra unidade. Na divulgação de resultados do segundo trimestre, a indústria informou que 78,1% da farinha consumida pela companhia é produzida em moinhos próprios, índice que era de 72,4% no mesmo período do ano passado.
Para gorduras, o percentual aumentou de 59,9% para 92,5% no mesmo período. A empresa informou, em relatório trimestral, que a maior verticalização da produção trouxe reduções de custo. "É uma vantagem competitiva para as fabricantes de biscoito ser donas de moinho. Elas têm controle do preço da matéria-prima e têm um custo mais competitivo", explicou o presidente da consultoria de gestão Naxentia, Vincent Baron.
Na pequena cidade de Pomerode, em Santa Catarina, a alemã Netzsch Moagem investiu
R$ 20 milhões para produzir internamente peças que eram obtidas com um grupo de cerca de 50 fornecedores. Agora, a fábrica onde são produzidos equipamentos para a indústria de alimentos, de tinta e para agronegócios tem 9,5 mil m² - área que é três vezes maior que a original. "O investimento foi feito para reduzir custos e aumentar o controle da empresa sobre a qualidade do produto", afirmou o diretor-geral da empresa, Giuliano Albiero. "Nosso custo de produção caiu 8%."
Antes da inauguração da fábrica, em julho, entre 70% e 80% das peças eram feitas em fábricas de parceiros. Hoje, esse número caiu para cerca de 30%. O prazo médio de produção caiu de quase quatro meses para dois meses com a verticalização. Albiero destaca, no entanto, que não vale a pena para a indústria produzir todas as suas peças. "Nosso negócio é suscetível à economia. Se aumentamos a capacidade, temos de sustentar essa estrutura mesmo se não houver demanda."
A 30 km de Pomerode, em Jaraguá do Sul, a fabricante de motores WEG já adota essa estratégia há muito tempo. No passado, a empresa já teve de produzir tudo que fosse possível dentro de casa, por falta de fornecedores na região. "Hoje, é uma estratégia. Tudo que tem tecnologia e podemos agregar valor fazemos na nossa fábrica", disse o diretor-superintendente da WEG Motores, Luis Alberto Tiefensee. Ele explica, no entanto, que a empresa precisa de escala para viabilizar a produção dos componentes internamente. Assim, algumas de suas subsidiárias nascem abastecidas por fornecedores locais e, só depois que o negócio ganha escala, a companhia investe na verticalização.

Indústria defende lei mais flexível para terceirização

As associações da indústria têm defendido mudanças nas regras para terceirização, que permitirão aos empresários contratar de terceiros até mesmo a atividade-fim da companhia, e não apenas serviços sem relação direta com o negócio, como limpeza ou segurança. "Em geral, é mais eficiente. Isso permite a formação de empresas ultraespecializadas", disse André Rebelo, assessor econômico da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo.
Segundo Rebelo, muitas empresas não terceirizam atividades, porque há insegurança jurídica sobre esse tema no Brasil. "Defendemos que seja liberado e cada empresa vai fazer suas contas, pesar prós e contras, e tomar sua decisão", disse Rebelo. O projeto de lei que libera a terceirização segue em análise no Senado.

Imobiliária própria é alvo de incorporadoras

A reviravolta que ocorreu no mercado imobiliário nos últimos cinco anos fortaleceu um departamento que não costumava ficar em segundo plano dentro das incorporadoras. Numa época em que vender imóveis está cada vez mais difícil e os estoques de apartamentos encalhados não param de crescer, o corretor passou a ser uma figura central.
A área de vendas começou a ganhar vida própria, dando origem às chamadas "houses", as imobiliárias das próprias incorporadoras. Foi o que Benx, empresa de incorporação residencial do grupo Bueno Netto, decidiu fazer no início deste ano, criando a Bem Imobiliária. A área de vendas, que, até o ano passado, tinha apenas três pessoas, agora conta com um grupo de 10 executivos, que comandam um time de 150 corretores autônomos exclusivos da casa. "Cerca de 70% de tudo o que o grupo vende hoje já vem da nossa imobiliária", diz Fernando Stucchi, diretor financeiro da Benx Incorporadora.
Segundo ele, o projeto da imobiliária começou a ser desenhado no segundo semestre do ano passado para entrar em operação neste ano. "Nossos corretores são treinados para vender nosso produto, e por isso o resultado da venda acaba sendo mais efetivo." A empresa continua recorrendo às grandes imobiliárias, mas em casos mais específicos. O que a Benx está fazendo agora, as gigantes do setor já fazem há mais tempo.