A Varig e o crime de lesa pátria

Quando a companhia já estava a caminho do precipício, participei da articulação de uma solução que, além do alongamento do passivo, envolvia a transformação de dívidas em capital, e aumento deste via aporte por novos investidores. Tudo respaldado por profundas medidas corretivas viabilizadas a partir da troca de controle acionário e alinhado com os preceitos internacionais já vigentes de recuperação empresarial.

Em vez desta solução privada, sem ônus para os pagadores de impostos e no melhor interesse da maioria dos interessados, uma desastrosa intervenção do governo federal e um incoerente posicionamento dos credores Infraero, Petrobras e Bndes levou a Varig à falência. A posterior venda parcial para a Gol foi nefasta para os credores e cidadãos.

A falência dilapidou ativos com valor apenas enquanto operativos e fez virarem pó vários créditos direta ou indiretamente do governo, ou seja, dinheiro nosso. Também fez com que alguns credores fossem buscar judicialmente seus direitos, como os funcionários com pensão e aposentadoria pelo fundo Aerus, que gerido com falha na fiscalização por parte dos responsáveis órgãos de governo, deixou milhares a ver navios.

A recente decisão da Justiça Federal decidiu que a União terá de indenizar 10 mil aposentados e pensionistas desse fundo. A incompetência e desleixo de órgãos do governo baterão no caixa da União. O governo brinca de administrar e nós pagamos a fatura. É isso que se chama cidadania?

Administrador, Master of Business Administration na Michigan State University/USA