Governo demite comandante do Exército e general Ribeiro Paiva assume o cargo

Lula demitiu comandante Júlio César de Arruda; substituto é o general Ribeiro Paiva

Por Agência Estado

General Júlio Cesar de Arruda (e) foi destituído do cargo no sábado
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), decidiu demitir o comandante do Exército, general Júlio César de Arruda. O substituto será o atual comandante militar do Sudeste, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.
Na sexta-feira, Arruda participou de uma reunião com Lula e o ministro da Defesa, José Mucio Monteiro, e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica. O substituto no cargo, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, afirmou também na sexta-feira que o resultado das urnas deve ser respeitado. 
O pedido de Ribeiro Paiva foi feito durante uma cerimônia militar, após comentários sobre os atos golpistas do dia 8, quando radicais invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
"Vamos continuar garantindo a nossa democracia, porque a democracia pressupõe liberdade e garantias individuais e públicas. E é o regime do povo, de alternância de poder. É o voto. E, quando a gente vota, tem de respeitar o resultado da urna", disse Ribeiro Paiva.
Após golpistas conseguirem deixar um acampamento instalado no QG do Exército e invadirem os palácios dos Três Poderes, Lula expôs, na semana passada, a sua desconfiança em relação às Forças Armadas.
Contudo, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que a reunião de Lula com os comandantes das Forças Armadas resultou em uma melhora na relação entre as partes. De acordo com Múcio, Lula passou uma mensagem de entusiasmo e quis "renovar a fé" no trabalho dos militares.
Arruda, que havia garantido o posto por antiguidade e foi nomeado dias antes da posse de Lula, deixa o cargo apenas 23 dias após assumir, e em meio a um clima de tensão envolvendo o atual governo e os militares após os atos do dia 8 de janeiro em Brasília.
Em toda a redemocratização, apenas dois outros comandantes do Exército chegaram a ficar menos de um ano no cargo - ambos indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Foram eles Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, que chefiou a força por pouco mais de 11 meses, entre 20 de abril de 2021 e 31 de março de 2022, e Marco Antônio Freire Gomes, que o sucedeu por 9 meses, até 30 de dezembro, quando foi substituído por Arruda.
Há outra passagem relâmpago no comando durante a ditadura militar. O general Vicente de Paulo Dale Coutinho assumiu no início do governo de Ernesto Geisel, mas faleceu menos de dois meses após assumir a posição.