Debate entre candidatos ao Piratini tem clima tenso

Eduardo Leite sofreu ataques da maior parte dos concorrentes

Por Lívia Araújo

Debate da Rádio Guaíba reuniu oito candidatos ao governo do Estado
Finanças estaduais e o combate à estiagem foram alguns dos temas mais debatidos pelos candidatos ao governo do Estado durante o debate realizado ontem pela Rádio Guaíba, no teatro da Amrigs, em Porto Alegre.
Participaram do programa os concorrentes de partidos com uma representação parlamentar de mais de cinco nomes: Edegar Pretto (PT), Eduardo Leite (PSDB), Luis Carlos Heinze (PP), Onyx Lorenzoni (PL), Ricardo Jobim (Novo), Roberto Argenta (PSC), Vicente Bogo (PSB) e Vieira da Cunha (PDT).
No primeiro e terceiro blocos, os concorrentes tiveram um minuto para responder a perguntas formuladas pela produção do evento; já o segundo e quarto blocos tiveram questões mútuas com tema livre, e réplicas e tréplicas.
Foi principalmente nesses dois blocos que ocorreu uma grande quantidade de ataques ao ex-governador Eduardo Leite, que vem liderando as pesquisas de intenção de voto. O tucano foi alvo de diversas acusações: segundo Onyx, de ter utilizado recursos do Fundeb (fundo da educação) para o pagamento de aposentadorias e pensões, usando a expressão "pedaladas fiscais"; por Jobim, de ter derrubado o plebiscito para privatizações e não ter privatizado o Banrisul; por Vieira, de ter prometido, em 2018, que não privatizaria a Corsan e não cumprido a promessa, e críticas de outros candidatos relacionadas à gestão na educação e no agronegócio.
Leite chegou a pedir um direito de resposta à acusação de Onyx, mas teve a solitação negada pelo departamento jurídico da rádio. Porém, em diversas vezes, o tucano se defendeu, pontuando a realização de investimentos em áreas como segurança, com a entrega de viaturas semiblindadas, além de defender as privatizações. "A Corsan vai viabilizar um investimento de R$ 30 bilhões nos próximos anos, e nossa companhia de energia não conseguia sequer pagar impostos."
Já Bogo, do PSB, prometeu que não faria a privatização de nenhuma empresa estadual. "Não vou privatizar a Corsan se ela ainda estiver viva no final do ano. É possível fazer parcerias público-privadas nos municípios sem privatizar."
O combate aos efeitos da estiagem esteve presente nas falas de pelo menos três candidatos: Jobim, Heinze e Argenta. Heinze criticou o governo Leite por não utilizar cerca de R$ 62 milhões para concluir uma barragem em Dom Pedrito. No tema, de acordo com Jobim, "não basta armazenar" água, "tem de levar para a irrigação", e propôs que o apoio ao agricultor possa vir a partir de linhas de crédito de bancos cooperativos, para a que pequenas propriedades tenham acesso à irrigação por carretéis. E Argenta citou sua intenção de criar secretarias para a irrigação e agricultura familiar para gerar um "Estado pujante".
Perguntado por Jobim sobre a estrutura do secretariado, Edegar Pretto disse que não defende "estado mínimo nem máximo" e prometeu, caso eleito, a recriação da secretaria de Políticas para Mulheres, citando o aumento dos feminicídios no RS, tema também trabalhando por Vieira, que afirmou que "mesmo com medidas protetivas em curso, muitas mulheres são cruelmente assassinadas". O pedetista prometeu a implantação do uso de câmeras acopladas ao uniforme das forças de segurança, a exemplo do que ocorre em São Paulo.
Embora com uma plateia numerosa e bastante ruidosa, com pedidos de silêncio por parte do moderador, não houve troca de ofensas entre os apoiadores dos candidatos, em um clima menos tenso do que o debate anterior da emissora, com os candidatos ao Senado.