Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

empreendedorismo

- Publicada em 03 de Novembro de 2014 às 00:00

Gatos impulsionam novos nichos de mercado no Brasil


Fredy Vieira/JC
Jornal do Comércio
Um mercado potencial de 58,4 milhões de indivíduos tem despertado cada vez mais o interesse de empresas de bens e serviços no País. O montante refere-se ao total de cães e gatos espalhados pelo território nacional, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o que coloca o Brasil em segundo lugar em faturamento e população de animais pet no mundo. Os números do setor também são expressivos: espera-se, para 2014, um faturamento de R$ 16,47 bilhões, o equivalente a 0,34% do PIB do País. 

Um mercado potencial de 58,4 milhões de indivíduos tem despertado cada vez mais o interesse de empresas de bens e serviços no País. O montante refere-se ao total de cães e gatos espalhados pelo território nacional, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o que coloca o Brasil em segundo lugar em faturamento e população de animais pet no mundo. Os números do setor também são expressivos: espera-se, para 2014, um faturamento de R$ 16,47 bilhões, o equivalente a 0,34% do PIB do País. 

Considerados membros da família em boa parte dos lares brasileiros, cães e gatos de estimação demandaram – entre outras novidades – a criação de novos tipos de serviços, setor que, junto com alimentação, medicamentos, acessórios e produtos para higiene, forma a expressiva cifra da atividade. Embora a população canina seja maior (37,1 milhões), os felinos (21,3 milhões) também têm conquistado um espaço importante na disputa pelo novo filão. Entre as novidades, está o ofício de babá de bicho no Estado. O serviço supre uma lacuna principalmente para tutores que precisam se ausentar da residência por mais de um dia, em viagens de trabalho ou lazer. E o número de profissionais capacitados para a tarefa se multiplicou nos últimos cinco anos, principalmente na Capital. 

Desde 2011, a pet sitter Geórgia Reck divulga a atividade na página Bicho em Casa, no Facebook, e já faz parte de sua rotina cuidar de gatos – e passear com cães – profissionalmente. Geórgia começou ajudando os amigos, até que um conhecido de um deles virou o primeiro cliente. “É muito importante consultar outras pessoas que contrataram o profissional anteriormente, para obter referências”, ressalta, lembrando que o serviço de babá de bicho exige que o cliente entregue as chaves de casa. 

Outra iniciativa recomendada é que ocorra uma conversa presencial antes da contratação, orienta a cat sitter Nicele Rodrigues Costa, que abandonou a profissão de publicitária para estudar fotografia e paralelamente investir no ofício de babá de gatos. Protetora voluntária de animais e experiente na hora de lidar com o temperamento felino, Nicele entrou para este mercado em agosto do ano passado e já conta com uma cartela considerável de clientes. “Estou começando e já não tenho mais horário para o próximo feriado de Ano-Novo”, afirma. Sempre que vai até uma residência para a primeira visita, a cat sitter leva um comprovante de residência e o documento de identidade (RG). “Também entrego um contrato de prestação de serviço, para que, antes de viajar, o cliente assine, autorizando e informando os dias da minha entrada na residência”, explica. 

Nicele divulga o serviço em sua página do Facebook (Ronroninha – Cat Sitter), mas boa parte dos clientes chega por recomendação de amigos. Na visita de apresentação, ela aproveita para conhecer os gatos e conversar com os tutores sobre seus hábitos e temperamentos. Ela ainda anota os dados do veterinário do bichinho, e solicita a carteira de vacinação do felino, além da caixa de transporte, caso ocorra uma urgência em relação à saúde do gato. São detalhes que garantirão que o animal de estimação fique bem amparado.

“Sempre peço autorização do uso de imagem dos bichinhos para fotografar e divulgar meu trabalho.” As fotos ainda servem para que os tutores possam verificar que os felinos estão bem cuidados. Geórgia, que também é voluntária no resgate, castração e doação de animais de rua, trabalha de forma semelhante. Ela faz a visita inicial para conhecer os clientes antes do serviço e posta diariamente fotografias dos bichos enquanto recebem atenção e carinho, para que os tutores acompanhem pela internet. 

Novidades caem no gosto do público

“Foi uma boa experiência.” Assim, a nutricionista Magali Franceschi, tutora do gato Danilo, avalia o resultado do serviço de cat sitter. Magali precisou viajar algumas semanas e, quando retornou, chegou a sentir ciúmes ao constatar que o animal estava bastante tranquilo mesmo com a ausência dela. “Mas foi ótimo. Eu achei a profissional muito séria e confiável”, elogia a tutora, que já contratou novamente os cuidados da cat sitter para quatro dias de novembro, e na semana entre Natal e Réveillon. 

Para cada uma hora de cuidados com o bichano (tempo mínimo do serviço), Magali irá desembolsar R$ 35,00. “O preço é bom”, avalia. “Essa coisa de dizer que gato é independente, não é bem assim, eles precisam de atenção”, esclarece a cat sitter Nicele Rodrigues da Costa. “Levo brinquedos para os gatos mais desinibidos, e utilizo jogos do iPad para os mais tímidos e tecnológicos”, comenta, citando formas de se aproximar e ganhar a confiança dos bichinhos. Segundo ela, os aplicativos especiais para gatos – produto que entra na lista das novidades do mercado pet – ajudam a despertar a curiosidade dos felinos. “Tudo depende de cada animalzinho, o importante é que, de alguma maneira, eles exercitem corpo e mente.”

O amor pela fotografia gerou a ideia de – após cuidar dos bichanos – Nicele oferecer um mimo de recordação para os proprietários. “Deixo de presente uma foto bem linda do gato, impressa em tamanho 20cm x 30cm.”  É também com a imagem de cães e gatos que a fotógrafa Manoela Leal Trava Dutra e a irmã Ana Carolina Trava convivem diariamente. Formadas em Design Gráfico, elas são sócias do estúdio Cão em Quadrinhos, que criaram em 2007 com foco na fotografia de recordação. Foi um sucesso. Inicialmente, a dupla trabalhou somente com pet book (que custava R$ 160,00 e hoje sai em torno de R$ 880,00). Atualmente, elas produzem fotos publicitárias, atendendo a empresas fabricantes de produtos e alimentos para o setor. No estúdio, além de cães e gatos, outros animais atuam em campanhas de ração, entre muitas voltadas ao mercado pet.  

Jogos e brinquedos eletrônicos ajudam no lazer dos bichanos

A paixão por gatos foi a mola propulsora da sociedade entre as empresárias Denise Terra e Taís Schein, que criaram, em 2011, a Gatolândia Catshop. No ano seguinte, Taís vendeu sua parte, e Denise assumiu o negócio, que migrou para e-commerce e tele-entrega. A loja oferece 1 mil tipos de produtos para felinos. Os top de linha são os brinquedos eletrônicos (com controle remoto), túneis e cat nip, uma erva parente do hortelã que desperta o interesse nos bichanos para interagir e brincar. 

O Portal dos Bichos também apostou no canal virtual e conta com diversidade de arranhadores para felinos. Fundada em 2004 para resolver o impasse dos famosos arranhões que os gatos costumam fazer, a empresa, localizada em Porto Alegre, também fabrica itens para o lazer dos bichanos.  Parte da venda é destinada a ajudar animais abandonados. 

Em meio a uma série de cuidados e mimos, a saúde dos gatos integra o foco de atenção do mercado pet. Se, antigamente, os felinos não tinham outra alternativa a não ser topar - e se estressar -

com outros gatos e cães em clínicas veterinárias, hoje contam com locais especializados. “Entendemos os gatos pelo miado”, afirma a médica veterinária Rochana Rodrigues Sett, especialista em felinos. Proprietária da Chaterrie Centro de Saúde do Gato, que oferece serviços médico-hospitalares, consultas, exames laboratoriais, cirurgias e diagnósticos de doenças. O local possui atendimento 24h e tem setores de internação, enfermaria geral e de doenças infectocontagiosas.  

O gato é um cliente diferente do cão, precisa de ambiente silencioso, sem latidos, sem outros animais esperando na recepção, e, principalmente, sem cheiro de cães ou aves – que são respectivamente possíveis predadores e presas dos felinos, explica a veterinária Renata Scaf Silveira, sócia-proprietária da Clínica Mais Gatos, na Capital. O local, que atende somente felinos, possui desde salas com janelas protegidas com rede até arranhadores e prateleiras espalhados pela clínica para que os pets circulem tranquilamente pelo ambiente.

Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO