Governo Lula demite presidente do INSS após suspeita de 'farra de passagens'

Por Agência Estado

O presidente interino do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) Glauco Fonseca Wamburg foi exonerado do cargo ontem, pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Assume o comando da autarquia federal Alessandro Antonio Stefanutto, então diretor de Orçamento, Finanças e Logística do órgão. A troca foi publicada no Diário Oficial da União.
Wamburg ficou cinco meses à frente do INSS, após ser nomeado pelo ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, em fevereiro deste ano. Servidor de carreira, ele é suspeito de promover uma "farra de passagens" na chefia do INSS.
Na semana passada, o site Metrópoles mostrou que Wamburg viajava para compromissos particulares, principalmente para o Rio de Janeiro, onde tem residência fixa, com passagens e diárias custeadas com dinheiro público. Entre as atividades na capital fluminense, o então presidente interino do INSS atuava como professor em uma faculdade particular.
Também ontem, já com Stefanutto no cargo, Carlos Lupi apresentou, em coletiva de imprensa, o projeto do Portal da Transparência Previdenciária para "dar ampla transparência aos dados e números gerenciais do INSS e da perícia médica federal".
Durante a apresentação do projeto, Lupi chamou Stefanutto de "dileto e fraterno amigo" e afirmou que a publicação da mudança no Diário Oficial ontem foi uma "coincidência".
"Só para dar detalhes, o Glauco, que também é meu chapa, meu amigo, que eu sou muito grato pelos serviços prestados, funcionário de carreira há 16 anos, estava interino. Desde o começo, ele sabia que estava interino. O dr. Stefanutto, 23 anos de INSS, foi procurador, era diretor nosso, comprovou a sua competência. Tenho inteira e total confiança nele. Está assumindo por coincidência, não estava planejado de sair hoje. Mas saiu hoje a nomeação dele", disse o ministro.
Procurado pela reportagem, o INSS ainda não havia retornado o contato até o fechamento desta edição.
Em fevereiro deste ano, o Estadão revelou outro caso de uso de recurso público para agendas particulares no governo Lula. O Ministério da Defesa calculou em R$ 130.392,87 a despesa com o voo da FAB solicitado pelo ministro das Comunicações, Juscelino Filho, para ir e voltar de uma agenda em São Paulo em janeiro majoritariamente destinada a compromissos particulares.
O Estadão mostrou que, dos quatro dias em São Paulo, o ministro dedicou três a eventos privados. Ele foi a leilões de cavalo, inaugurou uma praça em homenagem a um cavalo e foi a uma festa também dedicada aos equinos - tudo pago com dinheiro público.