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inovação

- Publicada em 14 de Outubro de 2015 às 13:43

Fintches são aposta das finanças alternativas

Para o Banco Central, compartilhamento de dados bancários de clientes aumenta concorrência bancária

Para o Banco Central, compartilhamento de dados bancários de clientes aumenta concorrência bancária


VISUALHUNT/DIVULGAÇÃO/JC
Uma onda de startups está sacudindo os serviços financeiros oferecidos no mundo e no Brasil. Conhecidas como fintechs, essas novas empresas têm mudado a forma de as pessoas pagarem as compras, administrarem contas, investirem seu dinheiro e contratarem empréstimos. De anéis para realizar pagamentos a plataformas que concedem empréstimos em 30 segundos, elas chamam a atenção dos bancos, que se aproximam para não ficarem para trás.
Uma onda de startups está sacudindo os serviços financeiros oferecidos no mundo e no Brasil. Conhecidas como fintechs, essas novas empresas têm mudado a forma de as pessoas pagarem as compras, administrarem contas, investirem seu dinheiro e contratarem empréstimos. De anéis para realizar pagamentos a plataformas que concedem empréstimos em 30 segundos, elas chamam a atenção dos bancos, que se aproximam para não ficarem para trás.
Desde quando abriu sua primeira conta-corrente, o administrador de empresas Pedro Conrade, 23 anos, ficava inconformado com o serviço prestado. "Todo mundo tem de ir à agência para resolver qualquer problema. Nunca gostei disso", diz. No ano passado, ele fundou a Controly. Embora não seja um banco, a startup oferece uma opção à conta-corrente tradicional, baseada em um cartão pré-pago, cujos gastos são gerenciados via smartphone.
O app é, portanto, o grande diferencial. Em vez de ir ao banco abrir uma conta, a pessoa baixa o programa e recebe o cartão em casa. O extrato convencional dá lugar a gráficos com a evolução dos gastos. Para fazer transferências, basta selecionar um contato na agenda ou no Facebook. Além disso, o app gerencia as reservas de dinheiro. "Os jovens são movidos por sonhos. Eles definem os objetivos, e nós reservamos um pouco do saldo toda semana", explica Conrade. De acordo com a Controly, o dinheiro dos clientes é gerenciado pela Acesso Card, uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central. A startup começou a oferecer o serviço há três meses e hoje reúne 3 mil usuários. A meta é somar 100 mil até 2017. A Controly já passou por duas rodadas de investimento, nas quais levantou cerca de R$ 4 milhões. O dinheiro será investido em infraestrutura e preparativos para atender às normas do Banco Central para se tornar uma instituição financeira no futuro.
A Controly não é a única empresa a tentar surfar na onda das fintechs no Brasil. Startups que apostam em outros segmentos também vêm se destacando aos poucos. É o caso da Nubank, que oferece um cartão de crédito sem taxas vinculado a um app, pelo qual o usuário acompanha compras. Criada há um ano, a empresa afirma ter 600 mil interessados na fila de espera pelo cartão.
No ramo de seguros, a startup Bidu, criada em 2011, investiu na integração de sua plataforma com a de grandes seguradoras e entrega propostas de adesão em apenas 30 segundos. "Oferecemos mais ou menos o que o Buscapé oferece para os sites de comércio eletrônico", resume Maurício Antunes, diretor de Marketing da Bidu.
Enquanto as apostas brasileiras em fintech estão em fase inicial, startups internacionais mais consolidadas já olham para cá. É o caso da alemã Kreditech, citada por especialistas como uma das mais inovadoras do setor. A empresa deve oferecer empréstimos e cartões pré-pagos, gerenciados por meio de apps, no Brasil, até a metade de 2016. "Já temos parcerias com instituições financeiras locais para começar a operar e estamos em busca de um diretor no Brasil", afirmou um porta-voz da empresa ao Estado.
Fundada em 2012, a Kreditech usa a análise de grandes bancos de dados, o Big Data, para cruzar até 20 mil aspectos sobre cada cliente - o que inclui, além do histórico de crédito, informações das redes sociais e de sites de comércio eletrônico. "Os bancos tradicionais não conseguem oferecer serviços bancários para todos, só atendem a um grupo privilegiado, que tem histórico de crédito", diz o porta-voz do serviço.
O setor financeiro tradicional percebeu na interação com as empresas disruptivas uma oportunidade de se preparar para o futuro. Ao mesmo tempo, as startups veem nas parcerias uma maneira de validar o negócio, ganhar experiência e receber investimentos. No Brasil, as principais instituições financeiras têm se movimentado de diferentes formas para dialogar com as fintechs.
O programa InovaBra, do Bradesco, por exemplo, promove, desde 2014, a interação do banco com startups que tenham potencial de desenvolver modelos de negócios e produtos relacionados a serviços financeiros. Ao fim do programa, que dura 10 meses, o banco pode até mesmo adquirir parte da empresa. "Esse não é o foco, mas a interação é boa para os dois lados. O Bradesco pode ser o grande primeiro cliente dessas startups", observa o gerente de inovação do Bradesco, Fernando Freitas.
Em setembro, o Itaú lançou, em parceria com o Redpoint e.ventures, um espaço de coworking na zona Sul de São Paulo chamado Cubo. Ele comporta até 50 startups, não só fintechs. Caixa Econômica e Banco do Brasil ainda estão mais voltados para a inovação dentro de casa, mas sem ignorar o que acontece fora. "É uma onda, e nós queremos surfar nela. Estamos avaliando a melhor forma", explica o gestor de inovação da Caixa, Rogério Saab. No exterior, a empresa norte-americana Mastercard lançou o programa Start Path em 2013, mas só abriu inscrições para startups brasileiras neste ano. Trata-se de parcerias de seis meses entre a empresa e as fintechs selecionadas.
Para o professor de empreendedorismo da Fundação Getulio Vagas (FGV/SP), Newton Campos, as fintechs ganharão espaço nos próximos anos. "Elas trazem processos menos burocráticos e baratos, com melhor experiência para o usuário. Por isso, as grandes empresas estão abrindo as portas."