Rede Lilás será prioridade, afirma Salma Valencio

Por

A peemedebista Salma Valencio foi anunciada, no início desta semana, como comandante da Diretoria de Políticas para as Mulheres, da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), do Executivo estadual. Militante da setorial de mulheres do PMDB, Salma tem como um dos primeiros desafios superar as desconfianças dos movimentos sociais feministas, que expressaram desagravo com a mudança de status de secretaria para diretoria do órgão.
Em entrevista ao Jornal do Comércio, Salma defende que mudança irá dinamizar as políticas para as mulheres, por meio da adoção de métodos de transversalidade. A nova diretora também afirma que a Rede Lilás – conjunto de ações criadas para proteger mulheres em situação de risco – será prioridade do governo de José Ivo Sartori (PMDB) e promete a ampliação de programas que tornem as mulheres protagonistas da própria história.
Jornal do Comércio – Quais os principais objetivos da diretoria?
Salma Valencio – Temos o compromisso de manter todos os serviços que eram oferecidos pela secretaria. Neste momento, estamos readequando os espaços e organizando o departamento e já temos algumas definições,  como a de que a Rede Lilás será prioridade do governo Sartori. Também ampliaremos a visão de atendimento, não só no tocante à violência, mas na autonomia. Trabalharemos no enfrentamento à violência da mulher em situação de risco, mas não faremos uma política de vitimização da mulher, e sim uma política que estimule a mulher a se tornar protagonista da própria história.
JC – Como a mudança do status de secretaria para diretoria vai alterar as políticas para o setor?
Salma – Não haverá prejuízos. Estamos fazendo um trabalho de transversalidade, com o departamento inserido dentro da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, que tem uma interlocução com as demais secretarias, e em especial o Gabinete de Políticas Sociais (comandando pela primeira dama, Maria Helena Sartori, do PMDB).
JC – Como está o diálogo com os movimentos sociais feministas, que rechaçaram a mudança?
Salma – Estive na primeira reunião do Fórum de Mulheres, com as entidades da sociedade civil, na semana passada, e me apresentei, demonstrando que estamos abertos ao diálogo e queremos a interlocução com o movimento social. Não temos a pretensão de formar um pensamento hegemônico ou pautar os movimentos sociais, mas mantermos o diálogo. Também estamos encaminhando e formalizando o Conselho de Mulheres, e acredito que teremos um trabalho bastante positivo.
JC – Como ficam os recursos financeiros do setor com a mudança no status do órgão e a redução de verbas em todo o governo?
Salma – O orçamento em si não teve muitas alterações, porque parte dos recursos anteriores não tinham sido utilizados. Vamos manter e renovar convênios federais e, com o trabalho de transversalidade, teremos também um ganho. Como a Rede Lilás é uma prioridade do governo, não haverá cortes. As reduções são mais no sentido de enxugamento da máquina, mas não serão sentidas, porque temos o apoio da SJDH. Temos um cuidado muito grande com esta questão e, apesar do susto que a extinção causou em algumas pessoas, todos os serviços serão mantidos.
JC – Outra crítica dos movimentos sociais é a ausência de políticas para questões específicas das mulheres, como a raça e a orientação sexual. Como isso será trabalhado?
Salma – Como a política para as mulheres está inserida dentro dos Direitos Humanos, temos um diálogo e uma interlocução. Claro que há questões específicas,  como a das mulheres negras, as meninas, porque somos mulheres desde que nascemos, mas tudo será tratado em nível de secretaria.
JC – Que resultados espera obter ao fim da gestão?
Salma – Quero ter contribuído para avançar na autonomia da mulher. Os serviços de enfrentamento à violência são importantes, e precisamos avançar para mudar esta cultura, mas também devemos ampliar a promoção da autonomia. Precisamos dar condições para que a mulher saia da situação de risco, tenha uma autoestima maior e se torne protagonista de sua vida, que avance aos espaços de tomada de poder e decisão.