As 6.000 garrafas do icônico vinho Pêra-Manca tinto lançado em 2024 (safra 2018) que chegaram ao Brasil ajudaram a impulsionar o faturamento da Adega Cartuxa no País. A empresa é a responsável, desde a década de 1990, pela marca da bebida que teria chegado nessas terras, pela primeira vez, na expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500.
O Pêra-Manca tinto lançado no ano passado não tinha uma safra comercializada desde 2021 (safra 2015). O nome do vinho remete às pedras de granito com formato semelhante à fruta vistas na região de Évora, sede da empresa.
No ano passado, mais um fator contribuiu para o resultado positivo da companhia, a alta no preço do azeite. A adega vendeu quase toda a produção para outras empresas. O azeite com as marcas próprias foi destinado somente ao mercado brasileiro, em uma estratégia para manter sua participação neste mercado. A exceção foram as poucas unidades EA e Cartuxa vendidas no enoturismo em Évora, boa parte delas por brasileiros, que representam 60% das visitas no local.
No resultado global, no entanto, o vinho foi o destaque. "Sempre que há Pêra-Manca, é um ano de alguma maneira especial, porque ele tem sempre um peso significativo no faturamento", afirma João Teixeira, diretor comercial e de marketing da empresa, que esteve no Brasil na semana passada.
Em 2024, o rótulo mais prestigiado da adega respondeu por quase 10% do faturamento total, de 28,4 milhões de euros, crescimento de 12% em relação a 2023. O aumento seria de 4,8% se fosse retirada da conta a receita com as 20 mil garrafas do Pêra-Manca comercializadas mundialmente.
No Brasil, o faturamento cresceu 43%, sendo 38% de aumento com as vendas de vinhos (1,4 milhão de garrafas) e 60% no azeite. O país representa cerca de 30% do resultado da empresa.
O diretor comercial da Cartuxa afirma que um dos desafios para 2025 será manter o mesmo nível de faturamento no Brasil, considerando a queda no preço do azeite, que já está entre 20% e 30% mais barato, e a provável ausência de uma nova safra do Pêra-Manca, o que deve ser definido em poucos meses pelos enólogos da Fundação Eugénio de Almeida, proprietária da Cartuxa. No resultado geral, a expectativa é ultrapassar os 30 milhões de euros neste ano. "Temos este desafio no Brasil de compensar as vendas do azeite com os vinhos, mas estamos alinhados para isso", afirma Teixeira.