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Publicada em 23 de Setembro de 2015 às 13:58

Ação estimula atuação das advogadas

Yaskara salienta que fazer parte de um ciclo virtuoso é importante

Yaskara salienta que fazer parte de um ciclo virtuoso é importante

JONATHAN HECKLER/JC
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Évilin Matos, especial
Évilin Matos, especial
Igualdade não é o termo mais correto a ser usado para descrever a relação de gênero. O cenário educacional, entretanto, mostra evoluções, como apresenta um estudo recente da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Segundo o levantamento, na Região Metropolitana de Porto Alegre, as mulheres obtém um nível de escolaridade maior, com 45,5% tendo o Ensino Médio completo, e 20,7%, o Ensino Superior completo. Entre os homens, os índices correspondem, respectivamente, a 43,7% e 14,8%. Na área trabalhista, o preconceito ainda pode ser observado, pois elas tem uma média salarial de R$ 1.579,00 ante R$ 2.093,00 deles.
Para incentivar advogadas da área corporativa a buscarem cargos de liderança, contatos profissionais e vida laboral conciliada com a pessoal, a diretora executiva do Instituto para o Desenvolvimento Tecnológico e Social (Idear) Yaskara Goltz, em parceria com o escritório Andrade Maia, criou o evento Direito com Elas. "A intenção é trabalhar o empoderamento da mulher em relação à carreira e a caminhada que ela vai fazer na vida", explica Yaskara.
Para fortalecer a autoestima, no final de cada evento há um coquetel e sorteio de brindes. "É um encontro para elas poderem compartilhar, aprender, se inspirar e se divertir." O encontro vai para a 4ª edição, que ocorrerá no dia 28 de outubro. O primeiro evento contou com 25 convidadas. Conforme foram decorrendo as edições, mais advogadas e clientes da Idear e do Andrade Maia pediam para integrar o grupo, fechando a terceira com 60 mulheres. O evento trouxe palestrantes, como Anmol Arora, psiquiatra indiana que falou sobre meditação e equilíbrio; Carolina Fuhrmeister, que tratou de gestão e inovação de pessoas; e Dulce Ribeiro, que fala sobre a atitude contribuindo para o compartilhamento de experiência profissional.
O principal impacto observado pela organizadora está na expansão da rede de contatos. Segundo ela, as convidadas passaram a reservar um tempo para falar sobre a carreira com outras mulheres que seguem com mesmo objetivo: parar de colocar muita responsabilidade nas questões externas e ver o que ela pode fazer por si mesma. "Ir para o trabalho, cumprir as 8 horas, voltar para casa e depois voltar para o trabalho é um ciclo vicioso, mas, quando tu entras em um ciclo virtuoso como esse, isso impacta na autoestima, impacta na energia", completa Yaskara.

Mulheres ganham espaço quando seleção se dá por conhecimento

Um reflexo da desigualdade de gênero existente no Brasil é o fato de as mulheres serem mais de 52% do eleitorado, mas ocuparem apenas 51 das 513 cadeiras na Câmara dos Deputados. Com a conquista de direitos básicos, como o de votar (1933), a mulher foi saindo do espaço privado e conquistando o público. Para galgar cargos de chefia, por meio de votações, os homens ainda têm vantagem, um indicativo é que a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio Grande do Sul (OAB/RS) teve apenas uma presidente, Cléa Carpi da Rocha. Porém, em concursos, no qual a vaga é concedida por conhecimento, ou seja, a imagem não é critério para a contratação, a disputa é equilibrada, são 54,7% de homens e 45,3% de mulheres. "Assim, não há como o preconceito barrar. Se realmente for acima da média o preconceito não barra", ressalta a presidente da Comissão de Advocacia Pública da OAB/RS, Fabiana da Cunha Barth.
Nos cursos de Direito é possível perceber que a presença feminina está mais forte. Hoje, o Estado conta com 1.360 estagiárias, 227 a mais do que o gênero masculino. Em relação aos formados, são 30.472 mulheres e 34.741 homens. Assim, a profissão começa a mudar de cenário. Contudo, áreas como Criminal e Tributário tem menos mulheres atuando. Para Fabiana, há muitas advogadas nesses ramos, mas os homens se sobressaem. Para ela, a mulher tem que exercer suas funções muito bem para conquistar destaque, enquanto os homens podem ser apenas bons.
A secretária-geral adjunta da OAB/RS Maria Cristina Carrion Vidal de Oliveira, salienta que a forma de mudar esse pensamento é através do investimento na educação desde a escola. Todas as áreas existentes no Direito têm preconceito, mas há menos nas carreiras jurídicas por haver uma maior atuação feminina. "Conforme vão assumindo cargos de destaques e aparecendo mais nas mídias, essa realidade vai sendo mudada", aconselha. "A mulher sempre tem que se superar, tem que se empoderar para se sobressair ao homem", completa Maria. 

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