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Publicada em 27 de Março de 2024 às 18:55

Ovos de chocolate artesanais garantem renda extra na Páscoa

Pequenos empreendedores apostam na produção de ovos de chocolate artesanais

Pequenos empreendedores apostam na produção de ovos de chocolate artesanais

Júlia Heissler/Divulgação/JC
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Mariana Reyes
A Páscoa, celebrada em diversas partes do mundo e conhecida como um momento de troca de chocolates, é um dos melhores períodos para o setor de chocolate no Brasil, gerando um aumento significativo na produção das indústrias e em empregos temporários, movimentando a economia e o varejo.
A Páscoa, celebrada em diversas partes do mundo e conhecida como um momento de troca de chocolates, é um dos melhores períodos para o setor de chocolate no Brasil, gerando um aumento significativo na produção das indústrias e em empregos temporários, movimentando a economia e o varejo.
Faltando poucos dias para a Páscoa, a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab), aponta um crescimento de 17% na produção de ovos de Páscoa em 2024 em relação ao ano passado.
• LEIA MAIS: Programação de Páscoa inicia dia 22 em Caxias do Sul


Além da fabricação industrial de ovos de chocolate por marcas como Nestlé, Cacau Show, Arcor e Garoto, a produção de ovos de Páscoa artesanais está ganhando cada vez mais espaço no cenário atual para quem deseja ganhar uma renda extra.

O coordenador da Escola de Negócios da Fadergs Diogo Simões Pires afirma que o primeiro passo para que um negócio seja bem sucedido é planejar. Para ele, o conhecimento sobre custo, público alvo, produto e a margem de lucro é imprescindível. “Se a pessoa não tem uma boa rede de contatos, dificilmente ela vai conseguir, em um curto espaço de tempo, conquistar uma clientela, especialmente nesse segmento de produtos artesanais feitos sob encomenda”, diz o professor.

O segundo passo, segundo Pires, é identificar que tipo de produto será oferecido: algo mais requintado, mais personalizado, ou um produto mais barato para competir com o que está disponível no supermercado. Essa decisão, segundo o coordenador da Escola de Negócios, deve levar em consideração o meio em que o futuro empreendedor está inserido. 


Meraki: fazer algo com a alma 

Reprodução/JC
Giulia e Júlia começaram projeto de doces de olho em complementar renda. ARQUIVO PESSOAL/JC
As estudantes universitárias Júlia Heissler de Souza e Giulia Constant Silva investiram na ideia de transformar uma paixão - fazer doces - em um negócio. Elas se conheceram no colégio e tinham o costume de se reunir para praticar receitas. Neste ano, perceberam que poderiam ganhar uma renda extra com a produção de ovos artesanais.
As amigas contam que preferiram entrar no mercado com muita cautela. Em um primeiro momento, decidiram divulgar o trabalho somente em suas contas pessoais das redes sociais, atendendo a demandas limitadas, de seus ciclos de amigos e familiares mais próximos.
Dependendo do sucesso das vendas e do feedback dos clientes, as meninas começariam a planejar a expansão do seu negócio

Em relação aos pedidos realizados para esta semana de Páscoa, Júlia e Giulia fizeram uma planilha para ter o controle dos ovos a serem preparados. A partir disso, elas se planejam para começar a produzir os chocolates perto da data de entrega, para que os ingredientes estejam frescos.

Júlia Heissler diz que, apesar de ser um projeto novo, ele já tem um nome definido e especial: Meraki. O nome escolhido remete a uma palavra grega que significa “dar parte de si em algo” e “fazer algo com a alma”.

“A gente tenta trazer isso em todos os processos, para que as pessoas olhem e percebam que a gente fez com amor e com carinho”, comenta Júlia.

No cardápio, constam ovos de colher nos sabores brigadeiro, branquinho, amendoim, morango, uva verde, Kit Kat e ninho com avelã - este último o preferido do público, de acordo com as empreendedoras.
 

Confreecake: diferencial para celíacos e intolerantes à lactose  

A Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (FENACELBRA), estima que haja no Brasil aproximadamente 2 milhões de celíacos, sendo que a grande maioria ainda não tem diagnóstico.
Além disso, segundo pesquisa do Instituto Datafolha, cerca de 53 milhões de brasileiros relatam sentir algum sintoma desconfortável associado ao consumo de produtos lácteos.

Para essas pessoas que apresentam algum tipo de intolerância ou alergia a produtos lácteos e com glúten, consumir ovos de Páscoa pode parecer uma alternativa distante.

Pensando nisso, a padeira e confeiteira Ana Paula Santos da Silva decidiu investir na produção de doces que, ainda que sem glúten e lactose, mantivessem o mesmo gosto atrativo de doces que costumam levar esses componentes nas receitas.
Já que a Páscoa estava se aproximando, ela elaborou um cardápio fitness, contendo brownie, barras de chocolate, sobremesa no pote e ovos de colher. Ana Paula aposta na produção de sobremesas variadas, pois acredita que o consumo de doces, inclusive nesta época, vá além dos ovos de chocolate.
A profissional de 44 anos conta que trabalha com doces e salgados há 10 anos. Em 2020, no início da pandemia, o estabelecimento em que ela trabalhava fechou, já que a maioria das encomendas eram para eventos como festas e formaturas. Na época, ela decidiu que precisava se reinventar. Ana Paula começou a investir no cuidado de sua saúde, passando a se alimentar de uma forma mais saudável, junto da prática regular de atividades físicas. Pesquisando receitas na internet, descobriu a confeitaria saudável, e acreditou que adentrar nesse mercado seria uma aposta para o futuro. 

"Fiz alguns cursos nessa área e comecei a produzir em casa para experimentar, já que esse tipo de confeitaria costuma trazer um sabor completamente diferente. Isso fazia com que eu tivesse muito preconceito em relação à confeitaria saudável. Estudando, as minhas receitas começaram a fazer bastante sucesso e decidi, portanto, iniciar com as vendas. Eu acredito muito que esse tipo de confeitaria será a nossa confeitaria do futuro", diz a empresária. 

Ana Paula comenta que antes de estudar sobre o assunto costumava produzir ovos de chocolate sem ler os rótulos dos produtos. Atualmente, ela se preocupa muito quando seleciona os ingredientes para a produção dos seus doces, a fim de oferecer o melhor a seus clientes. 
 
ARQUIVO PESSOAL/JC
Ana Paula usa produtos diferenciados para pessoas com restrições alimentares. ARQUIVO PESSOAL/JC
Para substituir a lactose de origem animal, ela costuma utilizar o leite de coco ou de aveia. Ela explica que a lactose é, na verdade, o açúcar do leite, e que o leite zero lactose é um leite comum, mas com a enzima lactase agindo para quebrar esse açúcar. 
Em relação à substituição do glúten, ela costuma preparar um mix de farinhas autoral. "Esse mix de farinhas que eu faço leva quatro tipo de farinhas diferentes, a farinha de arroz, farinha de coco, polvilho doce e a fécula de batata. Ele substitui todas as propriedades que a farinha de trigo tem para garantir a maciez e a umidade para para o bolo", conta a confeiteira. 
Ana Paula acredita que exista uma maior procura por alimentos saudáveis em comparação a gerações passadas. "Essa geração está preocupada com o que está ingerindo. Acredito que por conta disso, a procura por alimentos saudáveis deve aumentar", projeta a confeiteira. 
 
 

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