Executivo da Engevix fica em silêncio na CPI dos Fundos de Pensão

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O ex-vice-presidente comercial da empreiteira Engevix, Gerson de Mello Almada, informou aos deputados da CPI dos Fundos de Pensão que vai recorrer ao direito de permanecer em silêncio em sessão na tarde desta terça (22) na Câmara. A comissão foi criada para investigar irregularidades em fundos de pensão de servidores de empresas estatais. 

Preso em 14 de novembro de 2014 pela Operação Lava Jato sob suspeitas de corrupção e formação de cartel, Almada foi solto após obter um habeas corpus na segunda turma do STF (Supremo Tribunal Federal) em 22 de abril passado.

Hoje Almada está em prisão domiciliar, decretada pela Justiça Federal do Paraná, sob vigilância com a tornozeleira eletrônica. Ele é réu em duas ações penais relacionadas à Lava Jato. 

No começo da sessão da CPI, às 15h13, Almada disse que "compreende e respeita" as atribuições constitucionais da CPI, mas disse que "a repercussão de afirmações aqui formuladas em depoimento pode vir a prejudicar o exercício" da sua defesa no âmbito das ações penais. "Exercerei, por orientação dos meus advogados, o direito constitucional ao silêncio", disse Almada. 

O relator da comissão, Sérgio Souza (PMDB-PR), sugeriu que Almada poderia colaborar exclusivamente sobre assuntos relativos aos fundos de pensão, que não teriam ligação com a Lava Jato. O executivo, porém, argumentou: "Deputado, a extensão da Lava Jato é muito ampla, então realmente eu gostaria de permanecer em silêncio, porque todos os assuntos estão envolvidos dentro da operação Lava Jato". 

O presidente da CPI, Efraim Filho (DEM-PB), disse que a recusa de Almada em responder às perguntas dos parlamentares "frustra as expectativas da CPI". Após novas negativas de Almada, o presidente da CPI advertiu-o de que "a partir de agora" Almada passaria a ser tratado como investigado pela comissão e não mais como testemunha. 

O engenheiro disse que poderia voltar à comissão para dar um depoimento. "Pela extensão da Operação Lava Jato, pelos envolvidos, eu me comprometo a retornar aqui assim que tiver [condições], mas neste momento eu gostaria de exercer meu direito ao silêncio", disse Almada. 

Mesmo com a recusa do executivo, os deputados insistiram em lhe dirigir perguntas. 

Em algumas das poucas curtas respostas que ofereceu, o executivo confirmou que conhece Carlos Alberto Caser, o presidente da Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal, e também o ex-tesoureiro nacional do PT, João Vaccari, mas não apresentou maiores detalhes. 

Indagado sobre doações eleitorais realizadas na campanha eleitoral da 2014, que segundo Efraim Filho totalizaram R$ 5,1 milhões, incluindo recursos para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, Almada também disse que não responderia, murmurando apenas que "são doações oficiais".