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2° Caderno

- Publicada em 15 de Maio de 2024 às 00:45

Inflação na Argentina cai para um dígito em abril, a 8,8%

Esta é uma semana de desafios, mas também de boas notícias para o presidente Javier Milei. Ele não só ganhou elogios (não nominais) do FMI (Fundo Monetário Internacional), como também viu a inflação, o drama argentino, desacelerar pelo quarto mês seguido.
Esta é uma semana de desafios, mas também de boas notícias para o presidente Javier Milei. Ele não só ganhou elogios (não nominais) do FMI (Fundo Monetário Internacional), como também viu a inflação, o drama argentino, desacelerar pelo quarto mês seguido.
Os aguardados dados divulgados na tarde desta terça-feira (14) pelo instituto de estatísticas argentino, o Indec, colocam a inflação mensal de abril em 8,8%. É a primeira vez desde outubro passado que o índice fica em um dígito. E essa era uma das promessas de Milei.
O ultraliberal, que tem promovido um ajuste fiscal apelidado de "choque", assumiu a Casa Rosada num mês de pico inflacionário: o dado mensal de dezembro passado ficou em 25,5%. A partir de então, a inflação foi a 20,6% (janeiro), a 13,2% (fevereiro) e a 11% (março). A tarefa de levá-la a um dígito era alardeada pelo governo.

A inflação de abril veio a público um dia após o FMI anunciar que a oitava rodada de negociação da dívida argentina vai muito bem. Com o argumento de que o governo apresentou resultados melhores do que os esperados, o organismo financeiro internacional deve em junho chancelar a liberação de US$ 800 milhões
(R$ 4,1 bilhões).

O fundo também teceu elogios à atual rigidez fiscal, num discurso que, comedido, até lembra os argumentos dos ministros de Milei: "Ainda que tenha herdado uma situação econômica e social difícil e extremamente complexa, a firme implementação do plano de estabilização pelas autoridades permitiu avançar rápido no restabelecimento da estabilidade macroeconômica".
Javier Milei goza de níveis de aprovação relativamente altos nestes primeiros cinco meses de seu governo. Sua imagem positiva vai de 39,5% nas províncias menos mileístas a 63% nas mais favoráveis, segundo um recente levantamento da consultoria CB com 18 mil pessoas (margem de erro de 3 a 4 pontos percentuais). Na capital, Buenos Aires, a imagem positiva do presidente é de 47,5%.
A despeito dos louros em dados macroeconômicos, a verdade é que seu governo assumiu (e até aqui tem legado) uma Argentina empobrecida e extenuada por décadas de fracassos econômicos em sequência --"uma sociedade cansada", nos termos de alguns economistas.
Os últimos dados oficiais apontam que 41,7% estavam abaixo da linha da pobreza no segundo semestre do ano passado. Uma projeção mais atual do Observatório da Dívida Social da Universidade Católica, um importante centro de pesquisa, aponta que seriam 57,4% de pobres em janeiro deste ano. E que agora essa cifra já estaria em mais de 60%.
Considera-se abaixo da linha de pobreza neste levantamento uma família que não possa pagar pela cesta básica total no país. Quando os ingressos são insuficientes até para garantir a alimentação, diz-se que essa parcela é "indigente". Os dados oficiais do segundo semestre do ano passado dizem que nesta categoria eram 11,9%. Já as projeções do Observatório da Dívida Social falam em ao menos 15%.
Entre um dado e outro, há quem diga que o superajuste fiscal deste governo pavimenta o caminho para uma mudança. E há quem pleiteie que é absolutamente insuficiente para mudar o quadro socioeconômico.
O economista Aldo Abram, diretor executivo do think tank Liberdade e Progresso, muito próximo ao governo, afirma que os argentinos não sofrem pelo ajuste fiscal, mas pela inflação que desidratava o poder de compra da moeda, o peso. "É preciso curar a febre primeiro para que depois sare a infecção", diz sobre uma futura retomada do poder de compra da população argentina.
"Leva tempo até que se esgote a perda do poder de compra acumulada do passado", segue, referindo-se aos governos peronistas.
"Agora, é preciso entender que ainda que tenham votado numa mudança de rumo total [referência às eleições de Milei], isso não tem sido cumprido no Congresso."